Mais do que opinião

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Falar Televisão

Atualmente, com a considerável diversidade de canais de informação (e incluo aqui a CMTV), existem imensos espaços de comentário político. Uma cacofonia de comentadores (sem, no entanto, grandes diferenças no discurso) que pegam na atualidade e a apresentam conforme o seu ponto de vista. Hoje o espectador já não quer ver apenas a notícia, quer também saber o que pensa Marcelo Rebelo de Sousa do assunto (ou José Sócrates, ou Marques Mendes, etc.). Cada vez mais notícia e opinião cruzam-se, numa mistura perigosa que pode por vezes parecer uma tentativa de formatação da opinião pública.

No entanto, são raros os espaços de opinião e de reflexão desligados da atualidade dos noticiários. Espaços de análise crítica e de questionamento que abordem questões mais abrangentes. Ponto Contraponto, programa que Pacheco Pereira conduz há alguns anos na SIC Notícias, é um dos poucos casos. Exibido ao Domingo à noite (com o horário a variar ao sabor dos horários dos jogos de futebol e das intermináveis análises que estes merecem), Ponto Contraponto não tem a menor pretensão de concorrer com os comentadores da TVI e da RTP1, porque joga noutro campeonato. Pacheco Pereira não está ali para dizer o que pensa do Governo, isso fá-lo na Quadratura do Círculo. Ali fala-se de história, de tendências culturais, de jornalismo e de um outro tema mais improvável, num tom algo didático. Não deixa de ser um programa de opinião (da qual podemos concordar ou discordar), mas vai para além da espuma dos dias.

Ponto Contraponto prova que a reflexão e o pensamento podem ter lugar na televisão. Pode até não dar audiências, mas também não exige grande orçamento. Pelos vistos na SIC Notícias, canal privado, ainda vai havendo espaço para alguma liberdade sem preocupações imediatas com as audiências (mesmo que os debates futebolísticos tenham a devida prioridade).

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