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O contrato

A Televisão
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O processo de reestruturação da RTP arrasta-se há quase três anos e já passou por várias fases. Com a saída de Miguel Relvas e a entrada de Poiares Maduro no governo, foram afastadas (aparentemente) as ideias de privatização da empresa ou de concessão de um dos canais abertos. Este conturbado processo parece aproximar-se agora do fim, com a entrada em vigor de um novo contrato de concessão e as transformações que este prevê para o serviço público de rádio e televisão.

No que às obrigações de serviço público diz respeito, há algumas mudanças no novo contrato mas pouco deverá mudar na RTP1. O canal da RTP para o grande público encontra-se numa visível recuperação nas audiências, ainda que comece a ser mais difícil encontrar diferenças de fundo entre a programação da RTP1 e das privadas. Quanto ao segundo canal, Maduro tem prometido uma «RTP2 cultural», mas o novo contrato de concessão passa uma enorme borracha sobre as obrigações que o canal tinha. A aposta nos canais internacionais tem sido forte, muito direcionada para a propaganda económica de Portugal. A entrada de novos canais da RTP (e eventualmente de privados) na TDT era uma promessa de Maduro mas até ao momento não há garantias, apenas dúvidas. O interesse do governo e da RTP poderá ter chocado com o incómodo das privadas, que olham com desagrado para a «promoção» da RTP Informação a canal aberto.

No meio destas dúvidas que persistem, o ambiente na empresa parece ser tudo menos tranquilo, e não deve ter melhorado depois de Alberto da Ponte ter oferecido uma polémica frase para a capa de um jornal, ao dizer que «há gente na RTP que não faz puto». Entretanto continuam a sair trabalhadores da empresa, e já se ouve falar em carência de pessoal em algumas áreas. Como o discurso oficial é de que há trabalhadores a mais na RTP, a redução de pessoal não deverá ficar por aqui, a pretexto do reforço da produção independente. Resta saber que áreas vão ficar a cargo da empresa, mas parece que a produção interna da RTP poderá ficar reduzida ao mínimo.

Apesar de tudo isto a televisão pública vai dando provas de vitalidade. A recuperação nas audiências e o recente lançamento da aplicação 5i são exemplos da capacidade que a RTP tem mostrado para inovar e superar dificuldades, desde que a deixem trabalhar.

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