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Contenção de custos, a quanto obrigas!

A Televisão
5 min leitura

A SIC começou, ontem, a promover a sua nova novela para a hora de almoço. «Nova» é como quem diz, porque vem aí mais uma repetição! Até aqui, nada é de espantar porque há muito que a estação nos habitou a repetições naquele horário; o que é de espantar (ou não!) é a escolha da novela substituta de «Perfeito Coração». E essa escolha recaiu, nada mais, nada menos, em… «Podia Acabar o Mundo»!

Quando «Perfeito Coração» foi anunciada como a novela da SIC em reposição à hora de almoço (no horário pós-«Primeiro Jornal»), não houve quem tivesse estranhado tal opção. Primeiro, porque o hábito de exibir novelas brasileiras àquela hora estava mais que enraizado (e a queda de audiências no horário comprova-o) e segundo porque a novela tinha terminado há um ano e meio. Mas, se fossemos a ver, da nova Era de ficção da estação, não havia muitas hipóteses: ou «Podia Acabar o Mundo» ou «Perfeito Coração». Olhando para o sucesso que «Laços de Sangue» tinha alcançado, «Perfeito Coração» era a novela que mais se aproximava do seu registo e que, tendo em conta a primeira exibição, era capaz de convencer melhor os telespectadores. Mas o inevitável vai mesmo acontecer: «Podia Acabar o Mundo» vai mesmo voltar ao ecrã!

Quando surgiu a informação de que «Perfeito Coração» estava de volta, desde logo nos quiseram convencer de que essa atitude visava reforçar a aposta da estação na ficção nacional. Mas nada disso! A verdade, convenhamos, é que esta reposição dá jeito: poupam-se uns trocos enquanto se ocupa um horário. E põe-se em prática a política de uma grelha low cost! E quando se acreditava que esta era uma situação passageira, que a seguir a «Perfeito Coração» surgiriam as novelas brasileiras (mesmo em reposição), eis que preferiram continuar com a contenção de custos! Mas será que «Podia Acabar o Mundo» é a melhor opção?

Se formos a ver o lote de novelas da SIC, ou são muito antigas (com imagem, história e produção bem diferentes das novelas atuais) ou inapropriadas para o horário (como o caso de «Vingança» que tem muitas cenas violentas). E tendo em conta a audiência de «Podia Acabar o Mundo» aquando a sua primeira exibição, bem como o horário em que foi exibida, não será de estranhar que agora faça uma boa audiência, quem sabe superior à exibição original! É que da forma como passou despercebida, entre 2008 e 2009, agora é bem capaz de passar por novela original!

O problema de «Podia Acabar o Mundo» é que a história é um pouco enfadonha. Aproveita-se o início (nomeadamente o primeiro episódio) e algumas cenas lá pelo meio da novela, mas isso não é o suficiente. O Manuel Arouca quando escreveu a novela não estava particularmente inspirado! Pelo menos lá na SIC lembraram-se de lançar agora a novela, ainda com uma boa quantidade de episódios de «Perfeito Coração» pela frente; até «Perfeito Coração» chegar ao fim, vai ter algum tempo para servir de muleta a «Podia Acabar o Mundo» e, com um bocado de sorte, esta até pode fazer um resultado aceitável. O pior vai ser depois…

Olhando bem para o percurso das novelas que foram exibidas antes de «Perfeito Coração» e ao desempenho desta, a conclusão é muito simples: as novelas brasileiras resultavam e convenciam melhor os telespectadores. «Alma Gémea» nos seus últimos tempos fazia valores que rondavam os 30% de share; «Perfeito Coração» tenta manter-se nos 20% (o que não consegue, todos os dias, passar essa fasquia)! Até que ponto a contenção de custos compensa a perda de audiências? É neste tipo de contenção que um canal quer chegar a líder? Por um lado percebe-se a atitude da estação (já era previsível), mas por outro esperava-se que voltassem a apostar num bom produto para o horário (ou em esvaziar a gaveta que já está cheia de novelas originais da Globo por exibir!). E, para aquele horário, havia boas apostas: «Senhora do Destino», «Páginas da Vida» ou até «O Clone» (entre muitas outras) eram melhores opções. Vamos voltar a acreditar que, depois de «Podia Acabar o Mundo», voltem com as novelas da Globo naquele horário. E que, até lá, não se tenham arrependido!

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