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Flash Interview com Marco Pigossi

Diana Casanova
11 min leitura

Onde Nascem os Fortes é o nome da supersérie que o canal Globo exibe no nosso país e cujo final acontecerá no próximo dia 20 de julho. Um dos protagonistas é Marco Pigossi, que dá vida a Nonato nesta produção com a marca da Rede Globo e, como não podia deixar de ser, o A Televisão esteve a conversa com o ator que nos revela um pouco mais deste seu projeto. 

Leia, em seguida, a Flash Interview com Marco Pigossi.


Como define o seu personagem, Nonato?

O Nonato é esse cara que tem uma verdadeira inclinação pela aventura, pela adrenalina. Ele pratica esportes radicais e tem necessidade de estar em desafio o tempo inteiro. É um cara sempre em movimento. Apesar disso, é um cara amoroso, de bem com a vida, que gosta das coisas boas, de gente, de festa. É um cara bem para cima. Ele tem uma irmã gêmea, a Maria (Alice Wegmann), e eles têm uma relação muito próxima, muito forte. O George explora essa relação de uma forma muito interessante porque ela chega no limite da intimidade e esse amor deles quase passa do ponto. Eles são muito colados, ele brinca com essa coisa de um sentir o que o outro está sentido, um sentir que o outro está em apuro, passando por uma situação difícil, ou feliz. Ele explora bem essa situação desses irmãos gémeos que vieram do mesmo lugar. Eles não têm esse limite corporal que a gente tem socialmente, não há nenhum bloqueio entre eles. É uma relação muito bonita, e acho que quanto mais essa relação for forte e o público entender esse amor desses irmãos, mais forte é a trama inteira que se desenrola a partir dessa tragédia, que a gente não sabe exatamente o que é, mas que vem a acontecer.

De que forma construiu esse personagem?

Nonato é um cara de bem com a vida, quer viver, quer sentir. É como se ele tivesse uma percepção de que ele tem de viver cada segundo, porque alguma coisa pode acontecer. Não que ele saiba. Mas intuitivamente ele tem a necessidade de sentir e de viver ao máximo. Isso é muito interessante, uma pessoa que tem isso se torna atraente, essa energia atrai, e a gente tentou colocar isso. Conversamos bastante com o Zé [José Luiz Villamarim], eu até usei coisas pessoais. Perdi um amigo na minha adolescência que era exatamente isso, era o primeiro a ir, o primeiro a experimentar. Parecia que ele tinha de correr atrás do tempo para experimentar. A gente tentou colocar isso no Nonato e isso é gostoso de ver, porque a gente vive com muito medo, a gente tem medo das coisas. ‘Será que vai dar certo, será que eu devo ir, será que eu devo fazer?’. O Nonato não pensa, ele não tem esse medo.

O que vai acontecer entre o Pedro e o Nonato?

O encontro do Nonato com o Pedro Gouveia (Alexandre Nero) é um acidente, um acaso. O Nonato é um estrangeiro naquele lugar, ele é de uma cidade grande, do Recife, ele não é dali e não entende que ali existem regras muito particulares. Sertão é um lugar que tem as suas próprias leis e que ele não conhece nem está acostumado. Dentro dessa curiosidade dele, dessa vontade de conhecer, de explorar, o Nonato acaba por se meter em uma cilada. Ele conhece a Joana (Maeve Jinkings) e ele se encanta por essa mulher. Parece uma coisa muito simples, eles estão num bar, ele já tomou alguma cerveja, e ela vira o desafio dele. Ele quer ter essa mulher, quer conhecer, se aproximar de alguma forma. E ele sente que existe um retorno dela, e ele acaba se sentindo numa aventura, ele quer esse desafio. Só que o Nonato não conhece as regras daquele lugar e ele não tem ideia que aquilo é comandado pelo personagem do Pedro Gouveia, então ele acaba entrando nessa cilada meio sem querer, pelo simples interesse que ele tem por essa mulher. O Nonato é um cara que não sabe responder negativamente a desafios, ele não sabe sair. Quando o Pedro percebe que está rolando um clima entre o Nonato e a Joana, ele desafia o Nonato, e o Nonato compra essa briga. Eles vão discutir, e Nonato é um cara que não leva desaforo para casa – ele vai responder à altura. E aí vai acontecer essa tragédia porque o Pedro tem capangas e por isso mais força. E acaba criando essa confusão e essa violência em cima dele.

