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A Entrevista – Rita Guerra

A Televisão
11 min leitura

Opluvntr A Entrevista - Rita Guerra

São mais de duas décadas a cantar emoções, numa entrega que revela a sua paixão pela música. Rita Guerra é uma das artistas mais queridas do panorama da música nacional e é considerada uma das melhores vozes portuguesas. O amor à natureza, à paz de espírito e, essencialmente, à música são o que move a sua máquina vocal e as notas do seu piano. Em entrevista ao A Televisão, a cantora fala do seu percurso e da experiência como júri do Rising Star (TVI).

2 A Entrevista - Rita Guerra

O Rising Star não está a ter «aquele» boom que se esperava. Esta situação não é desmotivante para si?

De todo. A verdade é que a essência do programa é inteligente e audaz. Alegra-me muito ver que a TVI apostou e investiu num formato inovador, que ainda por cima permite uma interação em real-time e grátis. É uma forma de fazer reunir a família, uma vez que acredito que muitos dos espectadores com mais idade peçam aos mais novos para votarem por eles, nos smartphones ou tablets. Esmorecer não é a solução para qualquer situação na vida, muito menos quando se tem algo de valor nas mãos, como é este novo formato.

O que é que poderá estar a falhar?

Creio que apenas têm de haver mais programas assim. O Rising Star foi o primeiro com este novo concept, e por vezes as pessoas têm medo do que é diferente. Se vierem outros como este, não duvido que a adesão seja cada vez maior.

Consegue ver química nos apresentadores?

Eu confesso-me surpreendida por ambos. Não porque não conhecesse a Leonor Poeiras a trabalhar, mas porque está de facto muito bem nesta «pele». Quanto ao Pedro, ele sim, foi uma surpresa, pois apenas o conhecia como ator. Na minha opinião, ele está muito melhor agora, no palco com a Leonor, e já encontrou o seu equilíbrio nesta nova experiência. A química deles é simplesmente perfeita.

Até agora, que balanço faz desta aventura?

O balanço é muito positivo. Está a corresponder às minhas expectativas e estou muito satisfeita por participar como membro do júri.

Relativamente aos seus colegas, como é a vossa relação fora do programa?

A nossa relação existe somente aos domingos e é perfeitamente pacífica, transparente, equilibrada, muito divertida e agradável.

É bom estar desse lado, na bancada do júri?

É bom estar deste lado porque, de alguma forma, estamos a valorizar quem tem mais talento. Alguém que ali vá concorrer, sabe que no final só haverá um vencedor (no caso dos intérpretes individuais), e naturalmente que sabe também que o nosso papel é avaliar cada vez mais à lupa o potencial de cada um deles. Na verdade, eu sou uma otimista e sou muito bem-disposta e brincalhona.

Custa-lhe muito dizer um «não»?

Gostaria de poder dizer que sim a todos, mas o não faz parte deste tipo de avaliações e deve ser tomado como um sinal de que nem tudo está bem e que poderá eventualmente ser melhorado. Os nãos, ao longo da vida, têm a tarefa de nos fazer crescer e querer aprender mais e melhor. Por ver os nãos da vida desta forma, é que posso responder seguramente que: não, não me custa muito dizer «não».

Na sua opinião, este formato tem revelado boas vozes?

Há no programa casos de vozes inconfundíveis. Tenho ficado surpreendida, sim. O programa tem revelado de facto muito boas vozes e isso está à vista de todos.

Que mensagem pretende passar aos concorrentes?

A mensagem que pretendo passar-lhes é: se esta é a opção deles para tentar fazer uma carreira, há muito por que batalhar. Ter uma boa voz, só por si, não basta. A realidade do mercado hoje é outra, e há que estarmos atentos a tudo o que se passa à nossa volta. Mas sempre sem perdermos a nossa identidade. Cada um deve ter a sua forma de se expressar; resta saber se essa expressividade está a acontecer da forma mais «saudável», e aqui falo de: respiração, colocação da voz, pronúncia, postura, etc. Agora: querer é poder. Quando se quer muito algo, luta-se. Temos é de ter a cabeça no lugar e percorrer o caminho de forma digna e séria.

