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Os canais clubes

Diana Casanova
3 min leitura

Um dos aspetos da televisão que mais frequentemente me faz refletir é o clubismo dos telespetadores. Tal como no desporto, também as discussões sobre televisão acabam por ser bastante conflituosas. Certamente que cada um terá o seu canal favorito (e tem esse direito), mas teoricamente essa seleção deveria ser feita pelo conteúdo e não consumir tudo o que é oferecido simplesmente por ser do canal X ou Y. Se o fanatismo no futebol é reprovável, o mesmo deve ser no que respeita à relação dos portugueses com a caixinha mágica.

É óbvio que teremos mais compreensão para um erro do nosso canal favorito, arrasando caso seja da concorrência. Ora isto é o que mais se vê por essas redes sociais, fóruns, etc. Os portugueses, por natureza, comem tudo. Não questionam. Receiam a mudança, porque isso implica sair da zona de conforto. A televisão é encarada como uma companhia mas também como uma competição entre canais.

Eu acredito que todo e qualquer fanatismo só leva a mentes fechadas e, em última análise, é a própria pessoa que sai prejudicada, pois em vez de usufruir do melhor que há, usufrui apenas do que lhe é oferecido pelo seu canal favorito. O que é triste. Esta relação com a televisão acaba por ser uma restrição voluntária à nossa liberdade. À liberdade de escolha quanto ao que vemos e, simultaneamente, existe uma descriminação de acordo com a marca que está por trás de um certo produto. Exemplo disso são as recentes (nem tão recentes assim) transferências da TVI para a SIC, da RTP1 para a TVI e da SIC para a TVI. Rapidamente se passa de bestial a besta só porque mudaram de camisola, parecendo que os ares da estação concorrente estão poluídos e de repente as pessoas deixam de ser competentes…

Cada canal tem os seus pontos fortes e fracos, nenhum é perfeito (surpresa!). Se a RTP1 se destaca na informação, a SIC no entretenimento, a TVI é mais forte na ficção. Sei que a guerra é sobretudo entre SIC e TVI, mas basta! Vamos ver televisão. Apreciar o que de melhor cada canal tem para oferecer.

Embora a competição seja necessária, é óbvio que existirão sempre as audiências, há que ter maturidade e apostar numa visão mais global da televisão. Do ponto de vista cultural é o mais enriquecedor e só melhorará as discussões sobre televisão que se têm por essa internet a fora.

Se os canais tentam aproximar-nos deles, com estratégias de marketing, nós temos de nos distanciar, pois há mais do que a TVI, há mais do que a SIC, etc… a televisão nacional e internacional têm muito para oferecer. Importa é saber quem está receptivo. Eu estou.

Redatora e cronista