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A Entrevista – Cifrão – 1º Aniversário «Online Dance Company»

Diana Casanova
20 min leitura

Um ano. No passado mês de maio a Online Dance Company celebrou um ano de vida. Cifrão é o fundador deste projeto que neste primeiro ano conquistou 5 prémios internacionais, 3 milhões de visualizações e contou com a participação de cerca de 50 bailarinos. Além disso, Cifrão está presente em quase todos os formatos televisivos relacionados com a dança, pelo que o A Televisão esteve à conversa com ele. A Dança é o tema central desta conversa, em que falamos também do Let’s Dance, formato da TVI, que terminou recentemente e no qual desempenhou o papel de jurado. 

Leia, em seguida, A Entrevista a Cifrão.


Um ano já passou. Qual é o balanço que fazes deste primeiro ano de Online Dance Company?

O balanço do primeiro ano da Online Dance Company powered by Millennium bcp é muito bom! Nós tivemos 3 milhões de visualizações neste primeiro ano, gravámos com cerca de 50 bailarinos, todos os melhores dos melhores! Conseguimos 5 prémios internacionais! O público acarinha-nos muito. Está sempre desejoso para ver o próximo vídeo. Em termos de promoção já conseguimos promover a Companhia de uma forma estrondosa. Acho que este primeiro ano não poderia ter corrido melhor! E estamos com muita vontade de começar este segundo ano com todas as novas surpresas.

Como tem sido a resposta do público a este projeto? Abordam-te muito na rua para falar dele?

A resposta do público tem sido muito boa! Em primeiro lugar pelas visualizações, e sim as pessoas abordam-me muito na rua para dizer que gostaram muito das performances que viram, que gostaram mais do mês de Maio do que do mês de Outubro. O último vídeo que gravamos foi com o Michel e com o Francisco e muitas pessoas disseram que ao ver o vídeo emocionaram-se, choraram. A resposta do público tem sido muito gratificante. Queremos ativar as emoções das pessoas quando vêem os vídeos, queremos que as pessoas se emocionem, riam, sintam alguma coisa com a dança, e com os bailarinos, e com toda a performance, que é o que tem acontecido. Portanto, nesse aspeto, acho que estamos a conseguir mexer com as pessoas e a conseguir mostrar os grandes bailarinos que temos no nosso país.

Agora uma série de perguntas rápidas sobre este primeiro ano:

  • Momento mais divertido que viveste?

Acho que o momento mais divertido que vivi com a Online Dance Company powered by Millenniium bcp foi no jantar de aniversário, em que juntamos todos os bailarinos que participaram nos vídeos e passamos uma noite incrível a rir, a falar dos vídeos uns dos outros, a comentar. A comunidade de bailarinos é muito engraçada. Tem um humor muito satírico e engraçado e acho que foi a combinação de tudo que deu este momento mais divertido.

  • Momento mais difícil que viveste?

O momento mais complicado talvez tenha sido no primeiro vídeo, em que tínhamos muita coisa para gravar. Era um vídeo grande e gravamos das 19h da noite às 7h da manhã. Tínhamos de acabar as gravações antes que amanhecesse e foi muito stressante. Tinha de ser tudo na “mouche”! E eram muitos bailarinos – eram 10! Mas no final correu tudo bem.

  • Melhor coreografia?

Não me fica bem dizer qual a melhor coreografia… Nós já temos cinco coreografias premiadas. Acho que todas elas representam um pouco daquilo que nós temos de melhor ao nível do estilo de dança. Eu sou suspeito, mas eu gosto muito de todas. É difícil dizer-vos qual a melhor. Acho que é bom o público descobrir por si próprio.

  • Melhor vídeo?

A história do melhor vídeo é igual! Melhor coreografia, melhor vídeo. Acho que é bom que seja o público a decidir. Não é pelo meu gosto, porque eu gosto de todas, mas a primeira coreografia que nós fizemos, ganhou o prémio de Melhor Vídeo Coreográfico do Mundo. Arrecadou o melhor prémio de todos que nós temos e é um prémio gigante.

