fbpx

«Além do Tempo»: Mesa Redonda com Paolla Oliveira, Julia Lemmertz e Felipe Camargo (Parte 3/3)

Diana Casanova
8 min leitura

Conclui-se, hoje, a publicação dos excertos desta Mesa Redonda com os atores de Além do Tempo – Paolla Oliveira, Julia Lemmertz e Felipe Camargo. Emmys Internacionais, a reação do público e o misticísmo – leia tudo em seguida.


Vitória de Império nos Emmys Internacionais e expectativas para o próximo ano

Felipe – Olha por ser o Rogério Gomes e ele já estava lá em Nova Iorque indicado, quando a novela ganhou junto com o Aguinaldo todo o mundo pensou: «bom, o ano que vem… estamos lá», entendeu? Mas na hora que a gente está fazendo, não [pensamos nisso]. Você quer fazer a história.

Paolla – Nosso mundo fica tão pequeno quando estamos fazendo novela! Tão fechado. A gente não tem essa adivinhação. A gente vive o dia-a-dia, sabe? «Poxa uma cena bacana»…

Julia – O grupo de whatsapp do elenco comenta quando a gente vê a novela, comenta a cena do outro…

Paolla – É! A gente trabalha muito no hoje, no presente.

Felipe – A Globo está concorrendo com o que ela faz de melhor no mundo. Eu acho que a Globo tem feito séries cada vez melhores também, já há bastante tempo, mas a novela é o chefe aqui, das produções artísticas. E faz muito bem há muito tempo, então eu acho que a Globo sempre vai entrar muito forte na competição. Mas não, o barato é fazer, fazer legal. Se divertir. Contar uma história. Fazer o público se emocionar e seguir a novela. E é muito gostoso quando a gente sai na rua e você recebe comentários, coisas que você não espera… É muito divertido isso. E fazer. É o melhor momento da minha vida. O momento ali. Estar gravando. Estar atuando. Depois, aí, é uma consequência, que a gente não pode controlar…

A reação do público e o estímulo à reflexão

Paolla – A minha personagem eu achei que as pessoas iam ficar com raiva. Nada. Me adoram. «Ela tá certíssima. Tem que cuidar do marido dela… É isso mesmo!» e agora de novo, na segunda fase. Eu volto enciumada, chata e maltrato até meu filho. E as pessoas continuam falando «não, porque tem que ficar junto com o Rafael…». «Ela não merece nada disso…» É engraçado a reação. É engraçado como as pessoas estão refletindo sobre tudo. Eu vejo uma grande reflexão. Aí perguntam sobre a outra vida… «Porquê sua personagem está fazendo isso?»

Felipe – Eu acho que isso é que é legal nessa novela – essa reflexão. Eu acho que o público tem um tempo de se identificar. Não é uma novela correria, assim… Então, as pessoas estão vendo pessoas reais. O facto de a Paolla estar fazendo uma vilã, mas é uma vilã humana. Uma vilã que tem atitudes que a gente não concorda, mas há muita gente que se identifica.

Paolla – Infelizmente, no caso, é uma vilã. Então, se identificar é um problema.

Felipe – Nessa fase, pelo menos, é uma mulher que está lutando pela família, pelo marido. É passado numa cidade pequena, então tem esses valores. Quando no século XIX tem todos os valores e comportamentos do século, então você se transforma para esse tempo e é o grande trunfo.

Paolla – Mas as pessoas ficam ansiosas…

Felipe – «Quando é que você vai encontrar a Emília?» É engraçado que às vezes perguntam e dizem: «não conta, não…» [risos]

Misticismo e alteração de opinião sobre a existência de mais do que uma vida

Paolla – A minha [opinião sobre a existência de mais do que uma vida] não. Reforçou algumas coisas. Às vezes eu leio o texto e penso «mas é assim mesmo!». Às vezes as pessoas se olham diferente, têm um abraço diferente… mais carinhoso. Acaba sendo mais instintivo. Eu acho que só reforçou para mim. Eu já acreditava, mas a gente tem de fazer dessa vida tudo o que a gente tem de melhor, para não ter de pagar noutra vida. O melhor é ser agora.

Julia – É! Eu também tenho essa sensação. Eu acho que a novela, ela não tem uma pegada espírita, nem religiosa. Ela coloca ali uma possibilidade. Mesmo que você não acredite, ou acredite, não importa. O que importa é que existem muito mais coisas na vida que a gente pode supor que existe. Eles estão aí. Eles existem. As coisas acontecem, as pessoas se encontram, as pessoas se relacionam, se desgostam imediatamente, vai saber porquê. Mas eu sou bem budista assim. Eu acredito no agora. Agora é o barato. O que passou, passou e o que está na frente a gente não sabe.

Agora tem que ser bom. Agora tem que ser amoroso. Agora tem que ser de verdade, tem que ser honesto. Agora é importante, você está olhando as pessoas, você está se relacionando… Eu acho que é sobre isso que a novela fala também. Então, é assim, não abriu nenhum portal mas me fez acreditar que estamos fazendo uma novela de encontros. Nós nos encontramos, um elenco que se gosta, que teve uma identificação. Por algum motivo estamos aqui todos juntos falando sobre isso. É uma sensação boa. É um trabalho que dá um orgulho. Eu sempre quis trabalhar com o Rogério Gomes, e a gente nunca conseguiu se encontrar e se encontrou agora neste trabalho, que é um trabalho incrível. Fiquei admirando ele mais ainda, à equipe dele, aos diretores,… todos assim são pessoas incríveis.

Eu acho que a pessoa faz novela, faz folhetim, para contar os dramas, mas também para fazer as pessoas pensar um pouco nas suas vidas. A gente tem uma função, que é clara. Ou você faz ou não faz. Você pode pensar na forma como você está atingindo as pessoas. Essa consciência que todos nós temos nesse trabalho se reflete como um todo nesse trabalho.

Felipe – Eu acho que a Júlia falou tudo. Concordei em género, número e grau.

Recorde-se que Além do Tempo é exibida diariamente no canal Globo, exclusivo NOS, a partir das 20h. Encontra-se já na sua segunda fase.

Redatora e cronista