No “Fora de Série” desta semana, pode ficar a conhecer um pouco mais de “Private Practice” (Clínica Privada), o drama médico centrado numa Clínica particular pouco convencional.
Devido ao sucesso que a personagem Addison Montgomery, de Kate Walsh, (e das suas paixões fracassadas, decepções, traições e outras frustrações) teve junto do público, a produtora da série, Shonda Rhimes, sugeriu um derivado (spin off) da popular série médica “Grey’s Anatomy” (Anatomia de Grey), que seguisse a vida da brilhante ginecologista/ obstetra/ neo- natologista, ex-mulher de Dereck (“Mcdreamy”) Sheperd, o cirurgião/homem de sonho de Anatomia de Grey.
Com a dolorosa revelação da infertilidade, é longe de Seattle e do já conhecido “Seattle Grace Hospital”, nas terras solarengas de Los Angeles, que a médica vai procurar um novo rumo. Ao lado dos seus antigos colegas de faculdade, Addison vai fazer novas amizades cruciais para a sua reconstrução enquanto médica e ser humano.
Como pano de fundo, a clínica particular “Oceanside Wellness”, os seus pacientes e as histórias paralelas de uma magnífica equipa médica, cuja actividade profissional se mistura e intrica com as peculiaridades das suas vidas privadas.
Trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=JayRIg3_VB0
Personagens:
Adisson Forbes Montgomery (Kate Walsh) – É uma cirurgiã obstetra neo-natal conceituada, com várias sub-especializações que a tornam praticamente única no seu ramo.
Foi casada com o colega de profissão, o neurocirurgião Dereck Shepherd, durante 10 anos, mas acaba por traí-lo com o seu melhor amigo, Mark Sloan, também ele cirurgião plástico. Depois de tentar reconquista-lo, mudando-se para Seattle e para o Hospital onde este exerce, falha nessa sua intenção e troca Seattle pela Los Angeles.
Addison é constantemente assombrada pelas marcas da traição, que tendem a bloquear o desenrolar natural da sua vida amorosa, muito menos brilhante do que a sua vida profissional. Assistimos, ao longo destas 3 temporadas da série, às dicotomias existenciais desta personagem ambígua, perdida algures, entre a reconstrução interior de um ego macerado e as comuns tentações e quedas resultantes de um espírito de carácter muito mais inseguro do que o quer fazer parecer.
Naomi Bennett (Audra Mcdonald) – Médica Especialista em fertilidade, é a melhor amiga de Addison desde a faculdade. Tem uma filha em comum com Sam, Maya. Mestre na organização e na resolução de problemas, por vezes, parece ser a única capaz de usar o senso comum e a lógica. Forte, sem rodeios, troca a Clínica que fundou com o marido pela Pacific Wellness, da qual se torna directora, ocupando o lugar de Charlotte, com quem desenvolve um certo antagonismo.
Sam Bennett (Taye Diggs) – É-nos apresentado inicialmente como dono e chefe da Clínica “Oceanside Welness”, juntamente com a sua ex-mulher, Naomi. É autor de best-sellers e uma celebridade nacional em ascensão. Prático, responsável, é a pessoa de confiança da empresa, a pe dra de toque em quem todos confiam, apesar de ainda não estar assente em solo firme. É quem mantém a ordem no caos em que se torna a Clínica. Leva a profissão e os relacionamentos muito a sério. Mantém a calma nos momentos de maior pressão.
Pete Wilder (Tim Daly) – Médico que se dedica às medicinas alternativas combinando as técnicas da medicina tradicional com a acupuntura, a botânica e a medicina oriental. É excepcional naquilo que faz, embora muito pouco convencional e convincente nos métodos que utiliza. Desde o primeiro episódio que criou um elo especial com Addison. Simpático e divertido, ainda sofre com lembranças do passado. Fechado em si, é muito relutante em falar dos seus sentimentos, enquanto não confia no seu interlocutor.
Cooper Freedman (Paul Adelstein) – É o médico Pediatra da Cínica e parece perceber mais de crianças do que de mulheres. Tem uma inclinação para encontros on-line. Mesmo assim é bastante equilibrado, separa muito bem o trabalho da vida pessoal. Espontâneo e flexível é a pessoa com quem todos podem contar.
Violet Turner (Amy Brenneman) – É a Médica Psiquiatra do grupo, mesmo que ela própria sofra de stress pós traumático e ainda lute contra os fantasmas dos traumas que vivenciou. É a melhor amiga de Cooper. Acolhedora e empática, é o elo de ligação entre toda a equipa, restauradora da harmonia e paz da Clínica. O que não significa que o mesmo se passa consigo. Insegura e indecisa, torna-se incapaz de ver muitas vezes o que é melhor para si.