Mas o caminho nem sempre é fácil. É muito pouco provável que deixem de tocar uma Beyoncé para tocar o vencedor do Rising Star

Isso dependerá muito da música em si, da letra, da produção, da interpretação, etc. Depende também (e muito) de quem está à frente das estações de rádio. Claro que artistas internacionais, que movem milhões de pessoas, adquirem um estatuto de distinção quase inatingível para quem vive da música neste país à beira-mar plantado e tem (enquanto português) um público com determinadas exigências aos músicos portugueses. Mas o facto é que lá fora há muito mais pessoas a ter muitas mais boas ideias, com muitos mais meios, muito mais dinheiro. Há também o preconceito de que nada do que cá se faz é bom, o que para além de não ser verdade, dificulta de imediato as coisas. A pirataria é um problema sem vias de acabar, e o poder de compra dos portugueses está cada vez mais reduzido.

Hoje, o que a define, enquanto cantora?

Hoje sou uma cantora mais experiente, com uma maior noção do que posso fazer com a minha voz. Tenho cada vez mais influências e referências que me inspiram a cruzar novas sonoridades e diferentes abordagens vocais e musicais. Tenho uma paixão infinita pelo que faço, e tenho uma quantidade enorme de projetos por concretizar. Estou mais exigente comigo e relativamente às pessoas que estão a trabalhar comigo, pois ser exigente permite-nos sermos mais eficientes. Procuro e procurarei sempre a opinião de quem, para mim, tenha crédito para fazê-lo com objetividade e verdade. Continuo fiel aos meus princípios: como tudo na vida, ou é a sério, ou não faço.

Alguma colaboração de sonho ainda não concretizada?

Assim muito de repente: George Michael. É um cantor dotado de uma sensibilidade muito acima da média, com uma interpretação única. Tem composições que me levam às lágrimas e foi, a partir do álbum «Older», uma referência de topo para mim, tanto como compositor como intérprete. Seria concerteza um dos momentos mais fortes e marcantes da minha vida enquanto apaixonada por música e pelo canto, se conseguisse cantar com ele. A partilha de uma canção pode ser mais que isso só: dividir a canção por dois ou mais cantores; pode ser uma soma de feelings e de inspiração mútua, o que faz com que por vezes , uma simples canção se torne um hit eterno.

Ao vivo, canta quase sempre de olhos fechados. Quando isso não acontece e consegue olhar para a plateia, o que vê?

Eu canto quase sempre de olhos fechados, sim. Ao vivo e em estúdio, e até mesmo em casa. Confesso que faço um esforço para não estar mais tempo de olhos fechados. Preciso criar contacto com as pessoas que estão ali para me ver e ouvir, e vejo sempre o mesmo: uma multidão de pessoas a olhar fixamente para mim e quase sempre a cantar as músicas todas. Vejo pessoas a chorar, pessoas a mandarem-me corações e beijos, vejo o meu público a vibrar com o que faço, e não há maior satisfação que sentir que estamos no caminho certo.

Quem é a Rita fora dos palcos e da televisão?

Eu sou uma pessoa muito pacífica, muito bem-disposta, algo solitária em muitos momentos (gosto muito de fazer caminhadas de auscultadores na cabeça, andar de mota, estar calmamente a usufruir do conforto da minha casa) e também muito dada a reuniões com gente amiga, mas fora das típicas «rotas de fim-de-semana»: saídas para discotecas, lugares com muita gente, fumo, confusão, não é nada o meu género. Sou grande apreciadora de cinema, gosto muito de visitar museus com a minha filha, faço por estar com o meu pai o mais que posso. Sou muito caseira. Adoro o sol, as cores vivas, a luz, conduzir, ouvir música e cantar. Ah! Adoro comer.

Neste momento, está feliz em todos os campos da sua vida?

Este está a ser um período de metamorfose, a todos os níveis. Enquanto pessoa, mulher, mãe, filha, cidadã, profissional e amiga. Estou feliz, sim.

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Rita Guerra faz um balanço «muito positivo» de «Rising Star»
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