Faz sentido?

A TVI e a Plural têm, nos últimos anos, traçado um caminho marcante na história da ficção em Portugal. Pela primeira vez no nosso país, uma estação de televisão dava real importância à ficção portuguesa. Foi a única a fazê-lo de forma continuada e passados 15 anos, a aposta mantém-se. É de Louvar!

Foram anos de muita prosperidade para a estação da Media Capital, mas com a partida do seu diretor geral, que era nada menos que o cérebro de toda essa grande operação, a máquina de produção perdeu força e nem a excelente forma oleada com que ficou, salvou a honra do convento.

Os meios técnicos mantêm-se impecáveis e ainda melhores do que há anos atrás, da mesma maneira que a prestação dos atores tem sido notável, mas o argumento perdeu o seu brilho. As últimas novelas têm baixado os resultados das suas exemplares antecessoras, levando a TVI a cometer um dos seus maiores erros: o regresso às adaptações.

Sou completamente contra qualquer tipo de importação no que diz respeito a novelas, e não posso ser favorável a esta atitude. A importação de argumentos faria sentido no passado, numa altura em que a máquina produzia os seus primeiros produtos, mas 15 anos depois, fará sentido? Depois do sucesso alcançado com os originais lusitanos, faz sentido voltarmos a importar guiões?

A TVI marcava a diferença por ser a estação da ficção nacional, e nos últimos meses já se ouviu falar de mais duas estórias latinas. São adaptações a mais. É certo que o enredo das nossas novelas já não cativa tanto o público, mas para isso é preciso não baixar os braços. É preciso colocar novos autores a trabalhar e empregar os veteranos que estão sem trabalho.

Uma estação adulta não deve ter este tipo de comportamentos. Se a TVI se quer afirmar no mercado como sendo uma estação adulta, não pode ter adaptações em antena. Vejamos o exemplo da Globo, que vive de originais, ou de outras grandes emissoras. Espero que o regresso do pai da ficção nacional traga uma nova forma de trabalhar à estação e que com isso a ficção TVI volte a ser reconhecida pelo seu mérito e excelência.