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São só mais dez minutinhos?

A Televisão
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Falar Televisão

José Manuel Portugal, o recém-nomeado diretor de informação da RTP, anunciou na semana passada num debate com os seus congéneres da SIC e da TVI, promovido pela revista Notícias TV, a intenção de em breve aumentar a duração do Telejornal, prolongando-o até às 21h10. Um dos poucos temas em que pareceu haver unanimidade entre os diretores das três estações foi o das supostas virtualidades de noticiários de grande duração.

Não seria justo dizer que um jornal com hora e meia é necessariamente mau. Hoje, com a forte presença do cabo e dos canais informativos com noticiários ao longo de todo o dia, o público procura à hora do jantar algo mais do que uma simples síntese de notícias. Um jornal que junte às notícias do dia outros conteúdos informativos – uma grande reportagem, uma entrevista, um debate – pode ter uma duração mais longa de forma equilibrada. No entanto isso nem sempre acontece, e muitas vezes assistimos a um «enchimento de chouriços» com fait-divers e «não-notícias» para ocupar espaço na grelha. Dá audiências e é relativamente barato.

A RTP, evidentemente, tem obrigações especiais a cumprir. Nos últimos meses assistiu-se a um visível empobrecimento da informação da RTP em sinal aberto com o fim dos programas informativos emitidos após o Telejornal. Em busca de melhores audiências sacrificou-se uma das imagens de marca da RTP1 para colar Bem-vindos a Beirais ao Telejornal. Este prolongamento do principal noticiário da estação pública é mais um sinal de mimetização da programação das estações privadas. Decisão ainda mais questionável quando simultaneamente se anuncia o regresso do Jornal 2 para as 21h, hora em que as privadas ainda têm os seus noticiários no ar (para não falar dos canais informativos no cabo). A informação da RTP deveria, no sinal aberto ou no cabo, diferenciar-se da oferta dos canais privados e fazer aquilo que estes não fazem (e deveriam fazer).

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