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A opressão da ficção

A Televisão
3 min leitura

Falartelevisãodestaque

Deu-se início a um processo que espero que continue a ser posto em prática no entretenimento do nosso país. A criação da versão Kids do talent show da Endemol foi um passo importante para o crescimento e fomentação de um mercado criador a nível interno na nossa televisão.

Os canais nacionais estão muito dependentes do produto importado e penso que num país em que se tem sobrevalorizado a ficção, deve apostar-se também na criação de novas fórmulas para o entretenimento. Devemos colocar os nossos criativos a trabalhar e com isso passar a desenvolver uma prática que em terras lusas não existe.

As estações de televisão limitam-se a comprar o formato ao estrangeiro, adaptá-lo e emiti-lo. Mas no meio de tudo isto, onde ficam os talentos nacionais? Será que não os há? Somos um dos poucos estados europeus a limitarmo-nos a esta prática, sendo a Holanda, a França e Espanha alguns dos principais dinamizadores do mercado criativo.

É sabido que Portugal é um país atípico no que à televisão diz respeito, pois somos também a única nação a emitir novelas em Horário Nobre, sendo por isso o entretenimento reposto para as noites de domingo e outros horários semelhantes. Está na altura de mudarmos a nossa estratégia. Alguns dos monopolistas deste mercado, como a TF1 em França, apostam em grandes formatos para os restantes dias da semana e são com isso bem sucedidos.

Todos sabemos que a identidade televisiva portuguesa passa muito pelo género novelesco e não digo que devamos mudar isso, mas seria uma boa opção permitir ao entretenimento crescer mais. As três novelas que têm sido emitidas em prime time, durante os últimos anos, não deixam espaço às estações para apostar noutros programas.

Na TVI existe apenas, neste momento, um programa de grande entretenimento e é semanal, coisa que deveria mudar. Apesar de ser a casa da ficção nacional, pode tornar-se numa boa residência para mais géneros no entretenimento.

Espero que com a entrada de Cristina Ferreira para a estrutura diretiva da estação da Media Capital, algo se altere e que se continue a dar azo à criatividade nacional para criar novos conteúdos e que os mesmos sejam alvo de orgulho para os nossos profissionais, aquém e além-fronteiras. Porque afinal de contas, não só de ficção vive uma estação.

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