A Entrevista – Dalila Carmo

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Dalila Carmo interessou-se pela representação aos 15 anos, em 1990, e desde aí desenvolveu um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como Diário de MariaFilha do Mar, Tempo de Viver e Equador).

A atriz, que está de regresso à TVI como protagonista da novela O Beijo do Escorpião, revela que já tinha vontade de voltar ao todo-o-terreno e à «vertigem». «Fiz muito disto e dá-me um jogo de cintura que sabe bem de vez em quando. Gosto de regressar a isto». Leia a entrevista ao A Televisão.

– Dalila, quando é que aconteceu a sua paixão pela área da representação?

– Aconteceu em 1990 quando me inscrevi no meu curso de teatro do Ballet Teatro Contemporâneo do Porto, escola profissional. Aconteceu ao longo desses três anos. Até aí não fazia ideia o que era isso de representar. Achava  que sabia mas não sabia. A única certeza era a de que queria comunicar.

– Foi necessário um grande esforço para conseguir o seu lugar na televisão?

– Fiz um grande esforço para começar a trabalhar. A televisão era precisamente o que eu não queria fazer. Foi por acaso que surgiu essa oportunidade e ponderei se devia aceitar ou não.

– Como vê atualmente o teatro e a ficção em Portugal?

– Como sempre vi. A sobreviver.

– E como é que se sobrevive?

– As nossas carreiras tem que ter duas vertentes se queremos sobreviver neste país: uma mais artística e outra mais comercial. Aqui [na televisão] trabalha-se na comercial, tentando não descurar de todo a parte artística. A que couber.

– Existe alguma personagem que lhe tenha dado especial gosto pessoal? Creio que a Bárbara de Tempo de Viver foi bastante marcante para o público.

– Sim, ainda me falam muito da Bárbara. Gosto de todos os personagens que o Rui [Vilhena] me deu. Mas recentemente foi no Florbela que fui mais feliz.

– Já recusou muitas propostas para trabalhos que gostaria de ter realizado?

– Já, bastantes. Não vou dizer quais, por razões evidentes.

– Antes de ir para Madrid [2009], onde esteve a viver durante alguns anos, sentiu que corria o risco de o público se cansar de si?

– Não… Pensei que antes disso estava eu a cansar-me de mim própria. Não pode existir a «montra» durante tanto tempo seguido, pois acabamos por ficar imunes àquela pessoa. Era dessa imunidade que eu andava a fugir. E do formato, que também tem que ser doseado.

– Não lhe incomoda sair à rua e ser o centro das atenções? Ir ao supermercado e não ter privacidade, por exemplo.

– Faço a minha vida normalmente. Não promovo nada a não ser o meu trabalho, quando é o momento oportuno para isso. A reação das pessoas a mim costuma ser discreta porque eu também o sou. Já tive manifestações de afeto e reconhecimento que guardo para sempre.

– É bom sentir o feedback das pessoas?

– Sim, é bom sentir o feedback das pessoas, mas também temos que ter o nosso próprio feedback. O que queremos realmente fazer e contar aos outros. E se estamos a conseguir fazê lo.

– Portanto, já tinha saudades de voltar à ação, a essa grande adrenalina das novelas…

– Tinha vontade de voltar ao todo-o-terreno. À vertigem. Mesmo que seja uma saudade temporária. Fiz muito disto e dá-me um jogo de cintura que sabe bem de vez em quando. Gosto do elenco. Gosto de regressar a isto.

– Com que olhos vê a nova geração de atores? Já se tem deparado com «narizes empinados»?

– Narizes empinados existem em todas as gerações. E felizmente, quando eles empinam, é pelas melhores razões: condições de trabalho e perfecionismo. Quando empinam só porque são famosos e aparecem nas festas e revistas, esses não lhes ligo muito. Não são atores.

– Há talentos promissores no nosso país?

– A nova geração tem talentos fabulosos. Vi muitos há pouco tempo na série Os Filhos do Rock [RTP1]. E agora na Sara Matos, por exemplo. É bom ver que há quem saiba o que quer, com força e foco e determinação. Faltava na minha geração. Cresci a acreditar pouco.

– Na sua opinião, Sara Matos tem realmente futuro na área da representação, ou apenas está a viver um momento alto que depois (mais tarde) pode terminar?

– A Sara é um talento. E todos os nossos momentos podem terminar. Em qualquer altura. Não temos garantias de nada e infelizmente nem tudo depende do talento.

– A gravar desde novembro de 2013, que balanço faz de O Beijo do Escorpião?

– Acho que é uma novela com força na história e um elenco muito coeso, acima de tudo.

– Que expectativas tem em relação a este projeto?

– Aprendemos a moderar as expectativas. Vivo no presente. Quero continuar a acreditar em todas as cenas. Quando não acredito, durmo pior nessa noite.

– Como é que define a Rita Macieira?

– Apesar da inocência dela, alguma assertividade e pragmatismo. Algum humor. Dinamismo. Força. Ela é muito bem intencionada. E concretiza coisas.

– Consegue descrever o processo de composição da personagem?

– Não sei muito bem como se descreve. É como os segredos de cozinha. Um personagem de novela é um trabalho work in progress. Aqui não tenho características de composição como num trabalho como o Florbela, por exemplo.

– É uma construção diferente.

– É uma construção interior. De carácter. De personalidade. E isso não se explica assim. Essa resposta ocuparia o espaço da entrevista inteira.

– Apesar de apresentar valores positivos, O Beijo do Escorpião não consegue superar Sol de Inverno. Acha que este cenário ainda vai sofrer alterações?

– Nao faço ideia… Em relação a audiências, são expectativas que quase não me competem. Delego essa preocupação nas outras pessoas.

– Quando as gravações terminarem, pretende continuar a fazer novelas?

– De vez em quando, sim.

– Muito obrigado pela entrevista, Dalila. Continuação de sucesso! Espero realmente que nunca pare de nos surpreender com as suas magníficas interpretações.

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