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A Entrevista – Diogo Faro

A Televisão
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Diogo Faro descobriu ao fim de já estar licenciado que a sua verdadeira vocação era provocar uma boa gargalhada. Faz inquéritos absurdos na rua, enxovalha as pessoas e é uma atração na Internet. O mais provável é já teres visto um tema da atualidade comentado – de forma não muito sensível – por ele. Na viagem do grupo dos mais parvos da turma até ao mundo do stand up comedy, Diogo Faro aliou o Facebook à acidez humorística e criou uma página com milhares de fãs e algumas ameaças de porrada. Este é o vox pop do A Televisão ao Idiota que nos faz rir.

Estudaste na ESCS, em Publicidade e Marketing, e quando chegou a altura de entrar no mercado de trabalho, tiveste uma ideia original: criar um CV criativo no Facebook. Ensinaram-te a pensar fora da caixa?

Sim, quer dizer… Acho que o curso que eu tirei era muito voltado para a parte prática. Trabalhávamos muito mais do que estudávamos, fazíamos muito mais do que estar só a ler livros. E pronto, surgiu a necessidade de me querer diferenciar. Havia tanta gente a concorrer ao mercado de trabalho e eu queria trabalhar na área de eventos, e sempre defendi que a criatividade não se escreve num currículo… Não se diz num currículo «Eu sou criativo». Ou mostras logo que és criativo, ou então não. E foi um bocado por aí que surgiu a ideia de fazer um currículo diferente e que chamasse a atenção, e resultou a nível de trabalho por causa disso.

Pensaste «Ou eu mostro que sou mesmo criativo ou então não me contratam, não me dão uma oportunidade».

É assim, eu estou longe de ser um génio criativo, mas achei que tendo uma coisa um bocado diferente de um CV da Europass ia chamar mais a atenção e que logo à partida poderia ter alguma vantagem face a outras pessoas que estivessem a concorrer para as agências e para as empresas.

No entanto, despediste-te há cerca de um ano de uma empresa de eventos para te dedicares exclusivamente à comédia, ao projeto Sensivelmente Idiota. É uma decisão de que te arrependes, numa altura de tantos constrangimentos e de tanta dificuldade para arranjar trabalho?

Não, não estou nada arrependido. As coisas têm corrido muito bem. Eu gostava de trabalhar na agência e gostava da área (também trabalhava lá como criativo), mas agora faço mesmo aquilo que gosto, que é comédia e está a correr muito bem. Claro que é aos poucos, não é nada fácil, é um mundo complicado. E não é fácil pessoalmente e financeiramente, mas para já está a correr muito bem. O meu trabalho aos poucos vai sendo reconhecido e gosto imenso. Quando alguém está a fazer o que realmente gosta, não é por ganhar mais 100€ ou menos 100€ que é por aí, não é? Não é pelo dinheiro. Por isso, aos poucos as coisas estão a correr bem.

Dá-te gozo seres chefes de ti próprio?

Isso é a melhor coisa que existe. Não tenho horários, não tenho chefe, eu é que defino os meus objetivos (onde é que eu quero ir, como é que eu quero ir), eu é que defino se quero trabalhar das dez da noite às seis da manhã ou se quero trabalhar das nove da manhã… ou se não quero trabalhar! Hoje não me apetece trabalhar, não vou trabalhar. É o que estou a fazer hoje, por exemplo. Trabalhei uma data de semanas para os espectáculos que tive agora no Villaret e agora precisava de descansar uns dias. Foram dias de muita pressão, muito stress, é muito trabalho. E isto é ótimo, é ótimo não ter ninguém agora a chatear-me e ter coisas para fazer… É incrível mesmo.

E achas que é uma profissão que te dê um futuro cá em Portugal?

Acho que sim, acho que sim. O mercado da comédia, parecendo que não, é grande e as pessoas estão muito predispostas a rir, desde que haja bons comediantes. Num país pequeno e não havendo assim tantos comediantes, acho que há espaço para muitos mais desde que tenhamos qualidade, desde que esta geração que está agora a aparecer (eu e mais uns quantos amigos meus que estamos a tentar)… Acho que há muita qualidade e o público tem capacidade para reconhecer isso e não vão ficar sempre agarrados aos mais antigos que já têm o seu público (e vão continuar a ter). Acho que há espaço para todos. Quer dizer, vamos a um outro país qualquer e há 200 comediantes famosos e são todos bem sucedidos. E aqui há espaço para isso, mas é preciso é que os comediantes também trabalhem para depois verem o seu trabalho reconhecido.

