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A Entrevista – Victor Espadinha

A Televisão
8 min leitura

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Com 52 anos de carreira, divididos entre os palcos, a televisão e os espetáculos musicais, Victor Espadinha tem um currículo invejável. Um percurso de sucesso que o levou a integrar o elenco de séries como Malucos do Riso, Levanta-te e Ri e, mais recentemente, Hotel Cinco Estrelas. No entanto, esta figura incontornável da cultura portuguesa mostra que nem tudo é feito de sonhos cor-de-rosa. Atualmente, sem trabalho em televisão, lamenta o facto de atores de renome estarem a cair em esquecimento.

1 A Entrevista - Victor Espadinha

Sei que lhe foram prometidas oportunidades de trabalho na SIC que não chegaram a acontecer. Que promessas é que lhe foram feitas?

O que me foi comunicado é que eu ia começar a trabalhar em determinada data (em determinado período de tempo) e depois, durante um ano, não me disseram nada.

Porque é que decidiu publicar esta carta, que é uma carta que podia ter sido dirigida a Luís Marques [diretor-geral da SIC]?

Sim, essa carta eu já lhe tinha escrito e ele não respondeu. Telefonei várias vezes para a secretária dele, ele não me recebeu. Então, decidi publicá-la no Facebook.

Não houve nenhum contacto, entretanto, durante este ano.

Não, não houve contacto nenhum.

Esta é uma carta frontal, direta, sem qualquer rodeio. Chega mesmo a chamar Luís Marques de «aldrabão». Não tem receio das consequências que as suas declarações possam vir a trazer?

Não, porque eu tenho a carta assinada por ele, em que ele me mente, não é?

Atualmente, em Portugal, o ator não tem uma carteira profissional. Isso faz-lhe confusão?

Faz-me muita confusão. E faz-me muita confusão porque todas as profissões têm que ter uma carteira profissional, e a de ator não tem. Não percebo porquê! Claro que me faz confusão.

Acha que hoje em dia os diretores das produções chamam apenas os «amiguinhos» para a ficção?

Sim, sim! Chamam os amigos, mais nada. E depois disfarçam com alguns atores que estão dentro, mas o resto é tudo amizades e cunhas.

E acha que se dá privilegia aos jovens atores que saem de séries como Morangos com Açúcar?

Pronto, isso é trabalho… Os Morangos com Açúcar é uma série feita com os jovens. E os jovens também têm direito a trabalhar, não podem é prejudicar os profissionais. E não se pode dar trabalho em ficção nem em representação só porque os jovens são bonitos.

Disse numa entrevista que o lobby gay está muito presente no mundo do espetáculo, ou seja, os gays protegem-se uns aos outros. É mesmo assim?

Muito, muito presente… É uma autêntica máfia.

No meio desta revolta tão grande, o que é que mais lhe custa? É ver colegas seus a passarem fome?

Isso custa-me muito, ver colegas meus, alguns deles até a morrerem abandonados (como foi, por exemplo, a Maria Dulce, a Aida Baptista… tantos nomes do teatro). Grandes nomes do teatro foram abandonados. A Maria Dulce morreu recentemente sozinha num quarto, sem dinheiro para subsistir-se.

O Victor acabou por ser o porta-voz desse grupo de atores que está a passar mal. Vai continuar a luta?

Vou, vou. Eu não vou parar com isto, não vou parar.

Entregou a Pinto Balsemão uma ideia original para um programa de cinco minutos, Um Vagabundo e um Cão. No entanto, a proposta não surtiu efeito. Na sua perspetiva, qual foi o motivo para a rejeição?

Eu não entreguei a proposta para ser aprovada. Eu entreguei a proposta para mostrar ao Pinto Balsemão o que eu tinha escrito, não foi para ele aprovar. Ele é que resolveu entregar lá aos diretores para apreciarem. Eu não pedi nada para ser aprovado.

«Nas audiências para a TVI, perde, perde e volta a perder, anos a fim a perder», escreveu o Victor. O que é que está mal na SIC?

O que está mal na SIC é o Luís Marques. O Luís é que está mal na SIC. E a Júlia Pinheiro… Enfim, não têm categoria para dirigir a SIC.

«Ela pode ir roubar à TVI o jovem de A Tua Cara Não Me É Estranha […] pagar ao Jimmy Fallon da NBC, todos ao mesmo tempo para ela se colar ao lado, que o público vai sempre preferir o Goucha!». Portanto, na sua opinião, o problema das audiências reside na Júlia Pinheiro.

Sim. Reside na Júlia Pinheiro, no Luís Marques e nos incompetentes. Porque, por exemplo, a informação da SIC é impecável. A SIC é uma estação com classe. Não pode ter lá esta gente, não pode ter lá pimbalhada!

Disse ainda que a «falta de ética, a ausência de dignidade e a decadência» começaram com Teresa Guilherme. A culpa desta «decandência» que o Victor refere também reside na apresentadora Teresa Guilherme?

Sim, sim… Essa também esteve mal, essa foi para lá [SIC] para se governar. Também esteve mal.

A SIC já respondeu à sua carta. Foi explicado que uma colaboração sua seria equacionada em futuras produções e que a estação nunca assumiu qualquer compromisso. Como reage a este comunicado?

Sim, agora mandaram um comunicado que anda a circular pela imprensa e eu vou responder a isso.

Esteve cinco anos em primeiro lugar na SIC. Acha que tem capacidades para repetir o sucesso?

Eu fiz vários trabalhos para a SIC, e todos eles correram bem. Portanto, não há nenhuma razão para não me chamarem outra vez.

Chegou também a mostrar interesse em fazer uma greve à porta da SIC, em Carnaxide. Pretende mesmo avançar com essa ideia?

Isso ainda não sei, isso ainda não sei. Não sei que atitudes é que vou tomar. Ainda vou pensar.

Dizem os críticos que esta polémica foi para dar nas vistas, porque – devido à projeção que teve com a carta – é provável que agora seja chamado para uma novela/série.

Isso eu não sei, não sei o que é que o meu futurá dirá. Eu sou profissional, sou ator profissional há 52 anos e espero continuar a trabalhar.

Atualmente, além de dar voz a desenhos animados e de fazer peças de teatro, tem outros projetos em vista?

Estou a escrever uma comédia, que acabo esta semana de escrevê-la. É uma peça de teatro.

Uma palavra para aqueles que chefiam e lideram as televisões.

Dêem trabalho aos atores portugueses. Parem com novelas brasileiras e programas estrangeiros e enlatados e importações de programas. Criem, façam coisas portuguesas! Façam programas de música, ponham músicos a trabalhar. Façam telenovelas portuguesas, façam séries portuguesas. Pá, dêem trabalho aos portugueses, é o que eu desejo mais.

2 A Entrevista - Victor Espadinha

eduardo.lopes@atelevisao.com

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