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A Entrevista – Nuno Eiró e Mónica Jardim

David Soldado
7 min leitura

Já são mais de quatro anos de Somos Portugal. A energia ainda é a mesma?

Nuno Eiró: Na realidade fazemos cinco se contares o Somos Portugal com os especiais. Foi o meu primeiro programa na TVI. Na altura estreei-me com a Cristina Ferreira na Festa dos Tabuleiros, em Tomar. Aquilo que seria apenas um especial e um domingo, acabou por ser mais quatro anos. Entretanto depois fui para outro programa, o Somos Portugal continuou, parámos em setembro e em fevereiro de 2012 voltámos.

Mónica Jardim: Sempre, sempre! Aliás, a energia é em qualquer dia da semana. Também já faz parte da minha imagem de marca, mais ainda ao domingo porque estamos em contacto com o público. Somos realmente uns privilegiados. Obviamente que a parte menos boa é o Nuno Eiró! [risos]. Temos uma cumplicidade enorme, quem nos conhece sabe que somos grandes amigos e divertimos-nos imenso um com o outro. Se há pessoa que me faz rir e muito é o Nuno Eiró.

Nuno Eiró: A minha relação com a Mónica é familiar. São aqueles tipos de relações pelas quais dás graças.

É mais fácil trabalhar entre amigos?

NE: Se soubermos dividir as coisas, é um privilégio!

Mas não há sinais de cansaço? Afinal já são milhares de quilómetros percorridos. 

NE: Eu continuo a acreditar que qualquer processo artístico de comunicação tem que se basear na verdade, independentemente de tudo. Nós não somos iguais durante 24 horas, nem mesmo com viagens de 300 km ou mais. Obviamente que esse nível físico não é muito apelativo, mas depois chegas cá e tudo isso se dissipa com a “boa onda”  da equipa e a “boa onda” que vivemos entre nós. Tornámos-nos realmente parte da vida uns dos outros e não é só aos domingos. E vou-te ser muito sincero, isso para mim, passados 5 anos, é o combustível que me permite ter a mesma energia do início.

Portanto, a cumplicidade entre vocês vai para além das câmaras. 

MJ: A cumplicidade flui de tal maneira que esquecemos das câmaras. É assim, sabemos que está lá uma câmara mas por vezes achamos que não existe.

Qual é o balanço que fazem destes quatro anos de emissões? 

NE: O Somos Portugal é uma grande escola porque não estás só a fazer televisão. Lidas com todas as questões que em estúdio não ligas como a quantidade de pessoas, o frio e o calor que também condiciona a tua energia. Não me venham dizer que não mas é grande o esforço que temos de fazer para fazer de conta que isso não acontece porque em casa as pessoas não têm frio nem calor. Estão confortáveis e isso não pode ser um entrave no nosso trabalho. Claro que aprendes! Hoje faço televisão de uma forma completamente diferente de quando comecei este programa.

MJ: O balanço é extremamente positivo até porque o programa é líder de audiências desde o seu primeiro minuto. É difícil mas também há muita coisa que contribui para todo este sucesso. É a equipa com a qual eu adoro trabalhar.

O Somos Portugal é muito alvo de preconceito? 

NE: Acho que sim! Este programa aproxima-nos do público e das nossas tradições. Obviamente que nós por fazermos isto não temos de ser consumidores de tudo. A mim dignifica-me e tenho orgulho de ter no currículo um programa desta dimensão, com esta longevidade e com esta implementação de mercado. É um privilégio.

MJ: É como tudo na vida! Há quem goste mais e há quem goste menos. Portanto, é assim. Somos todos diferentes.

Este programa ainda tem muitos anos pela frente? 

NE: Isso é que eu já não te sei dizer [risos]

MJ: Eu quero fazer parte da equipa enquanto o programa durar. Se durar mais quatro ou cinco anos quero continuar a fazer parte do Somos Portugal e ter outros projetos, claro. Isto é só aos domingos [risos].

Sentem-se os rostos principais e os mestres, por exemplo, dos aprendizes João Montez e Olivia Ortiz? 

NE: Eu não me sinto o rosto principal mas sinto-me responsável na parte que me toca pelo sucesso deste programa. Na realidade é como criares um filho, há várias pessoas envolvidas e cada uma delas tem um pouco seu envolvido ali.

MJ: Não me sinto mestre. Eu sei que eles acompanham muito o nosso trabalho e fazem isso também porque querem igualmente crescer. Posso falar na minha pessoa, eu cresci muito graças ao Somos Portugal. Costumo dizer que há uma Mónica Jardim antes do Somos Portugal e uma depois. Há uma grande evolução. Eu só quero que eles também tenham a mesma evolução. Eu sinto-me mais cara da TVI nos últimos seis anos e muito graças ao Somos Portugal que me deu outra visibilidade. As pessoas acabaram por conhecer a verdadeira Mónica Jardim. Os programas que havia feito anteriormente eram uma coisa gravada e mais séria portanto não havia espaço para “dar às asas”.

É mais confortável estar em estúdio ou apresentar programas como o Somos Portugal onde o contacto com o público é mais direto? 

NE: Neste momento é impossível já não me sentir confortável aqui mas é óptimo fazeres outras coisas. Não vou dizer que não.

MJ: São ambas oportunidades excelentes para se trabalhar mas gosto muito de exterior até porque eu cresci a fazer reportagens. Eu comecei a minha carreira em televisão a fazer reportagens. Eu gosto muito do contacto com o público mas obviamente que passar para o cargo de apresentadora em estúdio também me satisfaz.

Como é que vêem o cancelamento do programa Portugal em Festa

NE: Tenho muita pena pelos profissionais que não só precisam de trabalhar como gostavam do projeto. Aquilo que nós sentimos entre nós, eles também sentem.

MJ: Claro que vejo com pena. Esta decisão, talvez, possa ser também explicada pelo ADN da estação. O ADN da TVI é este mesmo, o ADN da SIC já não tanto.

Mas o que resultou mal na concorrência?

Nuno Eiró: Chegaram depois…

Mónica Jardim: Exatamente.

 

 

Redactor.