Olha, tenho a ideia de que os portugueses levam determinados assuntos demasiado a sério.

Sim, mas não é só com o humor. Há muita gente que se leva demasiado a sério e que leva tudo demasiado a sério. Não se pode brincar com nada, não se pode falar de nada. Enfim, eu sinto isso na pele (eu e qualquer comediante). As pessoas levam-se demasiado a sério. Há figuras públicas com quem não se pode fazer uma piada, porque ficam logo muito ofendidos. Eu acho que há determinados assuntos que as pessoas levam demasiado a sério, mas não é toda a gente, felizmente. Muita gente percebe que pode não gostar de uma piada de um determinado comediante, mas gosta das outras todas. Claro, nenhum comediante é sempre brilhante, não é? Mas acho que a relação dos portugueses com o humor até é bastante boa, tirando algumas frações mais conservadoras.

1 A Entrevista - Diogo Faro

Sempre tiveste «Faro» para a parvoíce? Quando eras pequenino já fazias palhaçadas?

Opá, nunca fui o palhacinho – nem da família, nem da turma, nem de nada. Claro que sempre fui extrovertido e fazia as minhas parvoíces. Se calhar fazia parte do grupo dos gajos mais parvos, que andavam lá e metiam-se com os miúdos e chatevam os colegas, mas nunca fui o palhacinho de serviço. Tem a ver com a personalidade, sim. Sempre fui um bocado mais extrovertido, mas nada de especial que alguém dissesse: «Hum… Este gajo vai ser comediante». Não, era um gajo perfeitamente normal.

A tua relação com o Facebook nasceu com aquele CV criativo que já referimos, mas também com o Sensivelmente Idiota. A tua página tem agora 38 mil likes. Qual é o feedback que as pessoas te dão nas redes sociais?

No geral é muito positivo, porque, como qualquer pessoa, tenho os meus inimigos. Eu não tenho nada contra eles, tenho muitas pessoas que vêm contra mim e vão lá à página e criticam e dizem mal. Há dias em que nem sequer posso dizer «bom dia» e já está lá alguém a dizer mal só porque eu disse «bom dia». Enfim, acontece. Mas no geral é muito positivo: as pessoas mandam mensagens, ou fazem comentários a mandar parabéns pelo meu trabalho e a dizer que gostam muito, etc. Portanto, o meu humor nunca vai ser uma coisa universal, nunca vai ser para toda a gente gostar, e é normal que haja muita gente que não goste. Pá, às vezes é um bocado chato. Já recebi ameaças de morte e insultos e não sei quê, mas isso passa-me um bocado ao lado. Faz parte da profissão.

À medida que treinavas diariamente a escrita, com comentários sarcásticos, foste ganhado adeptos. Entre eles, a atriz Jessica Athayde e a modelo Sara Sampaio. Fãs assim deixam-te com o ego em altas…

Ah, não. São pessoas normais. Claro que acho piada. Acho piada à história da Sara Sampaio, que depois também fui alimentando mesmo só por graça. Ela partilha de vez em quando as minhas coisas e é uma pessoa famosissíma. Mas não é por aí. Como meu público, é só mais uma pessoa. É tão importante ela ter lá um like, como outra rapariga qualquer ou outro rapaz que eu não conheço de lado nenhum. Não é por aí. Claro que gosto que as pessoas gostem do meu trabalho. E a Sara Sampaio ou a Jessica Athayde ou o Cavaco Silva… pá, é indiferente. Não é por aí que eu vou achar que sou melhor comediante ou pior.

Sentes que os famosos aproximam-se de ti porque são mesmo fãs do teu trabalho, ou por uma questão de «Ai, o Sensivelmente Idiota está na moda, então… ‘bora lá apoiar»?

Não! O Sensivelmente Idiota não está nada na moda.

Mas está a ter muito reconhecimento.

Sim. Acho que as coisas… [pausa] Para já, já tem quase quatro anos. Mas tudo isto está a ser o fruto de quatro anos de trabalho e que agora está a chegar a uma nova fase, com mais visibilidade e as pessoas reconhecem o meu trabalho, etc. Não, mas não acho que as pessoas, e muito menos os famosos, se aproximam de mim por estar na moda. Nem sequer se aproximam. Sei que há famosos que têm o like e seguem a minha página, mas acho que não é nada por aí. Acham piada e é o que eu estava a dizer: são pessoas normalíssimas como as outras e para mim são tão importantes como todos os outros que lá seguem.

