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Separar as águas

A Televisão
3 min leitura

Falar Televisão

1. A aposta da RTP em Água do Mar, uma «novela de verão» que deverá ocupar o horário das 23 horas, não me agrada. E não é por gostar mais ou menos de novelas, acho aliás que é um género que pode ter o seu espaço na RTP1. Mas esta aposta parece ser mais um passo num processo de progressivo empobrecimento da programação do primeiro canal, que começou com a aposta em séries diárias e prosseguiu com o fim dos programas informativos pós-Telejornal e a horizontalização do horário nobre. Cada vez menos a programação da RTP1 pode ser encarada como uma alternativa à oferta dos canais privados. Acrescentar mais uma novela ao serão da RTP1 (Bem-vindos a Beirais pode ter o formato de série diária mas vem-se arrastando repetindo as fórmulas das novelas) é exatamente o que menos falta faz atualmente na televisão portuguesa. Bem sabemos que a RTP está desesperada por ganhar público, mas não o pode fazer a todo o custo, sob pena de cada vez mais se questionar a utilidade da sua existência enquanto serviço público.

2. Mais uma noite eleitoral e a história repete-se: SIC e TVI voltaram a apostar em emissões reduzidas para cobrir as eleições europeias. Desta vez com a agravante de os resultados oficiais serem divulgados apenas às 22 horas, trocando as voltas aos planos das estações. Os canais privados podem alegar a falta de interesse do público no ato eleitoral e justificar a opção de transferir as emissões especiais para o cabo. Mas não deixa de ser irónico que canais que são uns «mãos largas» na duração dos noticiários e não têm problemas em ter telejornais de duas horas se a estratégia de programação assim o exigir, sejam tão sintéticos com a cobertura de umas eleições. Restou a RTP1 que, embora tenha começado a emissão às 20h e não antes como era hábito, cumpriu a sua obrigação e abdicou de The Voice Portugal para cobrir toda a noite eleitoral em sinal aberto.

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