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A Entrevista – Nuno Eiró

A Televisão
12 min leitura

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É jornalista, apresentador de televisão e repórter português. Integrou os quadros da SIC, mas em 2011 fez mudança para a TVI. Atualmente, Nuno Eiró tem a seu cargo a apresentação do Mais Vale à Tarde do que Nunca e conduz ainda o Somos Portugal. É estar em direto, seis horas, todos os domingos, que o faz feliz. Em entrevista exclusiva ao A Televisão, o apresentador fala da fase mais difícil da sua carreira, do seu percurso e do estado da televisão.

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1 A Entrevista - Nuno Eiró

– Já lá vão 12 anos de televisão. Qual é o balanço que faz da sua carreira televisiva?

– Tem sido uma aventura, recheada de projetos aliciantes e equipas extraordinárias. Conheci pessoas que ficaram meus amigos para a vida, viajei muito e tenho conhecido imensos lugares dentro e fora do país que, de outra maneira, não conheceria. Sou um privilegiado!

– O Nuno tem um humor muito particular (atrevido, vá). Já lhe trouxe dissabores na TV?

– Não. So far, so good. Mas estou mais comedido, há que saber envelhecer na profissão.

– Sente-se realizado com os programas que tem feito?

– Sinto-me muito realizado com todos os programas que fiz em televisão. Na SIC, Êxtase, o início da minha formação em televisão: fomos frescos, inovadores e vencedores. Flagrante Delírio (programa de apanhados, das coisas mais difíceis de se fazer em televisão): fomos o programa mais visto de Portugal, até nas repetições. O Fátima, um privilégio… fazer humor de improviso e contribuir para vitória daquela que, durante oito anos, foi rainha das manhãs na SIC, Fátima Lopes. Com a Direção Penim, foram dois anos maravilhosos: SIC No País do Natal, Família Superstar com a Bárbara e com a Vanessa. Já na TVI têm sido três anos incríveis…

РE nota-se que ̩ muito feliz na TVI.

– Tenho a oportunidade de trabalhar e aprender com os melhores: com a Cristina, com a Fátima, com a Iva e com a Mónica no Somos Portugal. Vídeo Pop com a Leonor Poeiras. Voltei a fazer apanhados com o Toda A Gente Me Diz Isso. Repórter da Teresa em três Casa dos Segredos. E agora, o que me divirto aos sábados com a Belinha…

– Depois de terminar o SIC ao Vivo, esteve algum tempo afastado das lides televisivas. Como é que viveu esse período?

– Foi um período inegavelmente difícil e solitário, mas extremamente produtivo. Amadureci, sinto que encontrei o rumo certo numa altura que me poderia ter deixado sem rumo. Tenho a certeza de que nada do que estou a viver hoje, e da forma como o estou a viver, seria possível sem ter passado esse pequeno «deserto». Obrigado a quem mo proporcionou!

– Nunca teve vontade de regressar à SIC?

– De todo. O futuro a Deus pertence, mas no presente, definitivamente… não.

РMas guarda boas recorda̵̤es desses tempos?

РGuardo da SIC o melhor. Sete anos de programas vencedores (o que hoje vai sendo uma raridade por Carnaxide), amigos q.b. (e quando digo isto ̩ porque ṣo poucos, mas ṣo muito bons). E claro, foi a casa onde nasci, onde aprendi imenso e que me fez apaixonar pela TV. Nunca o esquecerei.

– Uma das partes mais memoráveis da sua carreira para o público foi o Fátima. Sente-se de certa forma um «sobrinho» de Fátima Lopes?

– Eu achava que sim, que era um sobrinho. Mas numa viagem para o Somos Portugal, a Fátima fez-me ver que era para ela como um irmão televisivo, e isso honra-me muito!

– Chegou a ser comentador do social, na rubrica Tertúlia Cor-de-rosa. Ainda existe preconceito sobre essa área?

– Claro que sim. Vivemos em Portugal. Toda a gente diz mal, mas toda a gente vê. Tenho a certeza que o facto de o ter sido [comentador do social], fez com que o meu caminho fosse mais atribulado e muito menos glamoroso. Mas, no final de contas, estou cá, onde quero estar, e chegarei onde quero chegar. Portanto, não me arrependo.

– Na TVI já apresentou centenas de emissões do Somos Portugal. Como é conduzir seis horas seguidas, em direto, todos os domingos?