Como é que tens vivido toda esta evolução? Creio que a consagração do Sensivelmente Idiota deu-se com o vox pop que fizeste nos Globos de Ouro da SIC.

Sim, o vídeo dos Globos de Ouro. Aquilo foi viral, teve 140 mil views ou assim. Claro que para mim então foi extraordinário. Calhou bem e até ficou engraçado. Acima de tudo, foi no momento exato. Como é que tenho vivido esta evolução? Não sei… É normal, tenho vivido com normalidade. Isto é um trabalho. Não faço isto para ser famoso ou para ser reconhecido. Pá, é o meu trabalho, dá-me gozo. E o mais importante para mim no crescimento da página é que isso traz-me mais trabalho, ou seja, quanto mais a página cresce e as pessoas reconhecem o meu trabalho – quer dizer que vou ter mais empresas a pedir espectáculos, vou ter mais teatros a pedir espectáculos, etc. Isso traz-me trabalho e é o mais importante, não é? Por isso passa muito por aí.

Não ganhaste nenhum troféu, mas atingiste o recorde de visualizações no Youtube. Já previas este boom?

Não, nunca. Aliás, quando acábamos de gravar, falei com o meu cameraman (que é o rapaz que me acompanha sempre nos vox pop’s) e comentei que «acho que vai ficar um vídeo giro e tal». Mas nunca na vida sonhei que se tornasse tão viral e que fosse visto por tanta gente. Passei a ser mais reconhecido, a página aumentou milhares de likes… Correu bem! (risos) Foi um bocado de sorte, mas ainda bem.

Disseste numa entrevista: «Lembro-me de ter três likes e achar imenso. Agora a dimensão é totalmente diferente e se um dos meus posts tiver menos de cem likes é um fracasso». Ficas frustrado quando não atinges os objetivos?

Fico, mas claro que isso dos likes é completamente relativo. Posso escrever uma coisa que eu acho que está bem escrita e ter 100 likes e posso escrever uma coisa que até chegou aos 1000 likes (e já aconteceu) e eu pensar «Mas esta piada nem tem assim tanta graça…». E pronto, afinal havia uma data de pessoas que gostaram. Isso acaba por ser sempre relativo. Agora, se falares numa perspetiva mais alargada, de cumprir objetivos (não no Facebook), mas tipo… Tenho como objetivo fazer o Sensivelmente Idiota Talkshow: se eu não tivesse conseguido fazer (e fazer bem), aí ficava altamente frustrado. Agora faz um ano que me despedi para ser comediante, e se passado um ano eu não visse que estava a evoluir, ficava frustrado. Aliás, eu tinha decidido que se passado um ano (ou ano e meio) não visse realmente melhorias como comediante, eu voltaria à minha área de trabalho. Mas agora estou bem e vou continuar.

Como é que lidas com a rejeição, ou seja, com os críticos?

Isso é completamente tranquilo, faz parte. Quando me querem fazer uma crítica construtiva, aceito perfeitamente e falo com as pessoas. Muitas vezes as pessoas até têm razão e eu digo «Olha, tens razão. Realmente não me correu bem e tal» e aceito perfeitamente. Quando é só insulto gratuito, ou só porque alguém discorda da opinião e vai lá insultar-me, isso aí passa-me ao lado. Nem sequer quero saber. E até me rio, dá para me divertir um bocadinho. Mas não me afeta minimamente.

Tens muita gente a dar-te nas orelhas?

Sim… (risos). Tenho! Vou tendo. Quanto mais pessoas seguem o meu trabalho e gostam de mim, mais pessoas também há que não gostam do meu trabalho e do que eu faço. Portanto, acabo por ter que aturar algumas coisas que não me apetece muito, mas é o que eu digo: faz parte. Faz parte de um trabalho que envolve exposição pública.

De certeza que há muitas vezes em que pensas no que estás a fazer e sabes que vai ser polémico, mas com medo não vais a lado nenhum.

É por aí… Às vezes vou tocar em temas do género «como ser contra as touradas» ou falo de religião, ou de futebol. Sei que há temas que são sensíveis e que podem gerar polémica, mas eu não faço as coisas para agradar a toda a gente, por isso, não vou deixar de escrever sobre determinado assunto só porque há uma pessoa no mundo que vai ficar afetada, não vou. Escrevo e lido com as consequências depois.

E os teus vox pop’s? É a tua forma de gozar com a sociedade e com a ignorância das pessoas?

