Confrangedora a forma como as televisões e os respetivos canais de notícias das principais estações cobriram os dois eventos que marcaram o passado final de semana. Ocorrem-me diversos adjetivos para qualificar a cobertura que as estações deram às eleições europeias, escusando-se a transmitir os debates eleitorais e em plena noite eleitoral a relegar para o cabo as responsabilidades dos resultados oficiais e respetivas analises em detrimento dos programas que marcam o último nível do entretenimento.
Ao mesmo nível foi fraca e assustadora a forma vazia como a televisão portuguesa se debruçou sobre a final da Liga dos Campeões, que se realizou em Lisboa, uma cidade já habituada a servir de palco de grandes eventos. Como se mais nada de importante acontecesse no mundo e em particular nesta pequena aldeia que é Portugal, os canais de notícias falaram de uma invasão espanhola que transformaram a capital portuguesa numa verdadeira Madrid povoada de merengues e colchoneros.
Abusando do direto, entrando em facilitismos ao mostrar os espanhóis embriagados com um discurso pouco esclarecedor e sem peças relevantes que de facto mostrassem, por exemplo, o impacto desta investida madrilena na economia portuguesa ou a importância deste evento para a notoriedade lusa. O provincianismo e a histeria mediática reinaram e devem orgulhar as redações dos canais que mais uma vez contribuíram para perpetuar a estupidificação primária do povo português que no dia seguinte se absteve, imaginem, de votar.
Consegui sem perceber do que se tratava este, Falar a Televisão.
Inteiramente de acordo.