  • O mais gratificante?

Eu acho que o mais gratificante de todos foi o que gravamos com o Francisco, que é um miúdo de 13 anos e um dos grandes fenómenos do mundo inteiro, do ballet clássico, e o Michel, que é nada mais, nada menos do que o bailarino mais velho de sapateado, com 69 anos. A junção dos dois foi muito gratificante. Podemos ver dois encontros de duas gerações muito distintas, mas que funcionaram na perfeição e é dos vídeos mais emocionantes que temos.

Foi muito gratificante também gravar com o Guilherme e com a Matilde.

Em que medida achas que este projeto ajuda na promoção da Dança no nosso país?

Eu acho que este projeto ajuda e muito na promoção da dança no nosso país. Em primeiro lugar, porque conseguimos juntar os melhores dos melhores para fazer estas performances mensais. Depois, acho que o cuidado que nós temos com tudo aquilo que gira à volta dos bailarinos, o décor, a história que envolve, o tempo de ensaio, é extremo. Nós temos muito cuidado para fazer com que os bailarinos fiquem satisfeitos com o trabalho final, que nós fiquemos satisfeitos, e que isso passe para o público. Por isso, acho que mostrar a dança no seu melhor é sempre bom. E depois conseguimos chegar a muitas pessoas que talvez nem se interessem muito por dança, mas que por causa deste projeto, da Online Dance Company powered by Millennium bcp, estão a começar a interessar-se. Estão a olhar para a dança de uma forma diferente. Eu sou suspeito, mas eu criei este projeto a pensar que isto seria muito bom para a dança e para incentivar os bailarinos em Portugal a serem cada vez melhores e a fazer parte da Online Dance Company powered by Millennium bcp.

Tens sido uma das figuras centrais da Dança no nosso país. Ao longo dos anos, como achas que a Dança tem evoluído por cá?

Eu acho que a dança em Portugal tem evoluído muito. Nós temos grandes bailarinos a trabalhar no mundo inteiro. Nós temos um dos bailarinos principais da Royal de Londres, o Marcelino Sambé, a Diana Matos que está nos EUA a dançar com os grandes artistas mundiais. Acabou de fazer os Óscares, a dançar ao lado do Justin Timberlake, fez a tour com a Nicki Minaj, dança com a Katy Perry, com o Jason Derulo, entre outros. Depois temos os campeões mundiais de breakdance, que são portugueses. Dois dos melhores bailarinos de clássico, que estão na Companhia Nacional de Bailado, são considerados dois dos melhores do mundo. Acho que a dança está muito bem em Portugal e acho que anteriormente não tinha a visibilidade que agora está a ter. Os programas de dança têm ajudado, as companhias de dança ajudam muito, a promoção de dança está mais forte do que nunca. Por isso, acho que a saúde da dança em Portugal está muito boa e recomenda-se. Acredito que nestes próximos anos, a dança ainda vai subir cada vez mais. Uma das coisas que eu tenho notado e percebo que a dança está mesmo muito forte, é porque as escolas de danças estão a triplicar as pessoas que estão inscritas. Ou seja, as pessoas estão a apaixonar-se pela dança, a quererem dançar e a ter um estilo de vida mais saudável. Não é só bem-estar físico, mas também psicológico. A dança traz isso. A dança é uma das melhores coisas que pode acontecer na vida de uma pessoa.

Concordas que tens sido um dos rostos dessa promoção da dança do nosso país? Isso faz-te sentir mais responsabilidade?

