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A Entrevista – Maya

A Televisão
21 min leitura

Destaque2 Maya A Entrevista - Maya

Trocou a SIC pela Correio da Manhã TV, em março de 2013, e não pode estar mais feliz com a decisão que tomou. Apresenta com Nuno Graciano as manhãs do canal e gosta da diversidade de experiências que o programa lhe tem proporcionado. No início do novo ano, a taróloga mais famosa do país faz um balanço da sua aposta profissional e traça os seus objetivos para 2015. Não deitou cartas à nova era, mas «abriu o jogo» e falou-nos um pouco sobre si. «Eu não sou uma pessoa das manhãs, sou uma pessoa da noite. O meu sonho é um dia poder fazer late night».

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Passado dois anos desde a sua transferência da SIC para a CMTV, está segura de que fez uma boa decisão?

Sim, estou muito segura disso. Eu sempre fui muito bem tratada na SIC, mas de facto, o que me parece é que na SIC eu não tinha possibilidade de crescer muito mais. Seria difícil eu passar para um patamar diferente daquele em que estava, embora não achasse que estivesse mal. Penso que aquilo que eu fiz foi fazer uma coisa que a Fátima Lopes fez antes de mim e foi uma coisa que a Vanessa Oliveira fez depois de mim.

Portanto, as suas portas não estão fechadas para a SIC.

As minhas portas não estão fechadas para lado nenhum. Sobretudo, as minhas portas estão muito seguras na CMTV. Eu acabo de renovar contrato, portanto, não tenho a mínima intenção de deixar a CMTV. Aliás, agora é que a CMTV vai dar o salto. Quando passarmos para as outras plataformas, vamos entrar numa luta diferente. Nós passámos por uns tempos difíceis, agora também queremos colher os louros dos tempos bons que aí virão.

Quais são as plataformas a que se refere?

NOS, Vodafone e Cabovisão. O exclusivo MEO é temporário. Eu e o Nuno Graciano esperamos ansiosamente por esse momento, porque muita gente (que não tem MEO) está à espera que nós mudemos para outras plataformas para começarem a ver. Quer o entretenimento, quer a informação… nós vamos fazer alguma mossa. Portanto, seria idiota ou pouco inteligente da minha parte não acompanhar esse passo histórico. Vou continuar com muito gosto, esperando que os próximos dois anos sejam muito melhores que estes dois.

A CMTV é sempre alvo de muitas críticas…

[risos] Claro, tal como o Correio da Manhã.

Quer pelo conteúdo de alguns programas, quer pela inexperiência de alguns repórteres. Tem estado atenta às críticas?

Eu penso que o Eduardo acabou de fazer a pergunta-chave. Depois dos atentados em Paris, nós, mais do que nunca, falamos na liberdade de expressão e na liberdade de imprensa. De facto, há uma comunicação cor-de-rosa (ou light) em que as coisas são mais embelezadas, ou são mais fantasiadas. E depois existe um jornalismo mais elitista, em que as coisas são analisadas de um ponto de vista mais teórico (e estamos a falar de jornais como o Público ou o Expresso). Mas depois existe o jornalismo de proximidade, que tem a ver com as pessoas, que tem a ver com o que se passa na nossa casa e na nossa rua (a verdade nua e crua). E esse é o jornalismo do Correio da Manhã, e da CMTV também.

E é isso que faz do Correio da Manhã líder.

Repare que o Correio da Manhã vende tanto sozinho como os outros todos juntos. Penso que as pessoas terão toda a razão em fazer críticas (e isso é a liberdade de expressão), mas eu tenho muito orgulho em trabalhar no Correio da Manhã e revejo-me completamente na linha editorial do Correio da Manhã.

Em outubro de 2014, o Correio da Manhã publicou imagens de «uma noite de inferno», «regada com muito álcool», que José Carlos Pereira terá vivido antes de ser internado. Como é que a Maya vê este tipo de jornalismo?

