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Amor à vida e à arte

A Televisão
5 min leitura

Falar TelevisãoChegou à SIC, na segunda-feira passada, a novela Amor à Vida. Esta produção, em exibição no Brasil, na TV Globo, no «horário das nove», marcou a estreia do autor Walcyr Carrasco naquela faixa horária, depois de sucessos no «horário das seis» (com Chocolate com Pimenta, Alma Gémea, entre outras), no «horário das sete» (com Caras & Bocas e Morde & Assopra, por exemplo) e no «horário das 0nze» (com o remake de Gabriela). No Brasil, esta produção tinha a missão de reerguer o «horário das nove», depois da queda nas audiências com Salve Jorge (por cá será A Guerreira) que sucedeu a bem-sucedida Avenida Brasil. E, até agora, está a cumprir com a sua missão.

Pelos dois primeiros episódios exibidos cá em Portugal, percebe-se o «porquê» de Amor à Vida se estar a dar bem nas audiências. Tanto do outro lado do Atlântico como por cá… mas a esse ponto, já lá vamos. Esta novela é repleta de emoção, de diálogos bem construídos, de interpretações brilhantes. Deste elenco também não seria de esperar outra coisa… Mas, o que faz ficar agarrado a Amor à Vida é a capacidade da novela não precisar de «artifícios» e show off para convencer o público: não vimos explosões, acidentes e mortes no primeiro episódio. O que vimos foi arte com as emoções mais puras do ser humano, em cenas que poderiam acontecer no nosso quotidiano. A simplicidade inicial desta produção fez com que o público a levasse às alturas das audiências.

No primeiro e segundo episódios, Amor à Vida tornou-se na novela/produto mais vista em Portugal. Pôs Dancin’ Days, exibida mais cedo, em segundo lugar nos produtos que os portugueses preferem acompanhar. A audiência do primeiro episódio «fez corar» Dancin’ Days e Avenida Brasil pelos resultados alcançados na sua estreia. E se se esperava que, como habitualmente, a novela fizesse um valor mais baixo no segundo episódio – porque o interesse pode cair, porque o público que decidiu ver a estreia pode querer voltar ao produto que costumava acompanhar no horário, etc. -, Amor à Vida ainda teve a proeza de registar uma audiência maior, ajudando a estação de Carnaxide a liderar o dia entre os canais em sinal aberto. Apesar de a novela ter todo o seu mérito pelos resultados alcançados, a SIC também tem a sua quota parte no sucesso alcançado.

A promoção a Amor à Vida foi exemplar, por parte da SIC. As promos tinham emoção, mostravam os enredos da novela, a premissa da história, a interpretação dos atores. Não foi uma promoção vazia, inútil ou que passasse despercebida. O facto de Amor à Vida ter estreado «entalada» entre Dancin’ Days e Avenida Brasil, que são líderes de audiência e estão na sua reta final, também ajudou a chamar público. Mas a estratégia da estreia, em ter dado as três novelas sem intervalo – abdicando apenas do intervalo da faixa das 22:00-23:00 -, também foi de mestre. E o facto de não terem cortado o primeiro episódio, tendo-o exibido na sua totalidade apesar da duração, também foi de louvar. Pecou apenas pela irritante voz off que não se cala entre a transição entre novelas!

Eu fiquei rendido a Amor à Vida, confesso. A história emociona, faz-nos vibrar, emocionar, querer saber mais. Félix, o promissor vilão, tem tudo para conquistar os portugueses tal como tem conquistado o público brasileiro. Depois de Carminha de Avenida Brasil, não podia surgir um vilão menos vibrante. Mas a história da filha «perdida» é aquela história que o público, por cá, adora. Porque não há nada como torcer por um final feliz.

Em Portugal, Amor à Vida vai ter que continuar a convencer os telespectadores. Porque os portugueses renderam-se a Avenida Brasil e agora não esperam e não querem um produto inferior no horário. Até ao momento, aprovaram a nova produção, mas a concorrência está à espreita e muita coisa está para acontecer. Se Amor à Vida será eternamente bem sucedida, só o tempo o dirá. Até lá, que cada um decida se valerá ou não a pena ver esta novela, pura arte, bem produzida e cativante.

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