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O triunfo do pimba

A Televisão
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Depois de um ano sabático, o regresso do Festival RTP da Canção foi marcado pela polémica. A vitória de Suzy com o tema «Quero Ser Tua» gerou uma onda de protestos, com suspeitas de irregularidades à mistura. Entre petições e pedidos de auditoria ao televoto, o que é certo é que o tema composto por Emanuel irá representar Portugal em Copenhaga no Festival Eurovisão da Canção.

Sobre o Festival em geral, não há muito a dizer. Apesar de haver alguma variedade nos temas a concurso, o nível geral das composições voltou a ser fraco – e assim continuará a ser enquanto os grandes músicos e compositores não tiverem interesse pelo Festival, ou a RTP os não convidar. No entanto nem foi dos piores festivais que se viu nos últimos anos. O formato escolhido, com uma semifinal a apurar cinco das dez canções para a final, não me pareceu o melhor, e a realização também deixou muito a desejar.

Quanto ao resultado final, a canção eleita era a mais pobre das apuradas para a final. Uma música básica, uma letra feita em cima do joelho (que Ricardo Araújo Pereira tão bem analisou na sua Mixórdia de Temáticas) e uma interpretação fraca de Suzy. Porque terá sido, então, esta a escolha dos espectadores? A resposta pode estar no modelo de votação, uma vez que na final não houve limite ao voto telefónico. Torna-se assim fácil vencer o Festival da Canção: basta investir algum capital em chamadas telefónicas. A RTP sabia perfeitamente que a não existência de um limite de um voto por telefone poderia distorcer a vontade do público, mas provavelmente viu nisso uma forma de encaixe financeiro. Acaba por fazer algum sentido que um Festival baseado nos telefonemas e nos 0,60€+IVA seja vencido por uma canção digna dos programas de fim de semana à tarde, o habitat natural da música pimba.

Alguns dirão «pronto, lá vem o preconceito contra o pimba». Nada disso, o pimba tem todo o direito de concorrer ao Festival, de o vencer e de representar Portugal lá fora. Mas de preferência que tudo isto seja feito de forma transparente, aí ninguém poderá contestar o resultado. Se hoje pairam dúvidas sobre o Festival, a culpa é evidentemente da RTP. Que a mudança na organização do Festival traga consigo uma lufada de ar fresco neste evento que, como se provou, continua a ter alguma importância e impacto junto do público. E que Suzy tenha boa sorte no dia 6 de maio, na primeira semifinal do Festival Eurovisão da Canção, e seja apurada à final. Não me espantava, até porque se há coisa que não falta na Eurovisão é música de qualidade questionável.

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