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A Entrevista – Duarte Gomes – «Sim, Chef» e «Jogo Duplo»

Diana Casanova
11 min leitura
Imagem: Paulo Simões

Duarte Gomes é um dos rostos da «nova» geração que tem acumulado projetos marcantes na ficção nacional. Iniciou a sua carreira já mais de uma década e, desde então, não tem parado. Atualmente pode ser visto na segunda temporada temporada da série da RTP1 Sim, Chef e, brevemente, em Jogo Duplo, a nova novela da TVI. Por essa razão, mas não só, o ator esteve à conversa com o A Televisão

Leia, em seguida, A Entrevista a Duarte Gomes.


Começaste no Pistas da Blue, mais tarde o Zig Zag e Ilha das Cores. Entretanto, já passou uma década. Sempre soubeste que querias ser ator?

Foi de facto um objetivo que esteve sempre presente no meu pensamento. No 9º ano temos que escolher que área queremos seguir, e nessa altura encontrava-me descontente com a escolaridade dita «normal», sentia-me desmotivado, apenas fazia o suficiente para passar de ano, e nessa altura senti que era tempo de se iniciar uma mudança. Passou-me pela cabeça seguir a carreira de piloto de aviação comercial, mas a representação falou mais alto e iniciei a minha pesquisa de escolas profissionais de teatro. Sempre tive vontade de experimentar a representação, sempre gostei de contar histórias, que é no fundo o que nós somos, contadores de histórias, mas não tinha ninguém na família que tinha seguido estas pisadas, portanto estava claramente a atirar-me para águas desconhecidas, mas após ter feito as provas de acesso para a Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espectáculo – Chapitô e de ter iniciado o curso, senti que aquele era o meu caminho. Senti novamente aquela vontade de estudar, de adquirir conhecimento e novas ferramentas, sentia-me revigorado. Independentemente de vir a dar certo ou não no futuro, foi definitivamente na altura a escolha certa.

Como vês o teu trajeto e evolução ao longo de projetos tão distintos?       

Olho para trás e sinto-me orgulhoso, acho que é palavra certa, tudo fez parte do processo, processo esse que está longe do fim. Continuo a sentir-me motivado a cada projeto, com vontade de aprender e reaprender, toda a bagagem que fui adquirindo ao longo do tempo ficou e faz-me querer elevar a fasquia. Foi muito bom ter passado por projetos distintos, sempre quis fazer coisas diferentes, sempre quis sair da zona de conforto. E, felizmente, ainda há muita coisa por fazer. Quando fazemos uma viagem não é só o destino que interessa, mas sim aproveitar o caminho até lá.

Se tivesses de eleger, qual foi o papel…  

  • Que te deu mais trabalho? 

A tragédia grega Antigona de Sófocles.

  • Que te deu mais prazer realizar?  

Zé Cigano no filme Bairro.

  • Que te trouxe mais feedback do público?  

Francisco Elias (Massa Fresca) e Miguel Macieira (O Beijo do Escorpião).

  • Que sentiste que te vez evoluir mais? 

Sinceramente, todos os projetos acrescentaram algo mais.

  • Que sentiste que era mais parecido contigo? 

Francisco Elias em Massa Fresca.

  • Que sentiste que era mais diferente da tua personalidade? 

David Lopes em Os Nossos Dias.

  • Que te deixou mais saudades?  

Zé Cigano no filme Bairro.

Sim, Chef é um dos teus projetos atuais. Apresenta-nos o teu Zé Morais.

O , é o típico “fura vidas”, no bom sentido da palavra. É daquelas pessoas que consegue aproveitar todas as oportunidades e consegue sempre sacar um sorriso a quem está com ele. É daquelas pessoas que se diz popularmente que não é inteligente, é esperto. Mas durante o seu caminho comete muitos erros, erros esses que trazem muita cor à personagem, conseguem sacar sorrisos ao espectador.

Como te preparaste para esta personagem? 

Fazer comédia é um grande desafio! Esta série é incrível, é para mim uma lufada de ar fresco. Já era um espectador atento da primeira temporada, é uma comédia de situação e, para isso, temos que nos reger por algumas regras, e uma delas, provavelmente, a mais importante, é trazer verdade às cenas. Apesar de já sabermos que as situações têm graça, não podemos fazer traço grosso sobre as piadas. Essa gestão, esse equilíbrio, é o mais difícil. Para a personagem em si, para além do processo de construção fizemos um workshop de cozinha, que nos foi extremamente útil, estarmos familiarizados com o manuseamento das facas e de todos os utensílios que há numa cozinha foi crucial para o resultado final.

