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A Minha Casa

A Televisão
4 min leitura

Holofotes A Minha Casa

Na crónica passada, partilhei convosco um dos meus mais recentes delírios: a música jazz. É certo que, desde pequeno, sempre dizia que aquele estilo de música era o meu preferido mas não sabia explicar. Era e pronto. Actualmente, com 19 anos já a meio, vejo-me rodeado de séries que me transportam até à década de 60 e, não sabendo porquê, rapidamente todas as minhas células rejubilam mesmo que aquilo seja uma recrição.

Não vos consigo expressar o rejúbilo tanto mais esta minha paixão pelos anos 60. De facto, a época ficou marcada não só pela Guerra Fria e pela dificuldade dos EUA e da Rússia em mantê-la fria, como pela música que pairava no ar e toda uma sociedade diferente(-ish) da sociedade actual.

Sem dúvida que hoje em dia, os reality-shows  assumiram uma importância tal na vida de um espectador que, em qualquer canal, há sempre aquele programa que nos mostra um pouco da vida (ir-)real das personagens ditas pessoas normais num ambiente que ora é calmo ora é de guerra.

Tiro o exemplo da Casa dos Segredos que, a meu ver, poderia mudar o nome para a Casa dos Degredos. Vou ser sincero com o leitor quando digo que vejo o Big Brother americano. E embora isso revele algo voyeurismo da minha parte, tal não chega a ser magnificado quanto os programas que a TVI nos apresenta, como por exemplo, o dito cujo que referi acima. Ao menos e atenção que não estou a dizer que o de lá é melhor, há provas de esforço físico e mental, provas onde eles têm de lutar para sobreviver, coisa que aqui em Portugal não acontece. Quererá isto revelar alguma coisa da nossa sociedade?

Por falar em crítica social, quem não se lembra do CQC (Caia Quem Caia) que passou na TVI há uns anos? Pergunto-me se o facto de eles terem acabado com o programa se prendeu às questões financeiras que tanto foram apontadas como razão. Pergunto-me se num país como este, ainda do século passado, algo tão straightforward como este programa, era sinónimo de perigo para os senhores lá mais em cima.

Em Portugal, a crítica social ainda é uma semente. Os seus cotilédones pouco ou nada cresceram. A raiz pouco colonizou a Terra. No entanto, do lado de lá do Atlântico, a crítica social é uma floresta tropical onde não há lugar para meio-termo nem “paninhos quentes”. Que é feito de nós, portugueses, que abrirmos um novo Mundo ao Mundo? Que é feito de nós portugueses, que tanta história temos e tanto podemos dar lá fora e acomodamo-nos aos reality-shows que servem, unicamente, para mostrar o quão ignorantes ainda somos e o quão primitivos podemos ser? Disso temos nós consciência mas e do mundo em nosso redor? A esperança (pelo menos a minha) é a última a morrer e com tantos anos pela frente pergunto-me se, realmente, nós vamos aprender que podemos ir mais além, que podemos ambicionar tanto quanto os outros… Quando esse dia chegar, aí poderei dizer que valho alguma coisa. Quando esse dia chegar, e por sabermos que fomos capazes de ultrapassar esta barreira cultural, o país e os cidadãos e, em última instância, a televisão serão completamente diferentes do dia de hoje.

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