Sim, eu acho que tenho sido um dos rostos, mas porque me esforço para que a dança evolua, para que a dança cresça. Tenho tido a oportunidade de ser jurado nos principais programas de dança da televisão. Tenho estado sempre no backstage da maior parte dos programas em que há dança. Criei a companhia Online Dance Company powered by Millennium bcp. Estou muito ligado às escolas de dança de todo o país. É um esforço que eu faço para poder promover a dança. Acho que todas as pessoas que têm essa visibilidade devem fazê-lo, devem mostrar ao público aquilo que nós temos de melhor, devem lutar para que isto cresça, devem lutar para que a dança aconteça cada vez mais na casa e no corpo das pessoas. Por isso, é um grande orgulho ser um dos rostos da dança em Portugal e se isso me traz responsabilidade, claro que sim! Obriga-me a estar sempre no meu melhor e a apresentar sempre aquilo em que eu acredito. Eu não posso vacilar naquilo que apresento. Tenho que ser sempre o melhor possível. Como confiam em mim, acham que tenho a responsabilidade de apresentar aquilo em que eu acredito e que faço melhor.

Achas que o público português está recetivo à Dança como está, por exemplo, a outro tipo de arte – televisão, música, cinema…? Ou achas que pode ser encarado mais como um «nicho»?

Eu acho que a dança já não é considerada um “nicho”. A dança é uma arte de palco, que se pode perfeitamente comparar à música, à representação. Acho que deixou de ser um “nicho”. Há muitas pessoas que têm contacto com a dança desde criança. Começam a fazer ballet, começam a fazer hip hop… Desde criança que cada vez mais as pessoas estão a ter contacto com a dança, e conforme vão crescendo, alguns vão abandonando, outros ficam sempre com o “bichinho”, outros que continuam. Há muitas pessoas agora que saem do trabalho e vão para as escolas de dança aprender a dançar, vão relaxar um bocadinho da azáfama do dia-a-dia. Por isso, eu acho que a dança deixou de ser um “nicho”, e acho sinceramente, que qualquer dia, 80% da população em Portugal, já deu um pézinho de dança, aprendeu um passo. Eu nunca conheci ninguém que não gostasse de dançar ou que não gostasse de ver dança, independentemente do estilo. A dança está sempre presente no corpo das pessoas, nas próprias pessoas. É uma coisa que todas as pessoas fazem: seja na discoteca, em casa, no baile. O que nós fazemos ao promover a dança é despertar aquilo que está escondido dentro das pessoas. Acredito que muitas das vezes, as pessoas vêem as nossas performances, têm vontade de dançar, de se mexer. A dança está enraizada no corpo de 99%, para não dizer 100%, das pessoas. Toda a gente já dançou. Toda a gente gosta de dançar!

Vimos um pouco isso no Let’s Dance, onde foste mentor e jurado. O formato não teve o sucesso audimétrico que outros formatos de entretenimento do canal tiveram. A que achas que isso se deveu?

Não sei se percebo muito bem isso… vou explicar porquê. As nossas galas tiveram sempre no Top 2 de audiências no slot de horário que nos colocaram. Acho que correspondemos perfeitamente às audiências esperadas. Acho que estivemos muito bem. Acho que marcámos o público, a reação nas redes sociais, a reação das pessoas que me abordam na rua é sempre a melhor possível. Acho que estivemos em grande. Fizemos um grande trabalho e acho que não desvalorizámos a dança em circunstância alguma e estar no Top 2 acho que é muito bom!

Houve, na altura, quem dissesse que «ninguém quer ver um grupo de jovens numa casa cujo único interesse é a dança e só falam de dança, não gerando tensões entre si». A verdade é que todos os participantes estavam lá para lutarem pelo seu sonho. Achas que o erro esteve na componente reality show que o formato não tinha?

Acho que não me cabe a mim analisar esse aspeto e se o formato era correto ou não. Aquilo que me competia era fazer deste programa o melhor programa de dança possível. E acho que nós lutámos por isso: tínhamos os melhores coreógrafos, bons bailarinos. Tínhamos cuidado com os adereços e com aquilo que queríamos contar às pessoas. Usámos o palco, o estúdio e mais alguma coisa para criar momentos diferentes de dança. Por esses motivos, acredito que correspondemos muito bem a tudo. Se o formato de reality era o certo ou não, não me cabe a mim decidir ou analisar. No que me toca, acredito que a equipa fez um grande trabalho e acho que podemos estar todos muito orgulhosos disso.

