Estreou-se no teatro na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (em 1947), sendo que nos anos seguintes se profissionaliza, integrando o elenco de diversas peças de teatro de revista, um dos estilos em que deixou a sua marca incontornável. Passa pelos Teatros Monumental, Avenida, Maria Vitória e em 1964 torna-se fundador do teatro Villaret, referindo humildemente na altura da inauguração que o seu projecto futuro seria “pagar o teatro”. Para além disso, foi até ao fim da sua vida director da Casa do Artista, que fundou juntamente com Armando Cortez.
Entretanto, a sua estreia televisiva com um programa próprio dá-se em 1969, com o programa de referência “Zip-Zip”, em que partilha a apresentação com os seus amigos Carlos Cruz e Fialho Gouveia. Seguem-se várias peças de teatro. Sendo que em 1977 regressa à televisão com “A Visita da Cornélia”, um programa de grande sucesso na altura e ainda hoje lembrado com saudade. “O Resto são Cantigas”, “Faz de Conta”, Lá em casa tudo bem”, e tantos outros programas fizeram com que Raul Solnado ganhasse notoriedade televisiva.
De facto, o curriculum do actor é tão extenso e vasto que qualquer referência aos seus trabalhos ficará sempre incompleta e aquém do seu real valor. Recentemente, o actor gravou aquele que o próprio afirmou ser o seu “último trabalho para televisão”, “As Divinas Comédias”, um documentário que revê a comédia em Portugal e a sua evolução ao longo dos anos.
Embora eu não tenha sido testemunha do seu sucesso (devido à minha faixa etária), julgo que Raul Solnado será sempre lembrado como uma referência do humor nacional, um homem bem formado, não recorrendo à comédia fácil ou brejeirice para provocar o riso nos espectadores e, a meu ver a sua célebre frase “Façam o favor de serem felizes” diz muito do seu carácter. Recordarei sobretudo o seu sorriso espontâneo e sincero, com uma boa disposição inabalável.
Hoje perdeu-se o humorista, (cantor,) actor, apresentador, mas sobretudo o homem. Raul Solnado não será, certamente, esquecido.
Até sempre!
Raul Solnado
Herman José
José Sócrates