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A Entrevista – Miguel Rocha Vieira

A Televisão
11 min leitura

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O jurado que aterroriza os concorrentes, e que já conquistou os telespectadores do MasterChef, mostra que por detrás da imagem de «durão» está um «coração mole».

Miguel Rocha Vieira estudava Gestão Hoteleira, em Londres, quando a culinária lhe piscou o olho. Bastou uma aula para o jovem, de 20 anos, descobrir que, afinal, queria fazer da cozinha o filme da sua vida. Quinze anos depois, Miguel Rocha Vieira é um chef reconhecido internacionalmente. Costes, o restaurante que gere em Budapeste, já foi distinguido por cinco vezes com uma estrela Michelin. Entretanto, estreou-se na televisão como jurado do MasterChef (TVI) e está a ter um enorme sucesso.

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1 A Entrevista - Miguel Rocha Vieira

РCome̤ou por estudar Gesṭo Hoteleira, mas cedo percebeu que o seu futuro passava pela cozinha. Como ̩ que surgiu esta paix̣o?

– Justamente nesse mesmo curso. No segundo ano, uma das disciplinas era cozinha. Desde essa primeira aula que senti que estava a tirar o curso errado. Cheguei a casa e comecei a procurar escolas de cozinha e uma semana depois estava matriculado na mais conceituada escola de cozinha do mundo (Cordon Bleu).

РQue recorda̵̤es guarda do tempo que passou na Cordon Bleu?

– Todas as recordações que guardo do tempo que passei na Cordon Bleu são muito boas. Quando entrei pela primeira vez no edifício onde se encontra a escola, não sabia absolutamente nada de cozinha. Entrei como uma esponja, pronto a «absorver» tudo o que me fosse ensinado. Graduei-me em cozinha e pastelaria e acabei o curso com todas as bases e preparado para dar o salto para o mundo real. Foi uma experiência muito enriquecedora naquela que é, sem dúvida alguma, uma das grandes escolas de cozinha a nível mundial.

РComo ̩ que algu̩m que ṇo sabia cozinhar um ovo (palavras do seu tio, Jos̩ Rocha Vieira) chega a chefe de cozinha?

– Tudo aquilo que consegui profissionalmente foi à custa de muito sacrifício e de muito trabalho. A grande maioria das pessoas não tem ideia do difícil que esta profissão é, mas não me arrependo de nada nem por um segundo. Afinal de contas, entrei neste mundo por opção própria e com a consciência de todas as dificuldades que teria pela frente.

РEm 2008 foi convidado para abrir um restaurante em Budapeste. Quais ṣo as principais atra̵̤es do Costes Restaurant?

– O que me levou a ir para Budapeste foi o projeto em si e a confiança que senti que estava depositada em mim desde o primeiro dia. Não é todos os dias que te «entregam» as chaves de um estabelecimento que ainda está por abrir e te deixam fazer tudo à tua maneira. Estive envolvido em tudo, desde a decoração à formação de ambas as equipas e foi, sem dúvida, um grande processo de aprendizagem. Foi Budapeste, mas naquela fase da minha vida poderia muito bem ter sido outra cidade ou país qualquer.

– O Costes Restaurant ganhou pela quinta vez consecutiva a estrela Michelin. O segredo está no trabalho em equipa?

– O trabalho de equipa é muito importante, mas isso não é, ou melhor, não deveria ser um segredo para ninguém. Uma cozinha a este nível não funciona de outra maneira. Não me parece que haja uma fórmula para o sucesso, até porque nós, Chefs, temos maneiras distintas de trabalhar e de entender a gastronomia. No que me diz respeito, e neste caso no que diz respeito à cozinha que praticamos no Costes, posso-lhe dizer que nós gostamos sempre de saber o porquê das coisas; que temos um imenso respeito pelo produto e, o mais importante, tudo o que fazemos é feito com muita, muita paixão.

– Entretanto, o ano de 2014 trouxe-lhe novos desafios. Que balanço faz do concurso de culinária da TVI, MasterChef? Esta experiência está a ser o que o Miguel esperava?

– Este novo desafio superou todas as minha expectativas. Tem sido uma experiência muito enriquecedora num mundo que é totalmente novo para mim, o da televisão. Estou a adorar fazer parte da família do MasterChef e tenho a sorte de trabalhar com grandes profissionais que me têm ajudado muito desde o primeiro dia. Estamos na última semana de gravações e, apesar de terem sido dois meses e meio bastante duros, começo a ficar um pouco nostálgico pois tenho a certeza que vou sentir a falta deste grupo de pessoas maravilhosas. E pronto, para mim é uma mais-valia fazer parte de uma marca internacionalmente conceituada como este formato e onde posso e espero vir também acrescentar valor ao programa, através dos meus conhecimentos.

