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A Entrevista – Mariana Monteiro

A Televisão
14 min leitura

A Entrevista - Mariana Monteiro

Tem 25 anos, é atriz e estreou-se na extinta série juvenil da TVI, Morangos Com Açúcar. Depois da sua chegada ao mundo da representação, há 9 anos, nunca mais parou e conta já com vários projetos no seu currículum. Fez parte do leque de atores exclusivos da TVI, onde integrou diversas produções, e agora que o mesmo chegou ao fim, prepara-se para abraçar um novo desafio, desta feita na área da apresentação, com o regresso do The Voice à antena da RTP1. Também na estação estatal, fez parte do elenco de uma mini-série de época, Mulheres de Abril, a estrear brevemente. Considera-se uma mulher de desafios e garante que a representação é, de facto, o que a faz feliz. Apesar de sair da TVI, não lhe fecha portas e afirma que nunca se esquecerá das oportunidades que a estação lhe deu. 

Quem é a Mariana?

Uma nortenha alegre e de bem com a vida!

25 anos, 9 dos quais como actriz. Toda a sua carreira na TVI. Perante este cenário, o que é que a motivou a sair da casa que a acolheu e a deu a conhecer ao mundo?

Eu cresci na TVI e estou muito grata por todo o percurso feito em 9 anos de ligação a esta estação. Anos de aprendizagem e crescimento como actriz. Tive ainda, neste percurso, oportunidade de participar em duas produções cinematográficas, fora do âmbito da TVI – no telefilme Conexão, exibido pela RTP e no filme Amália. Mas foi a TVI que apostou em mim e que me deu grandes oportunidades de evolução na área da representação. Como em tudo na vida, existem ciclos, e visto que o meu contrato chegou ao fim, em Agosto passado, passei a estar livre para analisar e abraçar novas experiências e outros desafios que me sejam propostos. Não se esquece nunca o sítio onde crescemos e que apostou em nós, apenas temos que ganhar asas e voar em várias direcções.

Não tem receio que esta saída para a RTP possa comprometer o seu futuro como actriz na TVI?

A RTP fez-me uma proposta que analisei e que aceitei, por considerar tratar-se duma experiência nova e desafiante para mim. Uma experiência diferente do que fiz até aqui e, por isso mesmo, também um desafio que quis assumir e testar. Estou livre e disponível para continuar a trabalhar como actriz, porque a representação é a minha área de eleição, em que quero continuar a apostar e a evoluir.

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Dos 9 anos naquela casa, o que é que guarda com mais carinho?

Muita coisa… Mas a experiência Morangos Com Açúcar, destaco-a como a mais marcante, porque foi o meu início e me projectou para a representação. Foi lá que fiz alguns dos meus melhores amigos de hoje, foi aí que descobri o que me fazia verdadeiramente feliz: representar.

Foram várias as novelas em que participou. Acha que este é um género televisivo já gasto, ou ainda tem muito para dar ao espectador?

Não. Nada se gasta ou acaba… tudo se renova. Há que inovar, recriar modelos e testar novas fórmulas que se ajustem a novas realidades. Ou seja, a novela terá que ter sempre um enredo inspirado num tema ou núcleo fundamental.

Na sua juventude acompanhava as novelas da Globo?

Sim. Eu era apaixonada pelas novelas da Globo. Recordo uma das primeiras que vi: Mulheres de Areia.

É para si uma ambição trabalhar com a Globo?

É, para mim, uma ambição poder trabalhar fora do país, e se essa experiência acontecesse na Globo, seria a concretização de um grande sonho!

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As da TVI têm perdido terreno para a concorrência, não só brasileira mas também nacional. O que acha que justifica esta migração do espectador para a ficção da SIC?

Acho que estamos a fazer cada vez mais ficção nacional, e ainda bem. Portanto, é perfeitamente natural que perante mais opções, uma oferta mais diversificada, haja mais oscilações nas audiências e menos fidelização a esta ou àquela estação. É sinal que há maior competição e isso faz com que aumente o grau de exigência do espectador, o que é positivo.

Estreou-se nos Morangos com Açúcar. Que diferenças há entre a Mariana dessa altura e a dos dias de hoje?

Muitas, claro. As diferenças mais óbvias e naturais entre uma rapariga de 16 anos e uma mulher de 25 anos… Estou, naturalmente, mais madura, pessoal e profissionalmente, porque cresci e aprendi muito a vários níveis. Consolidei a ideia, que era vaga, de que ser actriz é mesmo o que me dá prazer ser, e que é isso que pretendo prosseguir, enquanto actividade principal e prioritária.

Há muitas críticas por parte de atores mais velhos para com os novos atores que se têm descoberto nos Morangos. Alguma vez sentiu preconceito por ter entrado neste mundo através dessa série?

Senti, não tanto porque me foi imposto do exterior, mas porque partia de mim própria pensar que me faltava uma formação superior na área da representação, que outros tinham e eu não. Esse era um objectivo que me perseguia, mas que ia adiando por falta de tempo. Fui suprindo essa falha com trabalho autodidacta, aprendendo, fazendo, olhando atentamente ao redor e bebendo no exemplo dos mais velhos e experientes, fazendo, nas folgas, workshops de representação e outras formações de curta duração sempre que surgia a oportunidade.

Recentemente esteve no Brasil a ter formação em representação. Porquê o Brasil e não outro país, até mesmo europeu?

Porque quis conciliar uma viagem de lazer com formação. Ao fim de vários anos de trabalho intenso, precisava de dar um tempo ao descanso e ao lazer, e ao mesmo tempo aproveitar para investir na minha formação. O Brasil, sendo um destino que desejava há muito conhecer, permitiu conciliar estes dois propósitos – foi perfeito.

