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A Entrevista – Ana Ventura

A Televisão
15 min leitura

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Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher. Em vésperas da sexta edição do Rock in Rio, fomos investigar como estão a correr os preparativos para o evento. «A experiência tem de ser tão interessante e tão emocionante quanto é para quem está na Cidade do Rock», esclarece Ana Ventura.

1 A Entrevista - Ana Ventura

Como é que estão a correr os preparativos para a sexta edição do Rock in Rio?

A operação da SIC e da SIC Radical em termos dos festivais, e em termos do Rock in Rio em particular, normalmente é aquela que envolve mais trabalho. Mas também é aquela que nós já fazemos com a mesma equipa já há muito tempo… Portanto, é sempre muito trabalhosa, mas muito prazerosa. De dois em dois anos nós dizemos que nunca mais vamos voltar a fazer isto, mas depois no ano de intervalo temos sempre saudades do ano anterior. E pronto, é o trabalho do costume, com a responsabilidade acrescida, porque de ano para ano a fasquia vai ficando mais alta.

O que podemos esperar da equipa da SIC Radical, que inclui nomes como Carolina Torres, João Paulo Sousa e Maria Botelho Moniz?

Acima de tudo, aquilo que se pode esperar é a experiência de quem já faz festivais para televisão há muito tempo. É uma máquina muito bem oleada e sobretudo porque já trabalhamos juntos há muito tempo. Além de termos as nossas qualidades pessoais, acabamos por trazer também a qualidade que é o grupo enquanto grupo, porque de alguma forma acabamos já por nos conhecer muito bem, por saber muito bem o que é que é o trabalho de cada um de nós. Acima de tudo, temos uma coordenação muito boa, feita pela mesma pessoa já desde há muitos anos, que é o Pedro Paiva.

2012 deu início a inovações: a SIC decidiu apostar numa emissão televisiva com mais pontos de reportagem e com outro cuidado ao nível do guarda-roupa e da maquilhagem dos apresentadores. É nestes detalhes que reside o sucesso?

Uma vez que o Rock in Rio todos os anos vai tentando fazer mais e melhor, ao sermos a televisão oficial, essa responsabilidade também nos cai um bocadinho em cima dos ombros. Não acho que seja um peso, acho que é um desafio. E de facto, em 2012, as nossas emissões foram muito inovadoras nesse aspeto, e há sempre uma vontade de fazer mais e melhor, e de tornar tão interessante para quem está a acompanhar as nossas emissões em casa. A experiência tem de ser tão interessante e tão emocionante quanto é para quem está na Cidade do Rock. E eu acho que é em boa parte essa aposta que os responsáveis por estas emissões têm como objetivo, e como desafio.

O que é que torna o Rock in Rio tão especial e tão bem sucedido?

Muitos anos de experiência; a capacidade que essa marca teve de se exportar do Rio de Janeiro para vários pontos do mundo; a constante vontade de querer fazer mais, melhor e de ir mais longe. Eu acho que esses são os pontos fundamentais. O facto de na edição dez anos Rock in Rio Lisboa terem uma banda como os Rolling Stones também é sinónimo da importância que a marca acaba por ter, até em termos internacionais. E depois, o facto de o Rock in Rio Lisboa não decorrer todos os anos acaba por fazer com que as pessoas criem alguma saudade. E a experiência de estar na Cidade do Rock é uma experiência diferente daquilo que é estar noutro festival. O Rock in Rio Lisboa, ou o Rock in Rio por si só, é um evento que vai muito além daquilo que é o conceito habitual do que é um festival. Isso faz toda a diferença.

O cartaz deste ano é muito transversal, não é? Há artistas para todos os gostos…

Eu acho que esse tem sido um dos motes do Rock in Rio desde o início. Há uma razão para o próprio Rock in Rio Lisboa se assumir como um evento de música e não como um festival. É um bocadinho diferente daquilo que nós estamos habituados ao que é o conceito de um festival de verão, digamos assim. Cada um dos dias tem um foco muito direcionado. Em ano de celebração de dez anos Rock in Rio Lisboa, as expectativas também era muito altas. Com airliners como os Arcade Fire, como o Justin Timberlake (em estreia em Portugal), e até como o lado mais arrojado de terem dois airliners num só dia (como vai ser a noite dos Queen of The Stone Age com os Linkin Park)… eu acho que sim, é muito transversal, mas também é muito aquilo que o Rock in Rio Lisboa tem feito ao longo destas cinco edições.

Quais os nomes que aguarda com mais ansiedade?

As minhas duas grandes expectativas são os Queen of the Stone Age e, evidentemente, a estreia do Justin Timberlake em Portugal. Eu já tive oportunidade de ver o Justin Timberlake ao vivo. Ele é um grande senhor em cima do palco e eu acho que há muito tempo que Portugal merecia vê-lo. E depois claro, em termos de Palco Mundo, é importante recebermos de braços abertos os Rolling Stones numa fase magnífica, em que ainda recentemente celebraram os seus 50 anos de carreira. Eu duvido que algum dia nós venhamos a encontrar outra banda rock a fazer 50 anos de carreira. Bom, os Xutos encaminham-se para lá. Mas eu gostava de destacar também a abordagem do Palco Vodafone, porque há grandes nomes a passarem por lá, não só em termos nacionais, como internacionais. Em termos de iniciativas únicas de Rock in Rio Lisboa, o momento de homenagem a António Variações vai ser, sem dúvida nenhuma, um dos momentos altos desta edição – não só pela importância da obra do António Variações, mas também pelos nomes que se vão encontrar no Palco Mundo, precisamente para celebrar um dos nomes maiores da música nacional.