Charlotte King (Kadee Strickland) – Directora Clínica do Hospital St. Ambrose, recebe uma proposta de trabalho da Clínica concorrente da Oceanside, a Pacific Wellness. Despedida, actualmente trabalha com o grupo agora gerido por Addison. Líder nata, destemida, embora muito vulnerável a nível sentimental, luta pelos seus intentos, nem que isso signifique chegar a pisar os demais, sem se importar com quem fica por baixo. Organizada e eficiente, peca por falta de simpatia, sendo muitas vezes mal interpretada pelos seus pares.
William “Dell” Parker (Chris Lowell) – Inicialmente trabalhava unicamente como recepcionista da Clínica, mas depois de completar os seus estudos como parteiro, passou a exercer a actividade no local, sendo o maior ajudante de Addison. Simpático, sensível, está sempre em sintonia com todos ao seu redor e quer bem a todos. Doce e atencioso também é querido por todos, apesar de, muitas vezes, se aproveitarem da sua boa vontade. Parece que Dell funciona em segundo plano, uma vez que só excepcionalmente o ouvimos falar dos seus próprios problemas. Tem uma filha, Betsy.
Curiosidades:
- A série teve o seu episódio piloto num especial de duas horas de Grey´s Anatomy, que se focou na saída da Dr.ª Addison Montgomery do Seattle Grace Hospital e a chegada à Oceanside Wellness, em Los Angeles. (o que se designa vulgarmente por “Cross over”).
- O 1º episódio da série foi criticado pelos telespectadores, que depois do sucesso de Anatomia de Grey, esperavam uma série de argumento mais maduro e realista.
- Os actores secundários chegam a ter mais reconhecimento por parte do público do que a figura de proa, Kate Walsh, cuja personagem parece não agradar pelas suas flutuações, infantilidades e inseguranças.
- Merrin Dungey foi anunciada para o papel de Naomi Bennett e chegou a fazer as duas horas do episódio piloto, mas acabou por ser substituída pela actriz Audra Mcdonald, quatro vezes vencedora dos prémios Tony.
- Private Practice foi satirizada por dar a imagem mais deprimente da mulher desde a série The Bell Jar, dos anos 70.
- O Edifício da Oceanside Wellness é, na verdade, um Banco de Sta. Mónica, Califórnia.
- Sam e Addison vivem em casas fictícias construídas na praia, que na realidade rondariam os 4 milhões de dólares cada.
- Desde 2008 que a série tem sido nomeada para vários galardões, tendo recebido, em 2008, o BMI TV Music Award, em 2009, o prémio da NAACP Image Awards para melhor actor secundário, pelo desempenho de Taye Diggs, enquanto Sam Bennett e, no mesmo ano, o Young Artist Award para melhor desempenho numa série de tv, do jovem actor Joey Luthman.
Porque devo ver esta série:
Os episódios variam de género e estilo regularmente, alternando entre o comum drama médico, o cómico, chegando por vezes até a atingir o insólito, o que torna a série mais fácil de agradar a um público vasto.
A série combina um elenco secundário de peso e absolutamente soberbo. Audra Mcdonald, Paul Adelstein (Prison Break), Tim Daly (The Sopranos), Amy Brenneman (Judging Amy), abrilhantam esta série dando-lhe rostos conhecidos.
Como tem um leque de actores mais reduzido, é fácil seguir as trajectórias de vida e biografias das suas personagens, mesmo sem ser um telespectador assíduo.
Mesmo irreais, as histórias e desapontamentos de Addison são, por vezes, hilariantes, trazendo bons momentos de entretenimento. A sua luta para ser uma pessoa melhor e a sua busca pela felicidade é algo que acabamos forçosamente por querer seguir.
O que pode ser melhorado?
A personagem principal podia ser aperfeiçoada. Vemos poucos sinais de progresso em Addison. Aquela que nos foi apresentada em Grey´s Anatomy como uma mulher sexy, forte e segura de si, aparece-nos, depois de deixar Seattle, como uma mulher imatura, indecisa e mesmo promíscua o que, como já referi, denigre a imagem geral da mulher.
Acho que a série perde coerência ao longo de cada temporada e mesmo entre episódios. Shonda Rhymes não junta todas as peças do puzzle, mudando demasiadas vezes os rumos da história, o que lhe retira credibilidade.
A reduzida equipa clínica que nos é apresentada, parece-se mais como um grupo adolescente em pleno liceu do que propriamente médicos em pleno exercício de funções. Na maior parte das vezes comportam-se como imaturos, egoístas, levianos. Caras bonitas, com um bisturi na mão. Quer-se uma série médica mais ligeira do que o comum, mas nada de exageros nesta intenção.
Os finais de Temporada (season finales) desta série são absolutamente estrondosos, prolongando-se pelos primeiros episódios, mas perdendo rapidamente o nível inicial de brilhantismo. Também nós acabamos, em minha opinião, por perder interesse, devido a estes picos de qualidade.
Onde posso ver:
3ªs feiras 22h30
Todos os dias 23h05, repetição: 09h50 e 19h