Portugal viu ontem estrear na televisão pública O País Pergunta. Um País pouco habituado a receber membros do Governo na televisão teve honras de estreia com a visita de Pedro Passos Coelho. Um politico a quem são atribuídos alguns traços de ditador e a quem é apontada alguma falta de humanização aceitou este convite e até soube aproveitar-se do mesmo.
A falta de síntese da primeira pergunta até faria prever o pior mas cedo o programa entrou numa visão e lá fomos embalados por um Primeiro-Ministro que habitou os portugueses a falar pouco e de tão pouco falar, nada dizer. Bem fiel ao seu estilo o líder adaptou-se da melhor forma e nunca o vimos enrascado nem mesmo com os «apertos» de Carlos Daniel a quem a mediação jornalística se mostrou ao nível que era exigido, uma vez que a RTP assumiu o modelo dos chamados Town Hall Meetings permitindo ao povo estar finalmente frente a frente com o governante sem os vícios do jornalismo.
Ainda que reconheça que algumas das respostas eram já conhecidas e que admita que faltou algum contraditório que deitasse por terra a ideia de que estávamos a assistir a uma conversa de uma qualquer família num jantar de natal não creio que o programa tenha sido pautado pelo cinzentismo. Carlos Daniel esteve bem e comprovou o que já há muito pensava dele. O jornalista é um dos melhores da sua geração e dadas as contingências fez o melhor trabalho possível. Que faz tudo com empenho e excelência não tenho dúvidas, nunca tive.
