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A Entrevista – Duarte Gomes, o protagonista de «Massa Fresca»

David Soldado
14 min leitura

Ainda não tinha gravado as suas últimas cenas da novela Santa Bárbara e Duarte Gomes já tinha recebido o convite para protagonizar um novo projeto de ficção. A série Massa Fresca chegou à antena da TVI em abril de 2016 e desde então tem feito as delícias não só dos miúdos como também dos graúdos. Até ao último episódio, em setembro, os portugueses podem esperar muitos mais «momentos divertidos e engraçados», garantiu o ator ao A Televisão

Tmgbwjltcwkozut9Kib 0U9Y19Uj3Hds3Xu62Dij4Giivehkhjol55Puxpf Sfl Gngww7G6Ynx0=W900 H146 No A Entrevista - Duarte Gomes, O Protagonista De «Massa Fresca»

Estás de regresso à TVI com a série Massa Fresca. Como é que encaraste este teu novo projeto televisivo? 

Começo, claramente, da melhor maneira. É uma personagem muito rica que, com muitas nuances emocionais, passa por muitos e muitos momentos. Mas isso é o desafio que nós, atores, queremos.

Foi difícil construir esse lado emocional que falas? 

Eu tive ali momentos muito difíceis. Ele (o meu personagem) tem uma passagem. O tal bom vivant, que é uma personagem muito alegre, quase que cómica, divertida, que só vê o lado bom da vida, que gosta bastante de viajar e de conhecer novas pessoas, vê-se de repente com encargos gigantes e passa por um momento muito difícil. Todos nós já perdemos um familiar e são nesses momentos duros que repensamos muita coisa na nossa vida e a importância que é a própria vida. Nós não somos nada porque um dia estamos cá e no outro a seguir já não estamos. Eles [personagens de Sofia Alves e Pedro Lima] têm um acidente e foi muito duro emocionalmente. Foram cenas que me puseram muito em baixo e triste. Existe a cena em que o meu personagem descobre que o seu irmão e cunhada morreram e depois logo a seguir a cena em que tem de contar aos seus sobrinhos o que aconteceu. Quando estava a ler o texto, lembro-me de pensar “Isto é tristíssimo, não vou aguentar, isto vai ser muito duro. Ainda só estou a ler e já estou a achar terrível! Imagino quando estiver a fazê-la a olhar para os miúdos”.

Sentes que a tua personagem vai amadurecendo ao longo dos episódios?

As coisas deixam marcas e essas marcas têm de estar visíveis. Este projeto tem o objetivo de ser leve, portanto, o drama não pode estar em episódio sim e episódio sim. A premissa (da série) é um bocadinho a superação, isto é, mostrar como a família Elias consegue unir-se e superar uma tragédia tão grande como foi a morte dos pais.

É mais fácil contracenar com um elenco juvenil ou as dificuldades são acrescidas?

Normalmente são acrescidas. Diz-se que é muito difícil contracenar com crianças, cães e já não me lembro qual é a terceira mas, pronto, isto para dizer que as crianças são imprevisíveis.

No teu caso, lidaste bem com essa imprevisibilidade?

Felizmente, correu bem com a família Elias. Também a maior parte deles já vinha com um background. As duas Beatrizes, o Gonçalo, que vinha de Santa Bárbara, já estavam habituados àquela logística, aos tempos de gravação, às marcações, etc. É mais difícil para quem é novo nestas andanças.

Eles pediram-se muitos conselhos? 

Sim. A Manuela Couto e o João Pedreiro fizeram também um trabalho fenomenal enquanto diretores de atores. Falando apenas no âmbito dos mais novos, o João teve um impacto e uma maneira de expressar as direções muito boa e isso facilitou a vida deles, mais do que a nós.

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Encaras este projeto com um sentido de responsabilidade acrescido por seres o protagonista? 

Eu considero uma responsabilidade acrescida uma vez que temos mais tempo de antena e se temos mais tempo de antena temos de prender o espectador à história mas eu não penso nisso. É difícil e um bocadinho duro porque a memória recua à medida que nós vamos estudando e metendo mais textos na cabeça. A nossa memória é quase um músculo. É como exercitar um músculo num ginásio: nós vamos aumentando conforme o vamos exercitando mas ao mesmo tempo este também fica cansado e então tem de haver uma gestão física para que a mente aguente e não se chegue aos estúdios e seja só texto.

Sentes que és o galã em Massa Fresca?

Era esse o objetivo, mas nunca lutei para isso, ou seja, nunca fiz nada a pensar “Se eu fizesse isto, seria mais galã” ou qualquer outra abordagem.

As novelas Santa Bárbara e O Beijo do Escorpião havia sido os teus últimos projetos em televisão, ambos sucessos de audiência. No entanto, o mesmo não acontece com Massa Fresca que não tem registado números tão expressivos. 

Nós sabíamos que iríamos conquistar um público que não estava habituado a ver ficção portuguesa naquele horário. Nos outros canais não existe e na TVI não existia desde a altura dos Morangos com Açúcar. Então é uma nova conquista. Posso dizer que sinto que quem vê, vai ficando. E hoje em dia há outras formas de assistir televisão, há o gravar, o puxa para trás, etc.

Sentes isso quando és abordado na rua pelos fãs da série? 

Por acaso, foi uma surpresa agradável. Podemos achar o guião bem escrito, o elenco maravilhoso, a realização perfeita, mas isso pode não corresponder às expectativas das pessoas. Eu tenho sentido um carinho gigante [pelos fãs].

Os portugueses torcem para que o Francisco, a tua personagem, fique com a Maria [Mafalda Marafusta]? 