2 A Entrevista - Ana Ventura

Acha que o Justin Timberlake vai dizer, da mesma maneira que falou do Rock in Rio do Brasil, que nunca viu um público como o nosso português?

Tenho a certeza absoluta que vai dizer ainda mais [risos]. E nesse aspecto nós somos muito diferentes do público brasileiro. O próprio recinto do Rock in Rio Lisboa é também muito diferente do Rock in Rio no Rio, e acaba por criar uma proximidade maior com os artistas. E eu acho que ele vai levar, sem dúvida alguma, o público português ainda mais do que levou o público brasileiro depois da atuação no ano passado.

Tem algum festival preferido, ou cada um deixa a sua marca?

Eu não tenho um festival preferido… Tenho várias edições de festivais que me ficam na memória, mas eu acho que não seja possível para quem é festivaleiro dizer que tem um festival preferido. Por aquilo que conjuga, ir ao Sudoeste é sempre especial; mas em termos de cenário físico, Paredes de Coura é inesquecível; em termos de inovação, o Primavera Sound também se tornou muito relevante; por outro lado; o Super Bock Super Rock tem sido sempre divertido acompanhar as várias mudanças de personalidade e o seu crescimento; o Rock in Rio é o Rock in Rio… Todos os festivais têm algo que os torna especiais.

Qual foi o concerto da sua vida em território nacional? E internacional? Qual foi o indicador que a levou a senti-lo dessa forma?

Em território nacional, foi a primeira passagem da Madonna por Portugal, que eu fui às sete da manhã para a entrada do centro comercial do Colombo para comprar o bilhete na Fnac. Esse para mim foi o grande momento, porque de alguma forma eu cresci a ouvir Madonna. Em território estrangeiro, com a mesma carga que teve a estreia da Madonna em Portugal, foi o George Michael. E eu fui a Paris ver a digressão que depois acabou por trazer o George Michael a Portugal. Foi muito, muito emocionante. E um dia espero ver, nem que seja em holograma, o Jeff Buckley a tocar. Ou então no céu, será noutro ponto internacional, mas estou certa de que um dia ainda vejo o Jeff Buckley a tocar [risos].

A Ana Ventura tem uma rubrica na SIC Mulher, o M de Música. Não gostava de ter um programa seu, na generalista, por exemplo?

Eu gostava muito, e acho que faz falta haver música em televisão. É isso…

Mas acha que a música portuguesa está no bom caminho?

Neste momento, em 2014, acho que finalmente a música portuguesa está onde merecia estar desde há algum tempo. Finalmente os portugueses começaram a reconhecer que se faz muito boa música portuguesa. Temos cada vez melhor fado, sim, mas temos também cada vez melhor rock. Também temos cada vez projetos mais inovadores, que pegam em momentos tradicionais e que os tornam contemporâneos. 2014 tem sido um ano extraordinário em termos de edições de projetos portugueses. Finalmente, chegada à idade altura, digamos assim, a Gisela João, que há tanto tempo que as pessoas aguardavam pela chegada do seu primeiro álbum. Mas também com o regresso dos Linda Martini aos discos. E este ano, este primeiro semestre, tem sido algo verdadeiramente inesquecível, com o Legendary Tigerman, com os Dead Combo, com a Rita Redshoes… E todos eles com projetos muito diferentes, de géneros muito diferentes, e todos eles a serem muito bem recebidos. E os Xutos & Pontapés a chegarem aos 35 anos de carreira, com um dos seus melhores álbuns recentes.

Qual o verdadeiro génio que tenha surgido mais recentemente?

Posso dizer que atualmente há um artista de quem toda a gente fala, e que é completamente transversal a vários tipos de projetos, mas a verdade é que ele não apareceu recentemente. Eu diria que a figura que atualmente mais está na boca do mundo é o Pharrell Williams. Ele é de facto genial e é um artista extremamente completo, porque é compositor, produtor, cantor e trabalha com vários artistas vindos de vários géneros diferentes. E há alguma razão para toda a gente querer trabalhar com o Pharrell Williams. Acontece que o Pharrell já não é recente, teve agora um novo boom. 2013 foi um ano muito bom para ele – não só pelo trabalho com o Robin Thicke, mas também pela participação no álbum dos Daft Punk, e também agora mais recentemente com o estoiro que foi a sua canção «Happy». E depois, em termos de rock, acho que há alguma razão para uma figura como o Dave Grohl também ser tão transversal e conseguir manter-se como figura de proa há tanto tempo. Diria que esse é também outro génio.

Como é que consegue absorver tanto conhecimento sobre o mundo da música?

Estudo muito [risos]! Eu já estou ligada à música desde 98. Comecei a fazer imprensa, estive oito anos no Blitz, e depois os primeiros dois anos na revista Blitz. Portanto, o jornalismo de música nasce por aí… Até agora, acima de tudo, eu acho que consegui nunca me deixar desencantar pelas novidades. Acho sempre que há magníficas coisas novas a aparecer, magníficos novos projetos que merecem ser descobertos. E diria que no dia em que eu perder a capacidade de me deslumbrar com algo de novo que surja na música, é o dia em que eu deixo o jornalismo de música.

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