– Uma verdadeira aventura. Não há no mundo nenhum programa de seis horas em direto. Fomos os primeiros. E os únicos a vencer todos os minutos (ou a grande maioria) dessas seis horas. É histórico! É um study case, ou seria, se alguém se desse ao trabalho de o fazer. Sim, é duro… direto ao frio, à chuva, ao vento, ao sol, ao calor extremo, milhares de quilómetros e milhares de pessoas a assistir ao vivo. Vamos da música popular, à etnografia, à religião, às tradições pagãs. Somos uma equipa que hoje já se considera uma família. Se pudéssemos gravar as nossas viagens, a nossa interação não verbal com a régie e tudo o que se passa na régie e que vem até nós através do auricular… daria outro programa, mas num horário mais tardio.

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– O programa dura a tarde inteira, e isso implica muito improviso. Tem algum receio de perder o fio à meada durante um direto de tantas horas?

– Sempre lidei com o improviso. Tantos anos como repórter deram-me improviso, lateralidade, ou seja, capacidade para ver tudo o que se passa à minha volta e torná-lo conteúdo televisivo. Mais de uma centena de programas volvidos, tenho a espinha dorsal do programa de cor na minha cabeça. Depois, é encher com o conteúdo novo que, semanalmente, a minha brilhante editora Paula Correia produz para estas seis horas de emissão.

– O que é que continua a fazer deste formato um líder de audiências ao domingo naquela faixa horária?

– Sempre achámos que era a música e a possibilidade de ligar Portugal aos emigrantes que morrem de saudades das suas gentes e das suas terras, através da mostra das feiras e dos locais onde estávamos. Agora que temos concorrência? Continuamos a achar isso tudo e acrescentamos a química que os apresentadores têm entre si e entre a sua equipa de régie e produção. A verdade, a sinceridade dos abraços a quem está ao pé de nós. Faz toda a diferença. Durante aquelas seis horas Somos todos Portugal.

– Não acha que há uma aposta exagerada em programas com música pimba? Temos o Aqui Portugal, Portugal em Festa, Somos Portugal… Muitas pessoas queixam-se desta situação.

– Compreendo as queixas e respeito quem queira mais diversidade na televisão generalista. Tenho a dizer três coisas: (1) Já cá estávamos, (2) As audiências mostram que continuamos a ser a preferência de quem vê a generalista, (3) Há mais pessoas a ver do que a reclamar (para esses, tal como para mim quando estou em casa, existe a cabo).

– Ficou surpreendido com a saída de João Paulo Rodrigues da TVI?

– Não fiquei nada surpreendido. Ninguém recusa uma proposta, já de si, irrecusável. O João é um ser extraordinário, humilde, trabalhador, amigo. Merece tudo de bom que o universo tiver para lhe dar.

– Acha que a Marisa Cruz saiu prejudicada nesta história?

– Dizer que ficou prejudicada é um eufemismo. Mas a vida é mesmo assim. A Marisa perdeu o seu parceiro de programa, a outra metade da sua laranja televisiva. Claro que ficou prejudicada. Cá estarei sempre para lhe dar a mão.

– Entretanto, o ano de 2014 trouxe-lhe novos desafios. O Mais Vale à Tarde do que Nunca está a corresponder às expectativas?

– Nós divertimo-nos muito neste programa. E quando digo nós, quero dizer apresentadores, convidados, equipa técnica, equipa de produção e realização. Somos uns sortudos.

РO que me diz acerca da sua colega, Isabel Silva? Prev̻ um futuro promissor para a Belinha?

– A carreira da Belinha vai crescer mais do que ela. Ela é talentosa, tem pilhas de graça, vontade de evoluir, crescer, aprender. É uma força da natureza. Temos química desde o primeiro momento. Faz parte da fornada de mulheres da TVI que, tecnicamente, dão 10-0 a todas as outras!

– O formato tem recebido algumas críticas negativas nas redes sociais, e as audiências também não são muito expressivas. Na sua opinião, o que é que poderá estar a falhar?

– Em relação às críticas de quem se esconde atrás de um PC, sinceramente, não me diz nada. Em relação às audiências, debatemo-nos com fatores que não existiam nos tempos do nosso antecessor. O Aqui Portugal da RTP, mais tempo de programa, o que gera muito mais intervalos e que leva as pessoas a mudar de canal. Compreensível. Vocês, A Televisão, que estão sempre atentos, também podem confirmar que a SIC mudou a sua grelha para contra-programar. Embora nos afete nos números, aumenta-nos o ego.

РComo ̩ que v̻ o estado da televiṣo em Portugal?

– A mudar lentamente, como tudo neste país… Mas ainda se arrisca pouco. As audiências matam a criatividade e a diversidade!

– Vê-se a fazer televisão para sempre, ou o «para sempre» é muito exagerado?

– «Para sempre» não existe, só nos contos de fadas. Vejo-me a fazer televisão enquanto me quiserem ou, no limite, enquanto eu quiser.

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