3 A Entrevista - Miguel Rocha Vieira

РLida bem com o mundo da televiṣo? Tem encontrado algumas dificuldades?

– Modéstia à parte, acho que me adaptei bem a este novo mundo. Talvez ao princípio, como é natural, tenha deixado transmitir algum nervosismo em frente às câmaras e alguma dificuldade em entender os guiões. Mas agora, dois meses e meio depois, sinto-me completamente à vontade, disfruto imenso e nada disso me incomoda mais.

– Quando o programa estreou, sei que ficou bastante apreensivo com alguns comentários. O Miguel passou uma imagem de «durão»…

– Não é essa imagem de «durão» que me preocupa, até porque essa imagem que passou para o público é a de mim mesmo, de exigente com aquilo que faço. O que me deixou apreensivo é o julgamento fácil e descontextualizado das pessoas. Afinal de contas, estamos no maior programa de culinária do mundo e nesta área não se cresce sem exigência.

– Como é a sua relação com os outros jurados (Manuel Luís Goucha e Rui Paula)?

– É ótima e sinceramente acho que não podia estar a decorrer melhor. Acho mesmo que uma das chaves do existo deste programa é exatamente a relação que temos entre os três. O Manuel Luís Goucha, além do grande profissional que todos sabemos que é, é um Senhor no verdadeiro sentido da palavra e e uma enciclopédia no que toca à história da gastronomia. Gosta muito de saber o que come e o porquê das coisas e, para além de me pôr bastante à vontade, tem-me ajudado imenso nesta aventura. O Rui Paula está a viver, assim como eu, toda esta experiência pela primeira vez. Tem sido um bom companheiro e a pessoa com quem eu desabafo. Conheço-o apenas há dois meses mas tenho a sensação que o conheço há muitos anos. Vamos para os estúdios quase sempre juntos e quando não estamos a falar do programa, estamos a falar de… comida!

РMas nunca houve desentendimentos entre voc̻s?

РPodemos nem sempre concordar em avalia̵̤es de pratos, mas nunca ouve nada que lhe possamos chamar de desentendimento.

– Os concorrentes têm apresentado uma evolução significativa? Está satisfeito com o grupo?

– Sim! A grande maioria não pára de nos surpreender semana após semana. Um dos objetivos do concurso é mesmo esse, de que os alunos estejam numa constante evolução. E claro que estou satisfeito com o grupo, afinal de contas, os 15 que começaram como aspirantes a MasterChef foram escolhidos por nós.

РDesde janeiro que vive na ponte a̩rea entre Lisboa e Budapeste. Consegue gerir bem o seu tempo?

– Acho que sim, que acabo por gerir bem o meu tempo, sendo ele quase todo cronometrado. Mas gostava de realçar que toda esta azáfama não seria possível sem a ajuda de duas grandes equipas. Por um lado, a equipa do meu local de trabalho, a do Costes, da qual tenho muito orgulho, que se supera dia após dia e que não pára de me surpreender pela positiva. Por outro lado, toda a equipa da produtora do programa, a Shine Iberia, pela forma como me receberam nesta «família» desde o primeiro dia e por toda a paciência que têm para comigo.

– Cada vez há mais programas de cozinha, cada vez há mais chefes de cozinha a fazerem conferências. Será que a «moda» vai finalmente pegar em Portugal?

– Não lhe chamaria uma moda, pois geralmente as modas são passageiras e, ao abraçar esta profissão estás a comprometer-te com ela de vez. Se entras só porque está na moda arriscas-te a que se esqueçam de ti muito rapidamente. Em relação a haver cada vez mais chefes de cozinha, programas de televisão e conferências, só demostra que o interesse pela cozinha é cada vez maior. Não vejo nada de errado nisso, antes pelo contrário, é sinal que as oportunidades são cada vez mais, é uma questão de saber aproveitá-las.

– Para terminar: considera-se um homem feliz e realizado?

РConsidero-me feliz pois tenho a sorte de fazer aquilo que gosto. Em rela̤̣o ao facto de me sentir realizado, vejo as coisas de uma forma um pouco diferente, pois considero-me uma pessoa com ambi̤̣o e metas definidas procurando estar sempre numa constante evolṳ̣o.

Mensagem de Miguel Rocha Vieira:

https://www.youtube.com/watch?v=GLxPfmZig2Q

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