Não, não. Eu não quero chamar ninguém «ignorante». A maior parte deles até são pura brincadeira. Depois há outros que se calhar refletem um bocadinho mais de coisas que…

Gostas de satirizar a sociedade, isso é certo.

Ok, gosto de satirizar a sociedade e os Globos de Ouro têm um bocado essa parte da futilidade e tal, e no outro dos betos e da co-adoção… Principalmente esses que eu fiz reforçaram um ponto de vista. É com o objetivo de pôr as pessoas a pensarem um pouco mais sobre isso. Claro que aquilo às vezes parece que eu gozo imenso com as pessoas na rua, mas as pessoas que me dizem «Ai, tu estás só a gozar com as pessoas, tratas muita mal», esquecem-se que o vídeo é completamente manipulado. Aquilo é para ser humorístico, não é um documentário, nem é uma peça jornalística. Não é para ser uma fonte de informação credível, é uma brincadeira! E eu edito aquilo de maneira a ter graça e não a passar informações concretas. Nada disso.

A improvisação intimida-te?

Nos meus espectáculos não, mas no Sensivelmente Idiota Talkshow isso acontecia muito, porque estava como apresentador e tinha que falar e havia algumas perguntas preparadas para os convidados, mas não tinha tudo preparado. Há muita coisa decidida na altura, e isso não me assusta minimamente. Faz parte.

3 A Entrevista - Diogo Faro

E perder a piada? Temes?

Para já não. Mas encaro isto… Isto é um trabalho, um trabalho a sério. É um trabalho para fazer rir, mas é um trabalho a sério. E sei que se não trabalhar vou perder a piada. As coisas não caem do céu. Tens que trabalhar, tens que procurar novas formas de escrever, novas formas de observar o que te rodeia, etc. Para já não tenho medo de perder a piada, mas tenho consciência de que tenho que continuar sempre a trabalhar todos os dias.

Entretanto, o teu projeto saiu da escuridão da Internet para iluminar salas de espectáulo de todo o país. A ideia é que os teus inimigos te possam apedrejar ao vivo?

Apedrejar ao vivo… (risos) Senti que havia necessidade de fazer uma coisa diferente e ainda por cima foi uma coisa muito pouco comum em Portugal – um talkshow ao vivo. E correu muito bem. Toquei em várias coisas que as pessoas estão habituadas a ver na minha página, desde falar precisamente dos tais inimigos, falar das pessoas com quem eu gozo muitas vezes (o Kapinha, o Carlos Costa, que aceitaram o meu convite e fizeram muito bem, foi muito divertido). E mostro também os vox-pop. Sei lá, eu acho que o espectáculo resultou muito bem, as pessoas gostaram bastante. Eu gostei mesmo muito (muito) de fazer, foi uma coisa diferente. E espero que seja para continuar. Tem sido uma extensão e um reflexo natural do meu crescimento como comediante, acho eu.

Já atuaste em salas icónicas, como o Teatro Villaret, completamente cheias, como também em pequenos bares onde só estava o dono do espaço e um cão a ver. Como é passar do 8 ao 80?

Eu não passei do 8 ao 80! E ter chegado ao 80 já é muito bom. Conseguir chegar ao Villaret com estes espectáculos foi completamente surreal e eu não estava à espera. Mas eu não vou deixar de atuar em pequenos bares, até porque é em pequenos bares que se formam os grandes comediantes e é onde ganhas mais estaleca – a lidar com públicos difíceis. Epá, não me tornei agora numa vedeta de repente. Vou continuar a trabalhar com os meus colegas todos comediantes e ir aos bares que temos que ir (às vezes em sítios estranhos, outras vezes outros bares que são muito giros e que dá imenso gozo). Não passei do 8 ao 80. Fui ao 80 e tenho que trabalhar mais vezes para ir ao 80.

O que é que difere o teu espectáulo dos outros espectáculos?

É essencialmente o que disse há bocado, que é uma coisa fora do comum, um talkshow ao vivo. Quer dizer, um talkshow estamos habituados a ver – principalmente não tanto em Portugal, mas mais no formato americano, com o Jimmy Fallon, por exemplo – e que foge aqui um bocado ao que as pessoas estão a ver. Aqui as pessoas ou vêem stand-up comedy (vai lá um comediante, fala e vem-se embora) ou então uma peça de teatro. Epá, e ali não. É uma coisa completamente fora do comum, com entrevistas, depois eu chamava convidados do público para fazerem lá coisas comigo, veio também a minha avó para fazer um pequeno segmento comigo… Acho que foi essa diferença que resultou.

