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O «Ouro» já foi mais polido

A Televisão
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Falar Televisão

Acho alguma graça a que as televisões mantenham as suas tradições, nomeadamente as suas galas e cerimónias habituais. Há 19 anos que a SIC organiza com a revista Caras os Globos de Ouro, e ano após ano a cerimónia continua a ter relevância e a conseguir boas audiências, longe das registadas nos tempos áureos da SIC, mas suficientes para fazer mossa na concorrência.

No entanto, ano após ano acho a gala dos Globos de Ouro cada vez mais fraca. Na edição deste ano isso foi notório a vários níveis. A realização teve demasiadas falhas no som e imagem, continuam a estar ausentes demasiados nomeados (ainda que aí a SIC não tenha culpa), os momentos de humor gravados foram razoáveis mas os interpretados ao vivo no Coliseu dos Recreios foram de uma pobreza confrangedora. Eu via Luciana Abreu e João Ricardo com as suas personagens do núcleo cómico de Sol de Inverno e achava aquilo incomparavelmente inferior aos tempos em que Nelo e Idália ou as VIP Manicure animavam a cerimónia. Valeram as atuações musicais, com destaque para a presença de Anastacia.

Os Globos de Ouro ainda têm a relevância que têm muito devido à (quase) inexistência de entregas de prémios nas diversas áreas que distingue. Com o fim em 2005 da categoria de televisão, provavelmente a mais aguardada da gala, os Globos perderam algum do seu interesse. Ainda assim, a SIC e a revista Caras continuam a distinguir os melhores nas áreas da música, do desporto, da moda, do teatro e do cinema. Acaba por ser irónico que, por exemplo, o cinema português (com exceção dos telefilmes que de vez em quando aparecem) seja quase inexistente na televisão nacional, mas o público continue a ver com interesse a entrega de prémios a atores e obras que tiveram poucos espectadores no grande ecrã, e se a RTP não os exibir não terão nenhum no grande ecrã. O mesmo para o teatro, que na TV portuguesa está condenado a aparecer apenas nos cartazes culturais das 2 da manhã que a lei obriga a transmitir. E a música premiada é muito diferente daquela que tem espaço nos talk-shows e nos programas de «variedades» dos fins-de-semana.

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