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A revolução de Hugo

David Ferreira
4 min leitura

Falar_Televisao 2012

14 de Janeiro de 2013 vai ser um dos dias em que a RTP1 vai mudar radicalmente a programação, com escolhas acertadas e erradas, com «Quem Pensas que és?», «Não Me Sai da Cabeça», e da nova duração do «Telejornal» do lado verde e o novo dia do «Prós e Contras» claramente no vermelho.

Andava hoje a dar uma vista de olhos pelas plataformas do A Televisão e dei de caras com uma chamada de atenção de um leitor para uma alteração na grelha da nova da RTP1 – nem um dia depois da sua apresentação – a informação dava conta de que a novela «Eram Seis» já não ia para o horário das 14 e que seria substituída pela reposição de «Velhos Amigos».  Confirmada que está a alteração, não deixa de ser irónico, que numa grelha anunciada como tendo mais estabilidade, nem um dia passou (na altura) e já havia uma alteração de programas e logo num horário em que a RTP1 costuma ter bons valores. Não sei como se vai comportar em audiências, mas sei que a série já foi reposta e não teve grandes valores, para que fazê-lo de novo nesta altura?

Da avalanche de estreias a caminho, o que mais me desilude é o programa de Catarina Furtado, uma mistura de programas similares da concorrência mas com anónimos. Preferia que tivesse havido mais criatividade na escolha do programa de sábado à noite. Um regresso de «A Voz de Portugal» era uma óptima escolha, mas à falta de orçamento, um concurso de cultura geral não seria seguramente mal pensado, principalmente agora, que desaparecem do horário nobre e ficam confinados ao «Preço Certo» de Fernando Mendes.

Na informação, vai finalmente chegar, o desde outubro anunciado e tão aguardado, «Telejornal» de 40 a 45 minutos. Mesmo não sendo o pior dos casos – as privadas levam o “essencial da informação” a ter uma duração de 1h20-1h40 (!) -, é preferível sintetizar e não encher o noticiário de futilidades. Afinal, quase 80% da população tem televisão por subscrição (e com isso acesso a 5 canais de informação portugueses e muitos internacionais) , e acesso à Internet, o meio mais utilizado na busca de informação. Tudo junto, acaba por tornar inútil o modelo de noticiário das privadas (e da própria RTP no «Jornal da Tarde»). O único ponto negativo na informação é a passagem do «Prós e Contras» para o domingo. Não é preciso ter o dom da futurologia para saber que o programa vai ser completamente arrasado pela concorrência fortíssima de «A Tua Cara Não me é Estranha» e «Vale Tudo». Gostava de estar enganado, mas não me parece, até porque os resultados que conseguia à segunda-feira não deixam muita margem para dúvidas.

Todas as novidades serão acompanhadas de uma nova identidade do canal. A melhor que vi em Portugal e das melhores a nível europeu. A isto ainda há-que acrescentar o passo importante que se dá ao avançar em definitivo para o 16:9. Um formato que lá fora já nem se discute a aplicação, e por cá, teima-se a não aceitar a evolução, mesmo que no cabo seja uma realidade e cada vez mais uma banalidade.

Quanto à RTP1, tudo isto ainda é pouco, afinal foi só a apresentação da nova grelha, e as primeiras avaliações só podem fazer com a nova RTP1 no ar. Mas uma coisa é certa, esta revolução tem tudo para correr mal, mas também tudo para correr bem, afinal, mal está a RTP1 há tempo de mais.

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