Desde o dia 7 de julho deste ano que Sílvia Alberto integra a equipa do Só Visto! (RTP1), um magazine de atualidades original e criativo, que engloba entrevistas, reportagens, atuações e rubricas. «Ambiciono desenvolver as minhas capacidades como entrevistadora e o Só Visto! pode ser o início desse caminho», frisa a apresentadora.
E é na entrevista desta semana que pode ficar a conhecer melhor Sílvia Alberto, que, em declarações ao nosso site, afirma ser a mesma «miúda» 12 anos depois da sua estreia no Clube Disney. Relativamente ao sonho que tem por concretizar, bem, é o de sempre: «Uma volta ao mundo. Um ano a viajar».
– Sílvia, a sua carreira em televisão começa no ano de 2000 como apresentadora do Clube Disney. O que mudou até agora?
– As feições de menina, o cabelo curto, a impulsividade, as maiores inseguranças… e pouco mais. Continuo a falar demasiado, a ser distraída. Visto assim, a miúda é praticamente a mesma 12 anos depois.
– Qual a situação mais embaraçosa que já lhe aconteceu num programa em direto?
– Não teve graça nenhuma. Na primeira edição da Operação Triunfo que apresentei, caí mesmo antes de entrar no ar. Comecei a emissão ainda meio desfocada. Foi muito estranho. Isso e ter tido um ataque de tosse em direto, também nessa OT.
– Como deu a volta?
– O João Baião, que era convidado nesse dia, teve de vir em meu auxílio para dar continuidade à emissão porque eu não conseguia parar de tossir. Estava constipada e não foi nada fácil, mas foi divertido.
– Atualmente, vemos a Sílvia todos os domingos na RTP1. Que feedback tem recebido relativamente ao seu magazine semanal?
– As reações, dentro e fora da estação, têm sido muito positivas e tenho recebido muitos elogios ao projeto.
– Concorda com a decisão da RTP em apostar mais uma vez no nome Só Visto!? Não preferia outro título?
– Diz muito bem… Há decisões que não me cabem a mim e, por isso, é indiferente se concordo ou discordo. Importante é olhar pelo conteúdo das entrevistas, esse é o meu trabalho, que não inclui opinar sobre decisões estratégicas.
– Mas ambicionava apresentar um programa deste género?
– No passado já apresentei programas deste género. Saber acompanhar os tempos é para mim uma virtude e o tempo é de reestruturação, de olhar pelo todo e não para o particular. O trabalho na RTP é feito em equipa, e sempre foi minha postura adaptar-me às necessidades da estação. Ambiciono desenvolver as minhas capacidades como entrevistadora e o Só Visto! pode ser o início desse caminho.
– E de que forma pretende construir esse caminho?
– Para já, agrada-me conhecer e conversar com figuras públicas de diferentes quadrantes do meio artístico, bem como conquistar alguma regularidade no ecrã.
– Descreva-nos o seu processo de preparação das entrevistas.
– Recebo o trabalho de pesquisa sobre o convidado e procuro ficar a saber o mais possível sobre ele. Também recorro a entrevistas dadas previamente. Por vezes, contacta-se a família ou amigos para saber algo mais. Depois, segundo aquilo que a pessoa me transmitiu, traço um objetivo para a conversa e a entrevista é desenhada com uma outra surpresa pelo meio.
– Não pode revelar já um dos seus próximos convidados do Só Visto!?
– O convidado de cada semana só é revelado às quartas-feiras que antecedem cada programa na nossa página no Facebook, pelo que não estou autorizada a quebrar o suspense.
– Então e quem gostaria mesmo de entrevistar? Um nome que, à partida, será impossível.
– Para este formato… a apontar para as estrelas?
– Exato. Estrelas complicadas…
– Hum… uma rainha e uma princesa: a Rania da Jordânia e Kate Middleton; uma das mulheres mais influentes do mundo: a Oprah Winfrey; e ainda a grande actriz Meryl Streep. Mas duvido muito que seja possível…
Recentemente, conduziu o Nada a Esconder, um programa de entretenimento que procura revelar o lado humano do mundo empresarial. É um formato que lhe agrada?
– Dar visibilidade a empresários visionários e destemidos de pequenas e médias empresas, assim como estimular o empreendedorismo, foi algo que me agradou bastante – mesmo que para isso tivéssemos que sacrificar bom conteúdo em prol do formato em si e do entretenimento.
– Vamos agora ao passado. Tem saudades de apresentar um grande programa de entretenimento, como Operação Triunfo ou MasterChef?
– Sempre. São formatos intensos que se tornam inesquecíveis, não há dúvida.
– Falando em Operação Triunfo… Para quando uma nova temporada?
– A Operação Triunfo é uma opção de programação dispendiosa para uma altura como esta. Não tenho indicação que esteja para breve, mas podemos sempre sonhar com isso.
– E quanto ao fim do Festival da Canção em Portugal (que foi apresentado por si nos últimos anos): qual a sua opinião sobre este desfecho?
– Parece-me que era inevitável. É necessária uma boa reestruturação à forma como nos posicionamos e como nos apresentamos na Eurovisão. A participação tem de ser rentável.
– Certo. Mas não há possibilidade de voltarmos à carga na Eurovisão?
– Não é a primeira vez que optamos por não participar. A saída não tem necessariamente de ser definitiva, mas é verdade que há que avaliar a relação custo/benefício.
– Sente-se feliz e realizada na RTP?
– Sim, se vivesse numa bolha, alheia aos problemas do país e à conjetura atual da estação. Não é a melhor época para me colocar essa questão, estamos na luta pela estabilidade e crescimento… E nisso estamos juntos.
– Pergunta do costume: tem recebido convites para a concorrência?
– Não.
– Futuramente, que género de programas gostava de apresentar?
– Podia ser interessante dar continuidade a este percurso que agora se inicia com o Só Visto! e partir para entrevistas de fundo. Ou até mesmo fazer uma ou outra incursão nas séries que a RTP está a produzir.
– Como avalia o atual panorama televisivo em Portugal?
– Para mim, está a iniciar-se uma grande revolução que começou com o advento da internet e das redes sociais, e que alterou por completo a forma como consumimos televisão. Hoje, o time warp permite àqueles que têm o serviço ver o programa que querem, na hora que bem entendem. Esta ainda não é a realidade da TDT, que serve a grande maioria dos lares portugueses, mas acredito que para aí caminhamos. Creio que mais tarde ou mais cedo o método atualmente utilizado para medir as audiências há-de tornar-se obsoleto.
– E é cada vez mais raro vermos um programa do início ao fim, não é?
– Sim, é raro ver-se um programa do início ao fim. Fazemos zapping a todo o instante… Não podemos ficar alheios a isso por muito tempo. Mas a conjetura particular do país não permite que o entretenimento seja uma prioridade, ainda que seja vital para o ânimo geral. Vamos ter que ir fazendo o que podemos e trabalhar para que as coisas melhorem.
– Última questão: que sonhos estão por concretizar?
– O de sempre: uma volta ao mundo. Um ano a viajar. Quem sabe um dia…