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«Portugal Aplaude» e eu também!

A Televisão
5 min leitura

Foi ontem à noite para o ar, na RTP1, a Gala «Portugal Aplaude 2011», uma Gala que visava destacar o que de melhor se fez no nosso país, em 2011, na área cultural. A condução ficou a cargo de Sílvia Alberto e o Teatro D. Maria II abriu as portas ao espectáculo televisivo, algo que não fazia há já muitos anos. E, no geral, foi uma Gala bastante positiva.

Indo por partes, o especial que deu antes da Gala, com várias entrevistas feitas a algumas personalidades presentes, pareceu-me não ser em directo, apesar da palavra por baixo do logotipo da RTP1 assim o dizer! Os cortes entre as entrevistas eram demasiado rápidos, não havia pausas, não havia as habituais passagens entre repórteres… em suma, faltou uma série de questões técnicas que existem num directo. Esse especial teve pouca utilidade e não se percebeu a sua utilidade, bem como dizer que o mesmo seria em directo quando (quanto a mim) não o foi!

A Sílvia Alberto esteve bem. Não digo que esteve brilhante, porque, sinceramente, gosto e prefiro vê-la num outro registo mais descontraído, mais solto, mais desinibido. Compreendo que esta Gala exigia um registo mais sério, mais sóbrio; a Sílvia acabou por engasgar-se algumas vezes (normal!), mas pareceu-me senti-la pouco à-vontade. De qualquer das formas, ela é uma mais-valia para a estação pública e, quanto a mim, nem todas as apresentadoras da estação conseguem adaptar-se a diferentes registos como ela consegue.

A Gala, em si, foi muito boa. O conteúdo foi diversificado, cada actuação demorou o tempo certo para não ser entediante, o alinhamento foi bem pensado. Talvez tenha começado com algo menos popular e que, à partida, possa ter afastado um público que preferia ter visto humor, ilusionismo ou música, momentos que convencem a maioria dos públicos. Mas a qualidade esteve lá. A banda, ao vivo, foi soberba. Os números escolhidos (desde o humor, passando pelas actuações musicais, até ao ilusionismo) foram bons e deixavam o telespectador preso ao ecrã. E, claro, houve mesmo espaço para a cultura, para todas as vertentes, para o que de melhor se fez em 2011. E, em todos os ramos da cultura, nada ficou por destacar. Obviamente que há sempre algo mais que pode ser destacado, se calhar nem todos mereciam o mesmo destaque, mas acho que foi consensual quem se referiu.

Foi, também, bonito de se ver algumas personalidades sentadas na plateia, nomeadamente o Primeiro-Ministro. Mostrou, assim, a importância desta Gala, bem como o valor que as pessoas do meio e da televisão deram a esta iniciativa da RTP.

De salientar é, também, o grafismo. Bem elaborado, bonito, que foi ao encontro do espaço onde decorreu a Gala. Pela negativa destaco a mosca com o logotipo da Gala, dentro de um rectângulo preto e enorme. Não havia necessidade! A Gala merecia algo bem mais discreto… já nos chegava a mosca terrível com que a RTP1 nos brinda todos os dias com a novela «Vidas em Jogo»!

E para concluir, só falta mesmo falar da audiência… É de lamentar que um espectáculo como este tenho alcançado um valor tão baixo, tenho obtido um resultado tão insignificante. 3,6% de rating e 9,5% de share é muito pouco para um espectáculo daquela qualidade, com a curta duração que teve e indo para o ar em pleno horário nobre. Realmente, o público português não merece o bom espectáculo que lhe é dado. Não dão valor ao que se faz, não apreciam a qualidade, não «perdem tempo» a ver algo com conteúdo. Já para não falar que, definitivamente, não sabe reconhecer o que de melhor se faz em Portugal. E um país sem cultura é um país pobre, vazio, sem história. O que nos vale é que, por ser uma iniciativa da RTP, as audiências pouco importam e, mesmo antes de se saber ou suspeitar dos valores alcançados por esta primeira Gala, já se anunciava que para o ano há mais… felizmente!

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