Como correram as gravações? Existe alguma situação mais engraçada que nos possas revelar?      

As gravações não podiam ter corrido melhor, tínhamos uma equipa incrível, que já vinha com toda a bagagem da primeira temporada e uma linha de realização maravilhosa. Isso fez com que o ambiente fosse descontraído nunca fugindo ao profissional. Uma das situações mais hilariantes foi uma luta de comida que existe num dos episódios. Nessa cena voou tudo! Quando digo tudo, é tudo! E com o chão cheio de sopa, óleo, base de massas, etc, as quedas foram inevitáveis… Foi por larga margem umas das cenas em que mais nos rimos após ouvirmos o “corta”.

Como foi a receção do elenco, dada a mudança de temporadas?    

Foi ótima, a equipa recebeu-nos muito bem, a mim e ao Marco Horácio. Esta é uma daquelas séries que pede isso também, personagens novas, para trazer novas aventuras. Porém, isso não fez com que a nossa responsabilidade diminui-se porque o Miguel Guilherme e o Diogo Martins faziam a série maravilhosamente bem! Felizmente, correu bem, pois com as mudanças perdem-se algumas coisas e ganham-se outras, mas o importante é que o resultado final seja igualmente bom, e sinto que isso foi atingido.

Transitaste para a ficção da RTP depois de uma presença regular na antena da TVI. Como encaraste essa mudança?     

Nós, atores freelancers, não vemos como mudanças, o que interessa são os projetos. Quando mais aliciantes forem, melhor, independentemente da estação.

Como está a ser o feedback do público? És muito abordado na rua?     

O feedback tem sido muito positivo, tenho ouvido o que sonhava ouvir, que durante aqueles 30 minutos divertem-se muito, que passam um bom momento e esse é o objetivo da série, proporcionar esse tempo de descontração. Depois, dizem-me com um sorriso que o é um malandro!

Nos últimos anos participaste em três outros projetos bastante marcantes – Massa Fresca, O Beijo do Escorpião e Santa Bárbara. Ainda és muito abordado na rua por causa destas personagens? O que te dizem? 

Verdade, são projetos que ficaram na memória dos portugueses. No caso do Francisco Elias, por exemplo, tornei-me no tio Chico de muita gente e ainda sou chamado assim! É muito bom sentir este feedback tão caloroso na primeira pessoa, dá-nos aquele boost para fazer mais e melhor.

Quando terminou Massa Fresca, e falamos pela última vez, demonstraste vontade em continuar com o projeto, mas a possibilidade de haver uma segunda temporada parece agora muito remota. Ficaste triste com o final? Foi uma desilusão?

Não, porque saímos todos com a sensação de dever comprido, uma vez que aquela história foi contada e muito bem contada! É tão bom ver que as pessoas falam do projeto com saudade, isso enche-nos o coração.

Achas que é um formato que faz falta à televisão portuguesa? Os resultados audiométricos não foram muito bons.   

Faz sempre, porque são projetos destinados a toda a família, com temas atuais, e esses formatos acabam por unir toda a família e criam debates e isso torna-os interessantes.

A profissão de ator é ingrata por nem sempre ter autonomia para escolher os projetos que pretende fazer e depois dar continuidade. Como é que um ator lida com isso?

Tudo passa por uma boa gestão, obviamente temos como todas as pessoas contas para pagar e isso cria alguma desestabilização emocional, mas talvez nos momentos de menos trabalho é a melhor altura para fazer projetos pessoais que temos na gaveta, os atores estão cada vez mais multifacetados e há que arriscar e fazer coisas que nos dão satisfação pessoal.

Muitas vezes os atores têm obras que gostam especialmente. Qual é o teu papel de sonho?         

Agora ando numa onda de querer fazer algo de ação, um lutador de MMA, por exemplo, ou um ex-lutador. Mas como há tanta história boa por contar é difícil dizer o papel de sonho.

Além de Sim, Chef, estás a gravar Jogo Duplo, a nova novela da TVI. Como está a correr?

É mais um grande desafio que estou a agarrar com unhas e dentes, no qual interpreto o Diogo Guerra, um rapaz revoltado, muito reativo e que se sente injustiçado por tudo e por todos. Tem-me dado um enorme gozo construir esta personagem!


 

Redatora e cronista