Que impacto é que achas que isso teve no formato e no desempenho dos concorrentes?

Acho que não afetou minimamente. Acho que se portaram à altura. Conseguiram atingir o propósito que foi lançado, que era eles serem os melhores dos melhores, trabalharem com os melhores coreógrafos, esforçarem-se para evoluir na dança. Acho que fizeram isso com muita graciosidade, com muita vontade, com muita força, com muita garra. Acho que foi um objetivo muito bem conseguido da parte deles.

Agora que o formato já terminou, que balanço fazes do projeto?

O balanco que faço do programa é muito positivo. Os bailarinos evoluíram muito e isso era um dos propósitos do programa. O público gostou muito do que viu. Estou muito orgulhoso do trabalho que nós fizemos, daquilo a que nos propusemos. Assim, considero o balanço muito positivo.

Surpreendeu-te o desempenho dos concorrentes do ponto de vista artístico? Como?

Claro que me surpreende! Surpreendo-me sempre com a capacidade de trabalho que as pessoas têm. E este grupo teve uma capacidade de trabalho incrível. Esforçou-se ao máximo desde a primeira gala até à última, e como evoluíram muito, eu surpreendi-me com alguns. Este programa fez muito bem aos bailarinos, pois chegaram mais longe. Era um dos objetivos do programa: a evolução dos concorrentes. Ficamos surpreendidos porque estavam a dançar em estilos que não eram os deles e tiveram performances muito boas. Já os conhecia a quase e já os tinha visto a dançar em várias ocasiões e, por isso, mais dificilmente seria surpreendido. A verdade é que fui, tal como os outros jurados!

Achaste justa a vitória da Francisca ou consideras que havia outro concorrente que fosse melhor?

Sim, acho que a decisão foi justa. A Francisca mostrou que era a bailarina mais completa. Acho que muitos deles poderiam ter ganho por outros motivos. Havia concorrentes muito fortes noutros estilos que se arrecadassem o prémio também tinham sido justos vencedores, mas acho que a Francisca teve um desempenho incrível, pois adaptou-se muito bem a todos os estilos que lhe foram apresentados.

Gostavas que houvesse uma segunda temporada? Existe essa possibilidade?

Claro que eu gostava que houvesse uma segunda temporada! Não sei se existe essa possibilidade. Terão de perguntar à TVI. Mas acho que todos os programas que dignifiquem a dança são importantes para a televisão, para a nossa cultura e para as pessoas que vivem da dança.

Que projetos tens agora planeados para os próximos tempos? Vais regressar à TV?

Tenho muitos projetos! Vou voltar à televisão, vou voltar à dança, vou voltar à música. As artes de palco fascinam-me e eu estou sempre ligada a elas de alguma forma. E sim vai haver muitos projetos. Não quero revelar ainda quais, mas sim vou estar em força ainda este ano! Muita força!

Ficou alguma coisa por fazer do que tinhas planeado na Online Dance Company?

Claro que sim! Ficou ainda um ano inteiro pela frente! Este segundo ano e um terceiro ano! Fica muita coisa por fazer na Online Dance Company powered by Millennium bcp, porque há muita coisa que pode ser feita. Tenho alguns bailarinos que quero convidar para a companhia e quero experimentar novos métodos de gravação, quero fazer outras coisas que ainda não tive a oportunidade de fazer porque ainda só temos 1 ano de vida! Temos mais contacto com os músicos portugueses, para nós podermos trabalhar as músicas deles. Temos que contactar mais coreógrafos, mais pessoas envolvidas com a dança desde o seu início, desde as grandes fundações. Ainda há muita coisa que podemos fazer mas temos um segundo ano pela frente!


Redatora e cronista