O que é que essa experiência trouxe de novo à actriz que há em si?

Um contributo importante para o crescimento e desenvolvimento pessoal da Mariana, enquanto pessoa e profissional. Participei em várias formações, e mais do que aprender de novo, deu para consolidar algumas técnicas e métodos de trabalho que já tinha experimentado cá.

Maria Della Luce, ou simplesmente Luz. Esta foi a primeira protagonista a que deu vida. Que memórias tem desses tempos? O que guardou desta experiência?

Tenho óptimas memórias. Foi um ano muito intenso, passado no sobe e desce entre Lisboa e Arcos de Valdevez, integrada numa das melhores equipas de trabalho de sempre. O que de melhor guardo dessa experiência é, sem dúvida, o ambiente extraordinário que envolveu elenco e equipa técnica.

Nos vários projetos em que participou, sempre deu corpo às «boazinhas». No ano passado estreou-se nas vilãs. Quais as principais diferenças em representar ambos os registos?

Não fiz, propriamente, de vilã. Fiz uma mulher obcecada e psicótica, que é um pouco diferente do papel de vilã. Agora também não era, de todo, a «boazinha», isso não. Considero que foi um desafio diferente encarnar um papel alternativo, e isso foi bom, pelo estímulo de sentir e experimentar outro tipo de personagem num registo diferente. O importante é a forma empenhada, apaixonada, e sentida como vivemos e interiorizamos a personagem.

Qual o maior desafio que encontrou para representar a Bárbara?

Esse estado psicótico e de obsessão por alguém, neste caso, por um homem. Encontrar esse olhar, de alguém vazio por dentro, sem qualquer respeito por si e sem amor-próprio.

Terminou no ano passado o seu vínculo de exclusividade. Porquê começar agora uma actividade como apresentadora?

Porque não ter esta experiência? Tudo o que for desafiante para mim, constitui um estímulo que não hesitarei em aceitar. A isso chamo viver: desafiarmo-nos, assumir o risco, ter essa capacidade de sair da nossa zona de conforto.

O entretenimento sempre foi um objetivo ou foi algo que surgiu mais recentemente?

Direi que foi algo que surgiu recentemente e de forma espontânea.

Segundo a imprensa, dará a cara pelos diários do The Voice Portugal. Para o caso de os mesmos serem emitidos na primeira faixa do Horário Nobre, não tem medo de ser «esmagada» pelas novelas das estações privadas?

Bom…, os Diários têm a duração de 2 minutos, sensivelmente, com públicos-alvo e mensagem diferentes de uma novela. E dois minutos passam muito depressa, não dá para ser «esmagada»! Não penso nisso, procuro é dar o meu melhor, seja em dois ou em duzentos minutos….

Acredita no sucesso do programa?

Claro! Sem dúvida alguma. Não me envolvo em nada em que eu não acredite.

Colocar as emissões semanais aos domingos é um risco muito grande, tendo em conta o historial de liderança da TVI nesse dia. Acha que isso pode ditar o insucesso do mesmo?

Quem toma essas decisões, fá-lo com conhecimento de causa, e porque acredita no sucesso do projecto, e eu também acredito que vai ser um programa de sucesso. É preciso oferecer conteúdos alternativos, que tenham mérito e acrescentem mais-valia.

Vale a pena correr esse risco?

Como dizia o poeta: «tudo vale a pena quando a alma não é pequena»!… Claro que vale.

De agora em diante pretende fazer também carreira no entretenimento ou é algo pontual?

Eu decido a minha vida passo a passo. Para já, será apenas uma nova experiência, no final, farei a minha avaliação…

Na televisão, que programas costuma acompanhar?

Depende das fases e das circunstâncias. Neste momento, não tenho espaço, nem tempo para ver televisão. Gosto muito de talent shows.

Também na estação pública participará em Mulheres de Abril. O que nos pode adiantar acerca desse desafio?

Está a ser maravilhoso fazer parte deste grande projecto. É o retrato de uma época que atravessa gerações que muitos vão recordar de ter vivido e os mais novos vão gostar de ver como foi… É uma mini-série com história e muitas estórias, bem construída, com um bom argumento, que irá surpreender muito positivamente.

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Como está a ser a experiência de participar num projeto de ficção de época?

É das melhores sensações, a de vestir a pele de uma personagem de época. Faço uma viagem no tempo que atravessa várias décadas. Estou fascinada pela envolvência, desde o guarda-roupa, os cenários, os carros e a música da época.

A participação na ficção da RTP é para continuar?

Como disse, estou disponível para analisar as propostas que me cheguem e representem para mim desafios estimulantes – a minha vida vai-se movendo passo a passo.

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Sei que este é um assunto que não gosta de comentar, mas não posso deixar de a questionar. Que opinião tem acerca dos reality shows?

Os reality shows são uma certa expressão de parte da sociedade atual, e novas fórmulas de entretenimento que satisfazem um leque alargado de público, e dão audiências. É inquestionável que é um formato de sucesso no mundo todo.

Outro dos assuntos mais comentados pela imprensa especializada foi a sua transferência, que segundo a mesma seria para a SIC. Não aconteceu. É algo que pode vir a acontecer no futuro?

Não faço futurologia. Tudo pode acontecer. Estou receptiva a ideias, propostas e projectos aliciantes…

As suas portas estão fechadas para a TVI?

Porque haveriam de estar?! Da minha parte estarei sempre disponível para novos desafios, naturalmente também na TVI que foi a minha primeira «casa».

Agradecimentos:

GLAM

 Entrevista: marcio.ferreira@atelevisao.com

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