Como é voltar a contracenar com o Alexandre Nero?

É uma delícia. O Alexandre Nero foi meu pai na novela A Regra do Jogo, em 2015, e eu adoro repetir parcerias com companheiros, porque acho que a gente acaba descobrindo intimidade em cena, uma sintonia que é muito interessante, e cada vez que você faz outras obras junto você acaba descobrindo ainda mais. Quando a gente fazia A Regra do Jogo era uma relação super afetiva, era de pai e filho, um cara carinhoso, apesar de ser o grande vilão da história. E nessa série a gente foi trabalhar no extremo oposto disso, numa relação de violência física mesmo. É muito legal isso. Mas como eu já tinha essa intimidade com o Nero, eu sei que ele é um ator muito instintivo, ele cria coisas que não estão no ensaio e que surgem na hora, ele aproveita muito dos momentos que acontecem em cena. Isso me deixa ligado em cena para responder, para a gente ter esse jogo, essa troca. É um ator muito interessante.

E quanto a Alice Wegmann, como tem sido repetir essa parceria?

A Alice eu também já tinha trabalhado em 2014, a gente fez Boogie Oogie juntos. Ela é uma jóia de atriz, é uma pedra preciosa. Ela tem uma sensibilidade absurda. A gente já se conhecia e foi muito importante para criar essa intimidade, essa relação desses irmãos, da forma como eles se relacionam, como eles se encostam, como eles se abraçam o tempo inteiro.

Por outro lado, contracena pela primeira vez com Patrícia Pillar. Que balanço faz desta experiência?

Com a Patrícia é a primeira vez que eu trabalho, e foi uma descoberta muito gostosa porque ela é uma atriz muito generosa no sentido de colocar para dentro, é muito agregadora. A gente gravou pouquíssimo juntos, na verdade foram duas cenas. Um flashback desse filho com essa mãe, que até ao fim do processo a gente colocou eles bem próximos, por conta dessa preocupação constante de uma mãe que sabe do instinto aventureiro de seu filho. E foi muito bonito tentar colocar em poucas cenas um pouquinho do que a gente pensava. A Patrícia recebeu esse filho de uma forma muito generosa. Foi uma alegria. Estou cercado de bons companheiros.

Como foi gravar no Sertão?

O grande protagonista dessa série é o Sertão. Você tem uma coisa muito forte ali, imageticamente falando, ele já está ali. Quando você entra com o personagem você tem de entender que ele é apenas uma pequena parte daquele cenário. Aquilo já existe, já é muito presente. Inclusive o meu processo nesse personagem foi um pouco de desconstrução, até porque o Nonato é um estrangeiro e eu podia usar o meu olhar ali de estrangeiro, de conhecer aquele mundo, de perceber como as coisas funcionam e simplesmente existir ali, dentro daquele cenário muito forte e muito presente. E isso é muito marcante, é um lugar que tem uma energia muito particular, um modo de vida muito particular, isso vai estar presente na trama o tempo inteiro. Acho que aquilo já conta, você já tem um impacto visual imediato. Assim como a gente faz uso do figurino para compor o personagem, ou do sotaque, a gente também usa esse espaço que é muito mágico.

Qual foi o grande desafio dessa supersérie?

O desconhecido, porque para mim foi tudo uma grande novidade. Eu não conhecia o Sertão, então foi muito interessante sentir a presença da trama. Não é a toa que não somos os primeiros a gravar lá. Foi a primeira vez que eu trabalhei com o Zé, há muito tempo que a gente já vinha tentando conciliar as nossas agendas. E primeira vez com o texto do George. Foi um mergulho no desconhecido. Terminei a Força do Querer há pouco tempo, não tive tempo de pensar naquilo que estava acontecendo. Apanhei o avião e embarquei rumo ao desconhecido. E o mais legal é que isso tem um pouco da energia do personagem, de explorar o desconhecido e ir de peito aberto.


 

Redatora e cronista