Foste agora convidado para integrar o painel de comediantes do programa Futebol de Perdição, da Sporting TV. Ficaste radiante com o convite?

Quando me convidaram, fiquei felicíssimo. Juntar comédia ao meu amor futebolístico foi mesmo um orgulho enorme. Fiquei felicíssimo, mais uma etapa neste percurso de comediante. Até podia ter sido só um programa, só um convite pontual, que já era ótimo. Mas não, foi melhor que isso. Foi para continuar lá e vou estar, como disseste, no painel fixo de comediantes do programa. E está a ser giro, está a ser giro. Nunca tinha feito nada disto, mas os meus colegas são muito fixes e eu adaptei-me bem. Epá, não está perfeito. Acho que a minha prestação não foi perfeita no primeiro programa, mas no segundo acho que já foi melhor. E quero continuar sempre a melhorar, mas acima de tudo estou muito, muito contente por ter acontecido.

A tua tese de final de curso foi um plano de marketing para o Sporting.

Tínhamos que fazer um plano de marketing e escolher um produto. E eu, enquanto publicitário/marketeer, queria trabalhar no Sporting, precisamente por gostar tanto do Sporting. Pronto, e não há grande história aqui. Havia uma colega de grupo, falávamos lá com a direção de marketing do Sporting e aceitaram ajudar-nos e fizemos um plano de marketing da Gamebox. Não acabei no Sporting como publicitário/marketeer, mas fui lá parar como comediante, o que é ótimo.

És daqueles adeptos que sofre interiormente ou és mais de assobiar e mandar bitaites?

Não. Eu sou um adepto que apoia sempre a equipa. Quanto tenho que criticar, critico, mas não sou daqueles que estão sempre a dizer mal por tudo e por nada. Apoio a equipa, e não sou nada fanático! Gosto muito do Sporting e sigo tudo e tento ir todos os jogos a Alvalade. Quando a equipa está a jogar mal, eu assumo que está a jogar mal, mas não sou nada fanático. Não gosto de pessoas fanáticas, não tenho muita paciência.

Eu sei que tens uma ligação muito forte com a música. Já te passou pela cabeça juntar comédia e música?

Já, e acabei por fazer isso um bocadinho agora no talkshow, em que logo na entrada do espectáculo eu comecei a tocar clarinete com a banda. Vem daí, da minha parte musical. Eu fiz o Conservatório todo da Orquestra Metropolitana de Lisboa, de clarinete, e acabei por juntar um bocadinho. Talvez daqui a uns tempos, sim, vai ser um projeto mais a sério entre música e comédia. Mas aqui já acabei por juntar um pouco as duas áreas.

Tens algum projeto em mente, algo que gostarias de realizar e que ainda não realizaste? Gostavas de ter um programa de televisão?

Sim, não descarto essa hipótese. As coisas estão agora a começar, tenho uns projetos, vou começar a escrever um livro (que é uma coisa muito interessante para mim). E claro, se calhar um dia gostava de ter algo como o que fiz agora ao vivo no talkshow, mas isso sei que será complicado, ter a liberdade criativa que posso ter num espectáculo que é meu e numa televisão estás sempre altamente condicionado. Tudo isso devagarinho, não gosto de dar passos maiores do que a perna. Por isso já é bom, estou na Sporting TV, estou a escrever um livro já com contrato assinado com a editora. As coisas vão avançar…

E é um livro para sair ainda este ano?

Ainda não posso falar muito mais sobre isso, mas será um livro de crónicas – todas originais, que eu escrevi de raiz. Mais pormenores saberão lá mais para a frente.

Há quem diga que és o futuro da comédia em Portugal. Vais continuar a lutar para que esse futuro se torne realidade?

Eu não sou o futuro, posso é fazer parte do futuro. Mas eu não sou o futuro… Eu trabalho com muita gente, com muitos comediantes que, por não terem uma página no Facebook tão visível, acabam por não ter a exposição que eu tenho, mas têm um talento incrível. Há vários que são melhores que eu e tudo. Só que pronto, trabalharam a sua carreira de outra maneira e não têm a mesma visibilidade que eu já tenho. Agora, claro que quero, juntamente com esses meus amigos e colegas, ser o futuro da comédia em Portugal. Claro que nós lutamos para ser bons, não lutamos para ser maus comediantes. Por isso, espero que sim, espero que sim.

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eduardo.lopes@atelevisao.com

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