Eu, como amiga do José Carlos Pereira, claro que não gostei de ver as fotografias. Agora, é um trabalho jornalístico. O José Carlos Pereira, sendo uma figura pública, tem responsabilidades públicas. O problema das figuras públicas é que só querem ter o lado bom das coisas. Ou seja, eu enquanto Maya, quero ter roupas por permuta, quero ter sapatos lindíssimos que gastaria cinco ou seis mil euros para os ter, quero ser convidada VIP para determinados eventos. Quero ter as coisas boas, mas depois não quero ter as críticas? Não pode ser. Mas eu, se um dia me cruzar com as pessoas que venderam aquelas fotos, só não não levam um estalo se eu não puder. No entanto, isso não tem nada a ver com a publicação do Correio da Manhã, tem a ver comigo.

Posso escrever o que acabou de dizer?

Pode escrever isto. Levam mesmo [risos]!

Tudo bem [risos].

Esses patetas que venderam aquelas coisas, se passarem por mim… levam!

Bem, ficou mesmo revoltada…

Fiquei, sabe porquê? Antes de mais, enfim, pudemos penalizar alguns comportamentos do Zeca: o poder chegar atrasado a um trabalho, o poder falhar um compromisso. Mas a verdade é que o Zeca é uma excelente pessoa, e é um ser frágil. O que me chegou aqui foi o aproveitamento de uma pessoa frágil, de pessoas que nem sequer são amigas do Zeca (não podem ser), que viram ali um furo. E isso é uma vergonha. Não é uma vergonha aquilo que o Zeca passou (passou por um estado de doença). O Correio da Manhã fez apenas um um trabalho jornalístico dentro de uma linha editorial, que eu não posso criticar.

O que interessa é que o José Carlos Pereira está a recuperar.

Deus queira que sim. Cá o esperamos.

Em outubro de 2014, Cristiano Ronaldo recusou responder a uma pergunta da jornalista da CMTV, Andreia Palmeirim. Foi a melhor jogada em termos de marketing que podia ter acontecido.

Achei excelente. Foi o melhor que nos podia ter acontecido. Realmente, não há boa ou má publicidade, há publicidade (ponto). Penso que o Cristiano Ronaldo, enquanto Cristiano Ronaldo, está em todo o seu direito de não responder à CMTV. Enquanto capitão da seleção portuguesa, tenho as minhas dúvidas. Mas foi ótimo, só temos a agradecer-lhe. E é curioso que a partir daí começámos a subir audiências.

É natural, o Cristiano tem um alcance que mais ninguém tem.

Foi logo praticamente um dia ou dois depois, estávamos a começar a subir audiências. Teve muito a ver com o Cristiano Ronaldo. Ele tem mesmo um alcance que mais ninguém tem, só talvez o Mourinho. Agora era bom o Mourinho dizer a mesma coisa [risos].

Mantém uma boa relação com os jornalistas?

Acho que em Portugal os jornalistas protegem muito os famosos. Não acho que se ultrapassem grandes limites no jornalismo português. A minha relação com a imprensa é uma relação saudável, mas estou sujeita àquilo que a imprensa quiser escrever sobre mim. Agora, não acho que a imprensa portuguesa seja uma imprensa vampiresca, como é a imprensa espanhola. A imprensa espanhola chega a ter jornalistas continuamente à porta das pessoas, a filmar as pessoas. Veja o que aconteceu com a Lady Di [Princesa Diana], na Inglaterra. Em Portugal não há nada disso. Em Portugal até há muitos famosos que para aparecerem até têm que combinar com a imprensa, se não não apareciam.

Então e que balanço faz do Manhã CM (anterior Despertar CM)?

É um balanço muito positivo e um balanço de crescimento. Acabámos de fechar o ano, e estando apenas em exclusivo na plataforma MEO, com 2,2 de audiência diária – o que é muitíssimo bom dentro de um canal cabo. Estamos todos muito empolgados com o crescimento do canal.

Sente-se realizada com o programa das manhãs ou ambiciona algo mais?

Eu não sou uma pessoa que goste das manhãs. Eu não sou uma pessoa das manhãs, sou uma pessoa da noite. Trabalho em eventos, como relações públicas. E isso naturalmente ficou um pouquinho afetado com esta minha ida para as manhãs. O meu sonho é um dia poder fazer um late night. Espero um dia fechar a minha carreira, que já não faltará muito (o meu diretor diz que eu terei mais dez anos em antena, talvez não) com um programa em late night. É esse o meu sonho.

