«Toca o telefone a toda a hora. Toca. Toca. E se não atende sem demora. Toca. Toca.»
Ora, esta crónica podia perfeitamente ser sobre um qualquer casos de escutas, legais ou ilegais, em Portugal, mas é de televisão que falamos, nomeadamente, dos concorrentes do «Secret Story».
O telefone toca.Toca.Toca. E eles correm, atropelam-se na ânsia de chegar ao telefone e vezes e vezes sem conta errar umas atrás das outras e perder dinheiro, ainda que fictício.
Pergunto-me de onde vieram estes alienados concorrentes que não sabem qual o maior órgão do corpo humano, ou quem é o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Perguntas, que não vêm na sua maioria nos manuais e não se aprendem propriamente nos cânones das educação em Portugal.
Onde estarão estes concorrentes, ou até quiçá a maioria dos 80 mil candidatos à hora dos jornais televisivos? Que jornais ou news magazine andarão a ler estes jovens, ou será que não leem de todo?
Embora divertidos, os momentos em que vejo um jovem não sabe soletrar exacerbar são preocupantes e deixam-se a pensar sobre a falta de cultura deste país, onde os professores estão mais preocupados com a progressão na carreira.
O saber não se encontra nas notas que se recebem pela presenças em discotecas, nem em revistas de moda, O saber não ocupa espaço, e é sobre este aforismo, que em televisão o saber vale tão pouco mas sabe tão bem.