Os episódios de Massa Fresca acabam sempre um bocadinho como os contos de fadas. A Maria é o melhor exemplo de superação que falávamos há pouco. Ela consegue passar a mensagem de que “É para chorar, chora-se. É para sentir, sente-se. Mas amanhã é outro dia e temos de lutar diariamente”. Existe o apoio para que as duas personagens se juntem porque elas precisam uma da outra.

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Já fazia falta uma série juvenil na televisão portuguesa? 

Acho que sim! Eu sou do tempo dos Morangos com Açúcar 1 e lembro-me que devia ter uns 12/13 anos, não sei, quando deu essa série que tentava ser o melhor conteúdo possível para a nossa faixa etária. Eu adorei ver aquilo. Agora o que sinto dos mais novos é exatamente a mesma coisa. Toda a gente estava à espera que Massa Fresca fosse um remake dos Morangos com Açúcar, mas acho que a aposta foi interessante.

O facto da série não estar a ter os resultados audiométricos pretendidos pode estar relacionado com esse saudosismo? 

Acho que não. Ao longo do tempo as coisas foram-se também dissipando e as pessoas começaram a deixar de ver, até porque surgiram muitas mais ofertas que apenas os quatro canais. Assim, tornou-se difícil lutar contra outras produções.

Até que ponto as audiências devem interferir no trabalho de um ator? 

Nós não nos podemos preocupar com as audiências, devemos sim preocupar-nos em fazer bem o nosso trabalho. Pelo o que tenho visto, a série mantém sempre um núcleo fiel na ordem dos 700/800 mil telespectadores mas sei de pessoas que no fim de semana correm logo 3 ou 4 episódios. As novas tecnologias, isto é, gravar ou puxar para trás para ver o programa X, vêm-nos trazer uma nova realidade de contabilizar as audiências.

As gravações de Massa Fresca já terminaram. No futuro acreditas numa segunda temporada?

Não sei mesmo. Gostava de uma segunda temporada porque a minha personagem tem muito mais para dar [risos]. Sinto que este projeto tem uma força diferente. A propósito da comparação dos Morangos com Açúcar, só vejo mesmo naquele sentido de ser o mesmo horário e ter a parte escolar. De resto, eu vejo esta série como uma mistura de Médico de Família, Super Pai e Pai à Força.

Outra semelhança que poderia haver entre Morangos com Açúcar e Massa Fresca seria, caso se concretizasse, a continuidade desta última na antena da TVI por muitos anos. 

Sim, sim. Até podem haver outras famílias. Há tanta coisa por onde pegar, há tantos elementos novos que podem ser acrescentados, isto sempre na linha de série que mostra os problemas familiares mas também as suas soluções.

O que é que os telespectadores podem esperar até ao último episódio de Massa Fresca

Os portugueses podem esperar momentos muito divertidos até ao fim. Nem tudo vai correr bem, mas acho que podemos também esperar as resoluções desses problemas. Eu não vou dizer tanto da minha personagem porque tem ali partes mais negras, mas os telespectadores podem esperar muitos momentos divertidos e engraçados com os miúdos.

Na altura da estreia, em abril, José Eduardo Moniz disse que com a série Massa Fresca a TVI voltaria a ter um laboratório de atores como havia na época dos Morangos. Há muitas promessas na ficção? 

Sim! Os meus sobrinhos têm [talento]. Eu divirto-me muito com a Maria Eduarda. Ela é uma pessoa incrível, a sua maneira de lidar com as pessoas, o seu à vontade e como ela decora tudo, vê tudo, percebe tudo…tem ali um bom futuro pela frente, mas não só ela como o Gonçalo, as Beatrizes e o Artur.

Toda a direção elogiou o talento de Mafalda Marafusta. O futuro da ficção passa também por ela? 

Sim, claro. A partir do momento em que fazemos as coisas bem, merecemos mais oportunidades e outros desafios.

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Pegando agora na novela Santa Bárbara, sentes que foi como entrar no comboio já a meio da sua viagem?

É diferente. Foi a primeira vez que me aconteceu entrar num projeto a meio. Mas a própria personagem também era nova, ia para uma nova cidade, para um novo cargo e ia trabalhar com novas pessoas o que foi também uma boa ajuda nesse sentido. Diverti-me muito com o meu núcleo. Conseguimos ser muito sérios, mas também divertimos-nos

Santa Bárbara é um projeto completamente diferente de Massa Fresca

Se formos ver cena a cena, elas existem por um motivo. Acho que o mais difícil é fazer um texto chamado simples e falado, mas que tenha um motivo e, claro, que consigas representar esse motivo em poucas palavras sem teres de exagerar ou entrar em momentos muito poéticos. São leituras diferentes, não acho que nem uma nem outra sejam piores. Eu gosto dessa coisa do texto falado. Nós sentimos que o texto é nosso e apoderamos-nos dele. Já no outro registo, o texto tem de ser mais decorado e mais trabalhado. No caso de Santa Bárbara, especialmente com a personagem da Antónia [São José Correia], houve momentos mais elaborados.

Esta novela foge ao chamado cliché da ficção portuguesa? 

Sim, sem dúvida. Especialmente porque é uma história onde acontece de tudo. Acho que Santa Bárbara foi das novelas em que mais gente morreu [risos]. Quando eu entrei na segunda fase, já tinha morrido umas 20 pessoas. A novela foge mais do real, tem realmente muitas mortes e personagens assim mais fora do normal, são uns bonecos mais acentuados [risos].

E que projetos tens para o futuro?  

Estou a pensar descansar agora [risos]

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