Na presente semana nĂŁo pude deixar de ver o segundo encontro promovido pela NotĂcias TV, que visava debater o futuro da nossa televisĂŁo, dando especial destaque ao entretenimento. Durante mais de hora e meia, os ataques Ă programação, essencialmente aos reality shows da TVI e a Teresa Guilherme, que marcou presença no evento, foram mais que muitos e sĂł nĂŁo houveram mais porque o tempo se esgotou.
A adaptação portuguesa do formato dos segredos foi o principal alvo. Todos sabemos que este gĂ©nero Ă© e sempre foi muito controverso, mas as pessoas estĂŁo a levar isso ao extremo. A arrogância com que se olha para o espectador deste programa Ă©, no mĂnimo, absurda.
Há um problema muito grave na nossa sociedade e enraizado na visĂŁo de muitos espectadores, que vĂŞm a televisĂŁo como uma instituição de ensino. A televisĂŁo nĂŁo Ă© uma escola. A televisĂŁo, tal como outra empresa qualquer, seja ela de que ramo for, pretende ser lĂder de mercado e com isso, obter lucros. É perfeitamente legĂtimo.
Na Escola Superior de Comunicação Social, viram-se alunos emproados a encarar a rainha dos reality shows, que como sabemos, não se deixa ficar. Tenho a dizer que as respostas que lhes deu foram dignas de se ouvir.
A Televisão estatal anterior aos anos 90, que transmitia um serviço essencialmente cultural, permanece na mente portuguesa e não se aceitaram as evoluções verificadas na caixinha mágica. Criticou-se o facto de se fazer tudo pela audiências. Da mesma maneira que um hipermercado faz o que pode para angariar clientes, uma emissora transmite programas que agradem ao público e que a façam vencer. Não vejo mal algum nisso.
A Televisão e os profissionais que nela trabalham, têm como objetivo agradar ao público e serem vistos. Quando não há esse reconhecimento, não vale a pena. Tal como não vale a pena representar uma peça de teatro sem público a assistir.
A eterna questão da aprendizagem, ou falta dela, foi outra das que mais deu que falar. Porque é que uma pessoa não pode ligar o televisor apenas para se divertir sem ter que ser ensinado? Será que não podemos fazer algo que não nos ensine?
O mais irónico de tudo isto é que as pessoas que criticam o reality sabem menos que muitos que o vêm. Ou não fosse alguém enfrentar Teresa com um «ambos», referindo-se a três pessoas.