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De bestial a dispensável

A Televisão
3 min leitura


Não é de hoje a minha admiração por Rui Vilhena. Quem me conhece sabe que sou um verdadeiro viciado nas produções do argumentista brasileiro. Fiquei vidrado em Ninguém como Tu, consumi Tempo de Viver até ao último instante e deixei-me seduzir pela Sedução que a TVI “matou” nos primeiros episódios.

Se bem se lembra, o país parou com a questão que marcou a ficção nacional. “Quem matou o António?”, que chegou, inclusivamente, a originar uma série de iniciativas por parte dos responsáveis da TVI, nomeadamente no que à cobertura do último episódio diz respeito. A partir daí Rui Vilhena passou a ser ainda mais conhecido do grande público. Seguiu-se Tempo de Viver e mais um sem número de elogios pela parte da crítica. O problema veio depois. E que problema.

Uma história mais complexa, uma fuga ao que era tradicional nas produções da TVI ajudaram ao insucesso de Olhos nos Olhos. Infelizmente, a própria direção do canal também não ajudou, renegando a telenovela para um horário com fraca adesão do público. Seguiu-se Sedução, que mais uma vez fugiu à “regra” das telenovelas da TVI e que, embora na minha opinião, seja, atualmente, a melhor telenovela em exibição na televisão portuguesa, durou pouco mais de um mês até ser emitida depois das 23h30. Péssimo e uma clara manifestação de que os responsáveis da TVI desvalorizaram e “assassinaram” o esforço e dedicação do autor.

Rui Vilhena De Bestial A Dispensável

E eis que, ao décimo quarto dia deste mês de Agosto, aquilo que há muito se esperava, acontece. Embora, neste momento, nada o fizesse prever, Rui Vilhena está de saída da TVI e vai para o Brasil, onde se prepara, diz-se por aí, para assinar uma das próximas telenovelas de horário nobre da TV Globo. Exatamente, aquilo que os responsáveis de Queluz de Baixo já não lhe queriam dar, a maior emissora brasileira e uma das melhores a nível mundial prepara-se para fazer. Curioso, no mínimo. Mas muito meritório. Oxalá o futuro prove que, ao contrário do que se disse nos bastidores, Rui Vilhena não estava “ultrapassado” por Maria João Mira ou António Barreira. E, nem nos últimos momentos, o argumentista deixa de mostrar o excelente profissional que é. Outro, no seu lugar, não teria escrito dois telefilmes, nem tão pouco deixado uma série “de luxo” totalmente idealizada e feita para estrear no próximo ano.

É que, passar de dispensável da TVI a estrela de primeira categoria da TV Globo não é para todos. E o tempo provará o quanto Rui Vilhena o merece. Eu estou cá para o aplaudir.

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