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E como será depois?

A Televisão
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Foi no passado sábado que Guimarães se apresentou como Capital Europeia da Cultura. A RTP1, como estação pública obrigada a fazer serviço público, dedicou grande parte da sua programação ao acontecimento que marcou aquela cidade e o dia, em Portugal. Mas, a dúvida que se impõe, é se a RTP1 continuará a manter esta linha depois da privatização.

O dia de sábado, na RTP1, foi focado em Guimarães, com maior presença na grelha da estação na parte da tarde. Vários especiais, com rostos do entretenimento e da informação, conduziram diferentes blocos da grelha: Sónia Araújo e Mário Augusto conduziram, a partir das 15:00, «Guimarães 2012 – Tu Fazes Parte», bem como o jornalista Carlos Daniel conduziu um especial de informação a partir do meio da tarde. O «Jornal da Tarde» e o «Telejornal» foram conduzidos, a partir de Guimarães, por Carlos Daniel e José Rodrigues dos Santos, respectivamente.

Se olharmos para a concorrência, as estações privadas esqueceram-se deste dia marcante a nível nacional. Salvou a “honra do convento” o facto tanto a SIC como a TVI terem um canal de informação por Cabo e, aí, terem mostrado a abertura oficial de Guimarães Capital Europeia da Cultura. Mas… e se não houvesse esses canais?! Será que fariam alguma emissão especial, a par da RTP1? E se a RTP1 não tivesse dedicado o dia a Guimarães, será que as pessoas tinham que migrar para os canais por Cabo para ver as comemorações? E será que as pessoas são obrigadas a ter TV Cabo?! Começa a faltar algum patriotismo na televisão nacional, nomeadamente nas televisões privadas… E, falta de identidade por falta de identidade, não é de admirar que o Cabo consiga, diariamente, conquistar mais telespectadores com produtos estrangeiros (legendados, até!), mas onde a qualidade e a diversidade sobressai!

Na RTP1, apesar do esforço, nem tudo foi um “mar de rosas”! A emissão «Guimarães 2012 – Tu Fazes Parte» foi o habitual que a RTP1 nos acostumou com as suas romarias, que praticamente todos os fins-de-semana aparecem na estação pública; nisso, a RTP1 é perita em se aproximar das pessoas, em ir até ao terreno e dar voz aos portugueses. O que se seguiu, por volta das 17:30/18:00, o especial informação conduzido por Carlos Daniel, é que teve algumas falhas: o jornalista já estava no ar e falava com a equipa técnica como se “nada fosse”; os jornalistas, em directo do Pavilhão onde se realizou a cerimónia, entravam no ar e logo a seguir davam a vez a outro, atropelando-se, não chegando a falar, gaguejando, numa grande falta de coordenação; em suma, houve muita desorganização, como se a RTP1 fosse um jovem canal! Já o “Telejornal”, após as comemorações, teve demasiado «enche chouriços», com directos longos e que pouco ou nada acrescentavam, deixando para depois as notícias do dia, dadas aos telespectadores depois da concorrência já se ter pronunciado acerca desses temas; no fim, o bloco informativo da noite acabou por ter um dos piores share’s (18,8%) dos últimos tempos.

Falhas à parte, foi de louvar os especiais de domingo, a transmissão de toda a Cerimónia Oficial de Abertura, a importância que deram a Guimarães e à cidade que vai marcar Portugal, em 2012, pela positiva. A concorrência, apesar de ter ficado à frente da estação pública no que a audiências diz respeito, pecou pela falta de identidade (ou não, se calhar já era de esperar!). E, vendo bem a postura das TVs privadas, será que depois da RTP1 ser privatizada, veremos, por parte desta estação, uma atitude semelhante? Será que este patriotismo se irá perder, em cerimónias e comemorações como esta, para ceder à pressão das audiências? Pode faltar algum tempo para estas perguntas terem resposta, mas o tempo é de reflexão e de levantar questões, porque amanhã pode ser tarde de mais… E será de lamentar se virmos uma estação a portar-se como as privadas, a deixar perder a essência e o orgulho de se ser português.

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