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A Entrevista РFrancisco Pedro Balseṃo

David Soldado
13 min leitura

Francisco Pedro Balsemão assumiu a liderança executiva do grupo Impresa em março de 2016 e, sete meses depois, não esconde o entusiasmo por estar à frente das decisões tomadas na SIC. O primeiro lugar nas audiências é o objetivo principal mas, segundo o próprio, o «caminho faz-se caminhando» e já há resultados que o demonstrem. «Quando as coisas não correm bem, é preciso reerguer de novo e voltar a tentar», afirmou em entrevista exclusiva ao site A Televisão.

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A SIC apresentou em setembro as suas novidades para os próximos meses. A nova temporada, como é designada, permite aproximar ainda mais o canal do público português?

Verdade! Temos muitas novidades para apresentar aos nossos espectadores e que serão muito faladas nos próximos tempos. Estas novas apostas são reveladoras daquilo que hoje em dia nós somos e queremos continuar a ser que é uma estação que vive para os portugueses e virada para o futuro. Nós temos programação feita em português, para os portugueses e a SIC está cada vez mais próxima do público português. Temos é de continuar a prevalecer estes laços de confiança.

Estamos perante de uma nova SIC?

Estamos mais uma vez à frente porque passámos agora a emitir em HD no nosso aniversário. Mais nenhum canal em Portugal faz isso. A SIC vai-se renovando, o que é normal, mas os nossos valores são os mesmos que sempre nos guiaram. Credibilidade e independência na informação, exigência e qualidade no entretenimento e inovação na parte da ficção. Isso mantém-se mas vamos sempre encontrando novas formas [de fazer televisão] à medida que o tempo vai passando. Isto é, renovamo-nos sempre de acordo com esses valores indo também ao encontro dos hábitos de consumo que, esses sim, vão variando.

É verdade! Hoje, a forma de ver televisão é diferente há de 20 anos atrás. Já não é preciso estar à frente de um televisor para assistir a uma novela ou a um programa de informação.

Exatamente! O futuro da SIC passa também pela internet. Mudámos o nosso site para o tornar mais apelativo e mais fácil de usar. Trazemos uma nova característica que é a parte de ver em direto [a emissão].

Está nos planos do grupo Impresa ter uma SIC Play à semelhança do que já existe na concorrência?

São modelos de negócio que têm as suas nuances e as suas complexidades. Nós temos conhecimento que os nossos concorrentes têm esses mecanismos e as suas dificuldades mas não é uma porta que está fechada, de todo. Se houver interesse para nós e se for ao encontro do que são os interesses dos nossos telespectadores, iremos desenvolver.

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São estas novidades que permitirão roubar a liderança à TVI?

Eu continuo a achar que temos os melhores programas e os melhores produtos. Tivemos a preparar [estas novidades] com muito cuidado e empenho para mostrarmos que temos os melhores produtos. Estou convencido disso. A liderança é um caminho que se faz caminhando e eu diria que é algo que temos atingido em várias frentes diferentes como o prime-time, os targets comerciais, etc. Vamos ver o que o futuro nos traz. Obviamente, trabalhamos sempre para atingir o máximo número de telespectadores.

A ficção brasileira continua a fazer parte da grelha da SIC. A parceria com a TV Globo é uma mais-valia para o canal?

A TV Globo é o parceiro mais antigo da SIC e temos muito orgulho nessa parceria. A Globo é uma multinacional com produtos muito fortes e de alta qualidade e nós temos a sorte de poder usufruir deles.

O canal Globo Portugal transmite atualmente quatro novelas brasileiras. Passou haver restrições no contrato com a SIC? 

Sobre o contrato em pormenor não vou falar, mas não há restrições.

Entre tantas opções, quais são os critérios usados na hora de escolher as novelas brasileiras? Nem sempre, por exemplo, as de maior audiência no Brasil são transmitidas cá em sinal aberto. 

A novela Haja Coração faz sucesso no Brasil. Liberdade, Liberdade, apesar de ser uma novela diferente, também fez uma boa audiência no seu horário. Eles têm um naipe de grandes produtos de qualidade. Temos é que pensar onde é que esses produtos se adaptam aos nossos públicos e em que horários. Quando escolhemos as novelas é sempre em função daquilo que achamos que o nosso público quer ver.

Disse em setembro que a SIC era dos poucos canais em Portugal que arriscava na inovação. É essa a mensagem principal que quer transparecer aos telespectadores?

É. Há pouco perguntou-me se a SIC era uma SIC nova, nós temos que nos indo adaptando e antecipando o que as pessoas querem ver e consumir. A SIC arrisca porque tem consciência daquilo que as pessoas querem ver. Informa-se e sabe quais os caminhos que tem de fazer. Acho que sem risco e inovação, não é possível [fazer televisão] e isso faz-se através de novos formatos como é o caso do Best Bakery, que nunca foi feito em Portugal. Mas também é possível inovar dentro dos próprios programas como a novela Amor Maior onde abordamos caminhos diferentes seja na história seja na forma como está a ser produzida. Há várias formas de inovar e arriscar e nós temos feito mais do que os nossos concorrentes.