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Se esse programa de late night fosse com uma dupla, que apresentador é que escolheria para ter a seu lado?

Eu penso que um programa de late night não tem muito a ver com duplas. Um late night seria comigo e com muitos convidados. Mas o Nuno Graciano estaria comigo, como editor e produtor, ou seja, no meu auricular [risos].

É agradável trabalhar com o Nuno Graciano?

Para mim é uma repetição, porque eu já tinha apresentado o Contacto com ele. Somos uma dupla já habituada, embora ambos reconheçamos neste momento que temos um nível de maturidade completamente diferente do que o que tínhamos há seis anos.

Por falar agora no Contacto, foi uma dupla que resultou muito bem na altura.

Resultou muito bem e nós tivemos muita pena. Não percebemos na altura porque é que o programa tinha saído do ar quando estávamos a liderar a tarde. Achámos isso muito estranho. Penso que depois disso a SIC nunca mais voltou a liderar a tarde.

Foi um erro a SIC acabar com esta dupla?

Não. Foi um erro a SIC acabar com o Contacto. Os programas funcionam independentemente das duplas. Eu acho que os programas têm a ver com os conteúdos e sobretudo com a forma como os conteúdos são apresentados. O Contacto funcionou sempre muito bem com o Nuno e com a Rita [Ferro Rodrigues] e funcionou também muito bem com o Nuno e comigo, apesar de na altura eu não ter a maturidade e a preparação que tenho hoje.

Na altura não estava preparada para ser apresentadora?

Eu não tinha preparação como apresentadora. Nunca foi meu objetivo ser apresentadora. Mas creio nunca ter feito tão bem, nem nunca ter sido uma cara tão amada no Contacto como foi a Rita. De qualquer das formas, com o tempo fui evoluindo e hoje em dia o Nuno Graciano diz muito isto: «Antigamente na rua passavam por mim e perguntavam-me pela Rita. Hoje em dia passam na rua e perguntam-me por ti». Portanto, isto parece ser uma evolução significativa e estamos os dois contentes.

Hoje em dia sente-se mais confortável no papel de apresentadora?

Eu sinto-me confortável em todos os papéis. Sinto-me muito confortável como taróloga, porque é o que eu faço melhor e é nisso que eu sou realmente muito boa. Depois, sinto-me muito bem como comentadora, porque gosto de dar opiniões. Mas sinto-me muito confortável também como apresentadora e sou muito (muito) acarinhada na CMTV. Eu acho que as pessoas me vêem quase como uma madrinha do canal.

Os seus colegas das manhãs, o Goucha e a Cristina, são líderes das manhãs da televisão portuguesa.

E merecem, inteiramente. São maravilhosos.

É fã dos apresentadores?

Completamente fã da Cristina, completamente fã do Manuel há muitos anos. E a Cristina confesso que nunca esperei que ela chegasse tão longe (ela própria diz isso). Sou inteiramente fã deles os dois, como sou fã de muitos outros apresentadores.

Que outros apresentadores?

Tive há pouco tempo o prazer de estar na RTP com a Vanessa e com o Hérman no Há Tarde, e sente-se um clima extraordinário. Acho que a nossa televisão é muito boa, temos belíssimos apresentadores. Tenho uma admiração enorme pelo Fernando Mendes, por exemplo, que é um líder de audiências há não sei quanto tempo. Agora que estou doente, e estou em casa, estou a ver a CMTV, mas às sete horas, inevitavelmente, vou ver o Gordo, porque gosto, porque acho graça, porque nos põe bem. Enfim, tanta gente boa que nós temos em Portugal, tanto talento.

Já o Queridas Manhãs não surpreende muito nas audiências. Na sua opinião, o que é que falha no programa da SIC?

