Na passada quinta-feira, 17 de outubro, marquei presença nas últimas audições do concurso da SIC, o Factor X. Foi interessante estar do «outro lado» e ver como as coisas funcionam nos bastidores. De facto, muitas pessoas acreditam que tudo o que nos «vendem» no ecrã é espontâneo e genuíno, mas não é bem assim (nada assim).
O vídeo de apresentação dos candidatos não é propriamente a «coisa» mais natural do mundo. Por exemplo, cerca de duas horas antes de atuar perante a audiência, um jovem gravou uma pequena peça a dirigir-se até ao palco – como se fosse cantar naquela altura. E os pais lá foram incentivados pela produção a dizer: «Força, filho. Força!». Muitas das situações que vemos na TV são, digamos, encenadas. Do género: «Agora façam isto», «Agora sorri», «Agora coiso e tal». E eu a pensar que isto acontecia maioritariamente nas novelas…
Falta aquele «brilho» no público. Muito boa gente já se queixou da falta de brilho no público e, realmente, parece que falta ali qualquer coisa. Mas a audiência foi alertada pela equipa do programa: «Bora lá, pessoal. Quando um candidato chega ao palco (e quando sai) – quer gostem ou não – só pela coragem de vir até aqui, já merece um grande aplauso!». Na verdade, o que acontece na maior parte das vezes é que o público apoia apenas os «seus». Quem tem mais fãs, é mais aplaudido, ora bem. Ainda assim assisti a momentos generosos nestas audições.
Sónia Tavares é a «fixe» do grupo de jurados. Sem qualquer dúvida, a vocalista dos The Gift é o grande destaque do programa (pelo menos até agora). Prima pela simpatia, pela irreverência e pela constante interação com o público. Durante a atuação de um candidato, as pessoas começaram a manifestar-se, situação que tornou a performance menos «audível». Sónia virou-se então para trás e fez sinal a todos os presentes: «Calem-se!». No entanto, provou alguma humildade quando, no intervalo, pediu desculpa ao público por aquele momento. Boa, gostei.
A Lucy foi ao Factor X. Parece que escolhi o dia certo para aparecer na novela da noite, Sol de Inverno. Fátima (personagem a cargo de Luciana Abreu) tentou a sua sorte com o tema de Tony Carreira, «Sabor a Ti». Foi um momento divertido e que provou (uma vez mais) o talento da atriz e cantora. Todos os presentes na sala do MEO Arena vibraram com a interpretação da eterna Floribella. Esteve à altura do desafio e acredito que este vá resultar numa cena hilariante para a trama da SIC. Mesmo assim houve quem murmurasse: «Eu não dei autorização para aparecer na novela!». Por favor…
O rapaz que cantou super bem, mas não passou. É verdade, um jovem (filho de uma figura pública), dono de uma grande voz, não ganhou o passe para a próxima fase, o Bootcamp. Eu não percebi porquê, ninguém no público percebeu porquê. Se a atuação passar na televisão, acho que vão entender o que estou a dizer. Para mim, foi a melhor audição daquele dia e, inexplicavelmente, obteve dois «Não». Sónia Tavares aprovou, Paulo Ventura e Paulo Junqueiro não gostaram. Gostos não se discutem, mas creio que a maioria das pessoas naquela sala estava em sintonia: o raio do rapaz cantou mesmo bem! Mas enfim.
Fica muita coisa por dizer e por contar, mas não é mesmo possível escrever aqui um «testamento». Este é apenas o meu ponto de vista sobre alguns aspetos das audições do Factor X. Acredito que, daqui para a frente, vamos ser brindados com grandes vozes e grandes momentos musicais nas galas em direto, que arrancam no início do dezembro. É isto, meus amigos. Até para a semana!
