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Televisão, suor e lágrimas

A Televisão
2 min leitura

Fátima Lopes desfez-se ontem em lágrimas, em directo. Novidade? Nem por isso. Mas o que há de novo no caso que fez a apresentadora deixar a emoção falar mais alto prende-se com um sinal dos tempos que vivemos. Nos estúdios de Queluz de Baixo estava, ontem à tarde, um casal desesperado, sem emprego, sem dinheiro e quase sem casa. A mãe até desabafava que já não dava uma peça de fruta ao filho há mais de 5 meses. Claro que todo o público ficou extasiado com tamanha miséria e Fátima Lopes perdeu o rumo à condução do programa confessando ser-lhe “muito difícil fazer estes casos”.

Em tempos de crise, sacrifício e muita necessidade de grande parte dos portugueses, ou, pelo menos, de grande do público que assiste regularmente a programas como os de Fátima Lopes, são cada vez mais os casos de pessoas que já não tem nada que lhes valha e vêem no pequeno ecrã, e nas caras que o compõem, a única salvação para todos os seus males. A televisão dá emprego, a televisão paga as contas, a televisão tira a fome. É assim que muita gente pensa. Foi assim que, muito provavelmente, também pensou o casal que hoje preencheu meia hora de grelha da TVI. Máxima que, bem vistas as coisas, nem está muito desfasada da realidade.

Mas Fátima Lopes que prepare as suas lágrimas: no abismo em que estamos a caminhar a passos largos, casos “difíceis de fazer” vão, cada vez mais, bater à porta das produtoras de programas de day-time. O que é um péssimo sinal. Quer da parte de quem mendiga, sem outra alternativa, quer da parte das estações que não perdem a oportunidade para mostrar o drama e choro em directo e acabar por lucras mais umas centenas de espectadores com isso. Por muito que Fátima Lopes se queixe de que é difícil…

 

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