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Haja amor!

A Televisão
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Chegou no passado sábado o novo programa da RTP1, «Com Amor Se Paga». Apresentado por Catarina Furtado, o novo formato trouxe ao horário nobre da estação pública um conteúdo bem diferente daquele que vinha a apresentar ao longo dos últimos tempos. Distanciando-se do talent show ou do humor, a RTP1 quis agora conquistar o público apelando ao sentimento e aos valores familiares. Uma boa aposta que deveria ter um maior reconhecimento dos telespectadores.

O horário nobre de sábado não tem vindo a ser fácil para a RTP1 ao longo dos últimos tempos (apesar de ao domingo à noite ser pior!). O público não tem o hábito de ver a estação pública e não «abre mãos» das novelas (e outros produtos) que também ao sábado vão para o ar. Parece que o público não é adepto das novidades e da diversidade!

«Com Amor se Paga» é um bom programa. É uma novidade na estação pública, mas não traz nada de novo, não traz um conteúdo que já não se tivesse visto antes, noutros programas. Ou, até, que não se veja regularmente na televisão. O «tratamento» que é dado ao conteúdo e o «embrulho» (televisivamente falando) é que são diferentes. E para melhor!

Este novo programa traz à memória os velhinhos «Surprise Show» e «Perdoa-me», os míticos programas da SIC da década de 90. Programas que, na época, fizeram furor e renderam audiências. A fórmula, essa, parece não estar gasta pois, quase diariamente, vemos pessoas a homenagear outras e a surpreende-las nos talk shows diários. E parecendo uma premissa simples para um programa (tendo em conta que esse é o único conteúdo), a verdade é que chega perfeitamente (a analisar pelo primeiro programa).

Em relação ao estúdio, este é grandioso e bonito; chega, até, a ser enorme em relação ao conteúdo do programa (que faz com que o mesmo se centre num canto do cenário, onde estão os sofás) e justifica-se o tamanho pelas atuações esporádicos (atuações musicais, por exemplo) que dão outro dinamismo ao programa. As VTs, com os testemunhos ou apresentação de quem quer homenagear ou é homenageado, estão bem editadas e seguem a linha do programa: apelar ao sentimento. A Catarina está «como peixe na água»; o formato está longe do grande entretenimento d’ «A Voz de Portugal», por exemplo, mas ela mostrou que também encaixa no registo mais talk show e próximo das pessoas (afinal, ela também dá o rosto pelo «Príncipes do Nada»). O alinhamento é bom, tal como o texto da Catarina. No geral, o programa é dinâmico e não perdem muito tempo com uma «história»; quando se espera que se vai estar muito tempo a ouvir os convidados a falar, a entrevista termina, o que faz com que, num só programa, haja uma quantidade considerável de convidados. E é aqui que os talk shows diários portugueses (seja da manhã ou da tarde) deveriam aprender com o «Com Amor se Paga»: geralmente, num destes programas diários, quando um convidado lá vai para homenagear ou fazer uma surpresa a alguém, ocupam uma parte do programa (entre 20 a 40 minutos) com esse «tema» (ou «história»), não havendo ritmo e tornando-se maçador. E, maçador, é coisa que este novo programa da RTP1 não é (pode-se não gostar do estilo, não se ser fã deste género de programas, mas o é inevitável reparar que o mesmo está bem conseguido)!

A nível audiométrico é que ficou muito aquém. Mas também, «A Voz de Portugal», um formato mais apelativo a todos os públicos, não conquistava grande audiência. Acredito que numa das privadas, nomeadamente na TVI, «Com Amor Se Paga» fosse um sucesso (e sendo um programa com ar de Fátima Lopes, poderia ter sido a sua ascensão ao horário nobre da estação de Queluz de Baixo!). Mas na RTP1 passa despercebido… e é uma pena! De qualquer das formas, e estando o programa na estação pública, a audiência é para se ter pouco em conta e deixar o programa seguir o seu rumo, naquele dia de exibição e naquele horário. Em relação à Catarina Furtado, este pode ser o programa que marca a sua despedida da RTP1 (e a sua mudança para a TVI?), visto que o seu contrato com a estação termina em maio…

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