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Best Bakery é a aposta certa para tornar a SIC líder nas noites de domingo?

Como diz, é uma aposta. É uma aposta que estamos a fazer e segue muito o nosso posicionamento que é de sermos diferenciadores a talent shows e reality shows. Mas também não quer dizer que não havemos de fazer no futuro outro tipo de programa para domingo à noite. Eu estou muito confiante que este é um programa forte e que vai fazer o seu caminho. Se o telespectador optar por este formato tenho a certeza que não será defraudado. É um formato que acaba por ter uma pitada de humor, de competitividade e também de drama. No mercado, e estou agora a falar mais da parte dos anunciantes, com quem temos falado tem revelado muita vontade e apetência em investir.

Não é frustrante estar em investir, ano após ano, em formatos diferenciadores da concorrência e, mesmo assim, ver esta, que mantém a sua oferta televisiva, em primeiro lugar nas audiências?

Vejo isso como um desafio interessante. É entusiasmante fazer este tipo de abordagem diferente. Quando as coisas não correm bem, é preciso reerguer de novo e voltar a tentar. É isso que é arriscar e inovar. Em relação ao Best Bakery, tudo faremos para que não seja um falhanço. Acho que essa questão da frustração é uma falsa questão porque nós temos estado bem naqueles targets comerciais que também interessam para o mercado.

É mais importante estar em primeiro lugar nas audiências ou ser líder nos targets comerciais?

Ninguém gosta de estar em segundo lugar. Não é bom e para nós era ideal sermos líderes em todas as frentes. Não sendo possível, neste momento, sinceramente, é muito confortável ser líder nos targets comerciais e também no prime-time.

Por vezes, há programas que são rentáveis mesmo estando a registar mínimos de audiência. Foi o caso do Portugal em Festa, entretanto terminado.

É verdade. Nós somos uma estação comercial privada onde há objectivos e orçamentos para cumprir. Temos que ser conscientes que para isso temos de fazer dinheiro e ser rentáveis. No caso do Portugal em Festa, tínhamos nas chamadas telefónicas uma fonte de receitas alternativa que não a publicidade e que era muito rentável. A partir do momento que perdemos essa fonte de receitas…

Como é que vê o crescimento do cabo em detrimento das generalistas em Portugal?

Isso é uma tendência que se tem vindo a assistir não só em Portugal como também em outras partes do mundo. Mas não quer dizer que não haja ainda muita audiência nas generalistas e que não haja também muitos espectadores a preferir os programas das generalistas. Agora, também temos orgulho nos canais temáticos. A SIC Notícias é líder geral no cabo em julho e agosto.

Mas o cabo deve ser considerado um obstáculo à inovação de que há bocado falava?

Não é de todo um obstáculo porque cada um tem o seu público, o seu espaço e temos visto também que há uma grande apetência, por parte dos anunciantes e do mercado, para este tipo de canais generalistas. Se continuarmos a fazer aquilo que temos feito até agora, isto é, produtos de qualidade que atraem espectadores, não estou preocupado. Ao mesmo tempo, temos também os nossos públicos no cabo.

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Qual é o balanço que faz destes sete meses como CEO do grupo Impresa, dona da SIC?

Faço um balanço muito positivo. É uma função para o qual, sinceramente, gosto muito de desempenhar. É uma função, obviamente, com os seus desafios mas o entusiasmo é muito superior aos desafios que todos sabemos que fazem parte. Temos uma equipa muito boa e pessoas muito boas.

Os melhores estão na SIC?

Sim. A SIC é a Impresa. Temos uma equipa muito boa, muito unida e, portanto, tenho confiança nas minhas pessoas. Acho que estou rodeado dos melhores. E ao mesmo tempo, se estamos a apostar na inovação, na parte digital, na produção de conteúdos, o rumo será o melhor.

 Ainda há muita coisa para mudar, sobretudo, na SIC?

A mudança é constante e inevitável. Temos que encará-la de uma forma positiva. Ninguém gosta de estar em segundo lugar nas audiências mas mudamos para melhorar. A SIC tem feito o seu caminho e tem um historial incrível, 24 anos quase 25, com o qual temos que estar orgulhosos. Se nós não mudássemos, antecipássemos e adaptássemos aos hábitos de consumo dos portugueses, como fizemos em 24 anos, a SIC não estaria neste momento num lugar de destaque na sociedade portuguesa. Portanto, a mudança é sempre positiva.

A SIC comemorou o seu 24º aniversário no passado dia 6 de outubro. Podemos esperar mais 24 anos de inovação?

Mais que isso. 124 anos de SIC [risos].

Muito obrigado!

david.soldado@atelevisao.com

Redactor.