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Mais do que opiniĆ£o

A TelevisĆ£o
2 min leitura

Falar TelevisĆ£o

Atualmente, com a considerĆ”vel diversidade de canais de informaĆ§Ć£o (e incluo aqui aĀ CMTV), existem imensos espaƧos de comentĆ”rio polĆ­tico. Uma cacofonia de comentadores (sem, no entanto, grandes diferenƧas no discurso) que pegam naĀ atualidadeĀ e a apresentam conforme o seu ponto de vista. Hoje oĀ espectadorĀ jĆ” nĆ£o quer ver apenas a notĆ­cia, quer tambĆ©m saber o que pensa Marcelo Rebelo de Sousa do assunto (ou JosĆ© SĆ³crates, ou Marques Mendes, etc.). Cada vez mais notĆ­cia e opiniĆ£o cruzam-se, numa mistura perigosa que pode por vezes parecer uma tentativa de formataĆ§Ć£o da opiniĆ£o pĆŗblica.

No entanto, sĆ£o raros os espaƧos de opiniĆ£o e de reflexĆ£o desligados daĀ atualidadeĀ dos noticiĆ”rios. EspaƧos de anĆ”lise crĆ­tica e de questionamento que abordem questƵes mais abrangentes. Ponto Contraponto, programa que Pacheco Pereira conduz hĆ” alguns anos na SIC NotĆ­cias, Ć© um dos poucos casos. Exibido ao Domingo Ć  noite (com o horĆ”rio a variar ao sabor dos horĆ”rios dos jogos de futebol e das interminĆ”veis anĆ”lises que estes merecem), Ponto Contraponto nĆ£o tem a menor pretensĆ£o de concorrer com os comentadores da TVI e da RTP1, porque joga noutro campeonato. Pacheco Pereira nĆ£o estĆ” ali para dizer o que pensa do Governo, isso fĆ”-lo na Quadratura do CĆ­rculo. Ali fala-se de histĆ³ria, de tendĆŖncias culturais, de jornalismo e de um outro tema mais improvĆ”vel, num tom algoĀ didĆ”tico. NĆ£o deixa de ser um programa de opiniĆ£o (da qual podemos concordar ou discordar), mas vai para alĆ©m da espuma dos dias.

Ponto Contraponto prova que a reflexĆ£o e o pensamento podem ter lugar na televisĆ£o. Pode atĆ© nĆ£o dar audiĆŖncias, mas tambĆ©m nĆ£o exige grande orƧamento. Pelos vistos na SIC NotĆ­cias, canal privado, ainda vai havendo espaƧo para alguma liberdade sem preocupaƧƵes imediatas com as audiĆŖncias (mesmo que os debates futebolĆ­sticos tenham a devida prioridade).

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