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«Depois do Adeus»

David Ferreira
4 min leitura

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No «Fora de Série» desta semana abordamos uma das novas séries da RTP1, estreada com a estreia da nova grelha em janeiro deste ano.

«Depois do Adeus» tem como protagonista a família Mendonça, composta por Álvaro, empresário, Maria do Carmo, dona de casa, e pelos filhos Ana Maria e João, dois jovens habituados à tranquilidade de Angola. Essa tranquilidade, aqui entra a realidade vivida por muitos à época, tem o fim com o início da guerra civil angolana em 1975, tornando as pilhagens a várias casas, principalmente às de portugueses que sempre fizeram vida por lá, numa contante. Na ficção, a família chega a Portugal da forma mais comum naquela altura: inteiros mas com nada ou pouca coisa, e tudo se agrava quando o dinheiro ganho em Angola durante a vida de trabalho não chega, o país em constante convulsão, e a má receção que os locais fazem aos “retornados”. Aos ‘Mendonça’ salva-se a ajuda da irmã de Álvaro, Natália Cardoso, uma dona de casa à moda portuguesa, reprimida e conservadora, que não se dará bem com a esposa do empresário angolano. Além desta, a família Cardoso é composta por Joaquim, contabilista numa fábrica do ramo da metalúrgica – também ela em revolução de trabalhadores -, e pelos filhos Luísa e Pedro, dois jovens estudantes universitários que formam – juntamente com Gonçalo e Jorge – um grupo politico com ideiais inspirados no maoismo do chinês Mao tse Tung. Além destes personagens, há ainda o casal Daniel e Joana – ele um revoltado que com o seu desenvolvimento em Lisboa, acaba por se tornar numa pessoa violenta, e descarregar alguma da sua frustração na esposa -, Teresa – que perde o marido em Angola e acaba por vir para Portugal sozinha -, e a família Figueiredo, família que esteve também em Angola, e que em Lisboa é dona do café Kuanza.

Quando se olha para Depois do Adeus é impossível não me relembrar o Conta-me como Foi, das melhores séries feitas por cá e uma pena não ter tido mais público e ter sido muito mal tratada durante os anos de emissão pela direção de programas de José Fragoso… Mas é outra história. Depois do Adeus pega no ponto da história onde Conta-me como Foi terminou: no 25 de abril de 1974. Pega no fio da história real portuguesa – é certo que sendo um produto de ficção contém erros e formas, que mesmo não sendo intencionais, possam enviesar a forma como uma pessoa mais desinformada sobre o período em questão se percebe a história. Num dos pontos mais positivos da série é a ambientação aos anos setenta, seja em termos de cenários – muito bons, por sinal -, guarda-roupa, formas de estar e principalmente na utilização do chroma – o pano verde em que se insere o cenário pretendido em pós-produção -, tornando tudo mais real, isto apesar de sabermos, à partida, que são gravações.

Na próxima semana o Fora de Série estará de volta.

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