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A Entrevista – Duarte Gomes

A Televisão
9 min leitura

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Longe vão os tempos das Pistas da Blue. Na verdade passaram já quase dez anos. Agora, Duarte Gomes integra o elenco da novela O Beijo do Escorpião e dá vida a Miguel Macieira, um jovem homofóbico que trabalha como comandante numa companhia de jatos privados. Mas nem tudo o que parece é: recentemente, o ator esteve envolvido numa cena bastante ousada com Paulo (Pedro Carvalho). Em entrevista ao A Televisão, Duarte conta que fazer uma cena íntima entre dois colegas, quer seja com pessoas do mesmo sexo ou não, são cenas muito difíceis de realizar.

1 A Entrevista - Duarte Gomes

De homossexual passou a homofóbico [Os Nossos Dias – O Beijo do Escorpião]. Foi difícil esta mudança?

O que nos dá maior prazer nesta profissão é fazer personagens diferentes das anteriores e diferentes de nós mesmos. Esses desafios são o que torna tudo mais aliciante. Qualquer personagem, até se definir o ponto que queremos dela, são difíceis, mas a partir de momento em que sabes o que queres dela e como ela vai reagir a esta ou aquela situação, tudo fica mais facilitado. E é aí que a «diversão» começa.

O Miguel começou a novela como homofóbico, mas entretanto envolveu-se com um homem…

Tendo-se ele envolvido com o Paulo, é porque existe claramente algo ainda por definir. E é esse conflito que assusta o Miguel e com o qual ele ainda não sabe como lidar. Aquela situação por mil e uma razões irá mudar a sua vida para sempre. Para mim, enquanto ator, foi uma reviravolta muito interessante. São estas nuances que tornam a personagem e o nosso trabalho muito mais aliciante.

Gravar cenas íntimas com um homem é mais difícil para si?

As cenas mais íntimas nunca são fáceis, seja com homens ou com mulheres. Na minha opinião, é crucial que existam conversas entre os intervenientes pré e pós cenas. Outro dado importante foi os ensaios e as várias conversas que tivemos com os realizadores e com os diretores de atores, que facilitaram todo o processo. Quando gravámos essas cenas, estávamos preparados porque sabíamos exatamente os motivos que levavam as nossas personagens a chegar àquela cena, o que transformou todas as outras dificuldades em pequenos detalhes.

O que pensa da homossexualidade?

A homossexualidade é uma orientação sexual que existe desde sempre. Não entendo como hoje em dia ainda se condena o que é uma escolha livre de cada um.

Já quis ser piloto de aviação comercial. Desempenhar o papel de Miguel Macieira na novela da TVI foi um desafio duplamente positivo para si?

Verdade, essa foi a minha primeira resposta à típica pergunta «O que queres ser quando fores grande?». E posso dizer que sim, que é um «extra» que me deixa ainda mais feliz neste projeto, apesar de ter pouca interação com os aviões em si, e ainda bem para a segurança dos demais. (risos)

Para compor este personagem, foi falar com algum piloto ou a internet foi o seu melhor amigo?

Tenho amigos pilotos e conversei um pouco com eles – não sobre questões técnicas, mas sim sobre os efeitos que este trabalho tem nas pessoas mais próximas. Esse era o meu maior interesse para enriquecer a minha personagem.

Está satisfeito com os resultados de O Beijo do Escorpião?

As audiências estão a crescer… Fidelizar o público é um processo que demora o seu tempo. Eu acredito neste projeto, acho que tem todos os ingredientes necessários para vingar. Estou muito contente com o desafio tão diferente de mim que me propuseram, e estou a dar o máximo para corresponder às expectativas, em relação ao projeto no seu todo. Sei que está a crescer e a agarrar cada vez mais público, o que é das coisas mais importantes, porque nós trabalhamos todos os dias com um único objetivo: criar um projeto interessante para as pessoas que nos estão a ver.

Este ano já integrou várias produções: Os Nossos Dias, O Beijo do Escorpião e O Bairro. Sente que é um consolidar do seu trabalho?

É verdade, foi possível verem-me em três projetos diferentes, onde em todos eles encontrei um desafio que espero ter ultrapassado com sucesso. São três projetos que me orgulho de ter feito. E dado que as minhas personagens continham/contêm registos completamente diferentes, mostraram/mostram as minhas várias facetas enquanto ator, o que é bastante positivo.

O Bairro foi um projeto marcante?

Esta série foi especial para mim, foi dos projetos que mais me deu gozo fazer em televisão. Todo o processo deste projeto foi diferente. Pois para além da «normal» construção de personagem, onde cada ator tem o seu método, vivemos durante um mês e pouco experiências incríveis, tivemos aulas de luta cénica, manuseamento de armas, métodos de segurança e disparo de armas de fogo, condução defensiva, métodos de autodefesa, etc. E todas estas aprendizagens juntamente com os ensaios de construção de personagem tornaram as nossas personagens muito mais ricas e reais, e ganhámos no produto final. Criámos uma série na minha opinião muito bem conseguida, real, e com uma linguagem cénica muito própria.

A série apresenta uma linguagem muito realista. Sente que faltam mais projetos que abordem a realidade de forma «pura e dura»?

Sem dúvida. Se existir todo o tipo de ficção nacional nos nossos canais, o público não irá com certeza procurar tanto os produtos estrangeiros.

Muitos ainda se lembram do Duarte, como o Duarte d’As Pistas da Blue.

Foi um projeto muito interessante, mas muito complicado dado que era tudo feito com interação do chroma (três paredes azuis e chão igualmente azul), onde durante nove meses andei perdido entre mil e uma marcas de fita adesiva azul, que correspondiam à deslocação das personagens animadas. (risos)

Considera que foi um início importante enquanto ator?

Com certeza. Estamos a falar de um projeto da Nickelodeon adaptado pela RTP, que já tinha marca de sucesso em países como EUA e Inglaterra. Na altura que entrei neste projeto ainda não tinha qualquer experiência em televisão, mais fresco não poderia estar, até porque no curso da EPAOE [Escola Profissional de Artes e Orifícios do Espectáculo] que frequentei durante três anos não tínhamos qualquer cadeira de interpretação para TV. Foi um longo período de experiências e aprendizagens que me deram um know-how que ainda aproveito nos dias de hoje.

E sente que ter participado na série Morangos com Açúcar foi a chave do sucesso que tem hoje?

Todos os projetos que fiz tiveram a sua importância no meu percurso, e os Morangos com Açúcar não foi exceção. Estava numa altura em que precisava de dar outro passo nos trabalhos em televisão, para não ser rotulado como ator de apenas séries infantis. E esta série teve um papel fundamental nesse sentido, foi uma excelente oportunidade que me foi dada para o público me ver em outros registos. Sinto que todos os atores que participaram nesta serie têm orgulho de fazer parte desta família.

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Agradecimentos: GLAM

eduardo.lopes@atelevisao.com

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