Não faço ideia. Penso que a dupla da Júlia Pinheiro com o João Paulo Rodrigues resulta bem. Resulta bem porque o João Paulo é muito engraçado e acho que eles até estão bem. Agora, é muito difícil «bater» a Cristina e o Manel. Não me parece que se encontre uma fórmula para isso tão depressa. Acho que a Tânia e o Zé Pedro, de quem eu sou uma grande fã, também estão bem. Mas do outro lado está uma dupla de peso, não é? Ainda assim, as tardes é que vai ser mais difícil. Vai ser mais difícil a Fátima aguentar-se, porque o Há Tarde e o Grande Tarde começam ali a dar sinais de se aproximarem muito. A luta das tardes vai ser muito interessante.

Sei que a Casa dos Segredos não faz parte da sua «ementa televisiva». O que há de errado no reality show da TVI?

Não me dá qualquer prazer ver tanta falta de cultura em horário nobre. Tive que ver o Big Brother VIP na altura porque a minha querida amiga Carla Baía lá esteve e, portanto, eu vi por uma questão de amizade. Vi até ela sair, obviamente. Ainda assim considero que os Big Brothers tinham mais dignidade do que estes programas. A Casa dos Segredos, por aquilo que vou percebendo pelas revistas, acho degradante. Nem acho que se possa fazer a apologia daqueles comportamentos. Não são boas influências para os nossos jovens.

Vamos agora para o campo do tarô. Acredita quem o tarô pode ser uma ferramenta de desenvolvimento pessoal?

Claro, é mesmo uma ferramenta de desenvolvimento pessoal, de orientação, de lucidez, de crescimento interior…

As suas palavras numa consulta vão influenciar a vida das pessoas. Como é que lida com isso?

Não. As minhas palavras nas consultas vão dar uma orientação às pessoas, que as pessoas naturalmente interpretarão e usarão. Não é a minha consulta que define o futuro das pessoas. O futuro já está definido.

As prioridades das pessoas mudaram? Sente que as preocupações das pessoas estão a mudar?

Sinto. Muito! Há uns dez ou doze anos, quando todos éramos ricos, as pessoas preocupavam-se com a parte sentimental. Hoje em dia, em tempos de crise, as consultas já são por motivos diferentes. São muito preocupações de trabalho, preocupações com o futuro dos filhos (cada vez os jovens têm mais dificuldade em estabilizar a vida profissional, cada vez há mais jovens a saírem tarde da casa dos pais). E antigavamente até havia pessoas que iam à consulta só porque era moda, não iam por necessidade. Hoje em dia as pessoas vão por necessidade e vão muito porque realmente têm problemas. Infelizmente mudou.

«Impostores», «bruxos»  e outros adjetivos menos simpáticos. A astrologia e o tarô são associados a charlatões. Hoje em dia o tarô já é visto com menos preconceito?

Obviamente que não me livro de as pessoas –  alguma por maldade, outras por brincadeira – me tratarem por «bruxa». Mas eu penso que independentemente disso, as pessoas reconhecem que o meu trabalho é um trabalho sério e que é um trabalho que não passa por qualquer manipulação (ou magias ou promessas irrealistas). Às vezes sou muito criticada, muito atacada… mas quem não é? Eu lido muito bem com as críticas, lido muito bem com as brincadeiras e lido muito bem com o humor.

Que avaliação faz do novo ano?

O novo ano mete-me um bocadinho de medo, no sentido em que as coisas estão muito efervescentes. Penso naturalmente que é um ano difícil na generalidade (isto não penso como taróloga, penso como cidadã). E agora sim, como taróloga, há signos que liderão melhor com essas circunstâncias, outros menos bem, mas é um ano para levarmos com muita cautela e com muita sensatez. É um ano em que temos todos que tentar ter um pouco melhor de bom senso e ajudar mais os outros e exigir menos.

A Maya já afirmou ter uma vida fascinante. O que gostava ainda de concretizar no seu caminho?

Eu, no meu caminho, quis sempre aprender e fazer coisas. Fiz teatro, fiz revista no Parque Mayer, fiz circo com o Victor Hugo Cardinali. E falta-me fazer cinema. Gostava de fazer, por uma questão de aprendizagem, não porque queira ser atriz (não tenho vocação). Mas queria perceber os meandros do cinema, que dizem que é muito diferente da televisão. Um dia hei-de fazer, se Deus quiser, uma pequena participação.

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