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Ana Guiomar sobre regresso à TVI: “Visto sempre a camisola onde quer que esteja”

André Vilar
12 min leitura

Deu-se a conhecer ao grande público em 2003 na mítica série juvenil Morangos com Açúcar. Foi nela que conheceu o amor da sua vida, e a partir dela que se lançou no mercado televisivo. Atriz de televisão, teatro e cinema, Ana Guiomar já “deu uma perninha” à apresentação e nunca esconde a paixão pela culinária. Amante de desafios vive agora mais um, depois de ter deixado a SIC e voltado ao canal que a viu nascer.

A Televisão – A entrada no mundo da representação deu-se muito cedo na sua vida. Sempre foi um sonho ou algo muito bom que acabou por acontecer?
Acabou por acontecer. Em miúda nunca tive ideia nenhuma do que queria fazer, mas dizia sempre que queria ser veterinária ou enfermeira ou astronauta, aquelas ideias normais das criança. Entretanto houve um ano em que chateei muito a minha mãe para me inscrever numa agência e aqui estou. Comecei pela publicidade e depois acabei por um casting para a NBP e entrei nos Morangos. 

E por falar nos Morangos, é inevitável não associar a Ana aos tempos áureos de Morangos com Açúcar. Sente que este projeto da TVI a marcou e irá marcar para todo o sempre?
Vai marcar com toda a certeza! Foi o meu primeiro grande projecto, foi o que me deu todas as oportunidades. Para além de ter aprendido muito, de me divertir muito, guardo-o para sempre no meu coração e na minha memória. Fui muito feliz!

“Acho que é muito difícil fazer novela”

A Ana poderia ser considerada uma mulher dos sete ofícios. No mundo das artes já figurou no teatro, no cinema e em televisão. Qual a mais desafiante para si?
Felizmente, não consigo escolher uma que goste mais. O que quer dizer que sou muito feliz e realizada em todas. Falta-me fazer mais cinema. Não faço tanto como gostaria. Mas acredito que tudo acontece a seu tempo. Em relação à televisão, adoro o ritmo frenético que se vive na ficção em televisão. Acho que é muito difícil fazer novela. Gravamos muitas horas, há cenas muito exigentes e quando vamos para casa ainda há muito trabalho para fazer para o dia seguinte. O teatro tem outros tempos, é um trabalho de grupo muito intenso com toda a equipa. Considero que é como a alta competição: é preciso “treinar o salto” vezes e vezes sem fim e mesmo assim não se descobrem sempre os limites. Acho o teatro um sítio ótimo para nos conhecemos enquanto pessoas e artistas.

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Em 2016 assumiu o comando do Best Bakery (SIC) numa estreia no mundo da apresentação de televisão. Que balanço faz desta experiência?
Guardo-o como uma experiência única. Era um formato que me dizia bastante. Gosto muito de culinária e senti-me sempre uma “apresentadora /espectadora”. Senti-me a guiar o espectador naquele universo e fazia perguntas que eu achava que eles também queriam saber. Gostei muito!

“Não é que não queira apresentar mais coisas, vai depender sempre do formato e da altura da vida em que estou”

Embora tenha recebido bastantes elogios pela sua performance no concurso, a Ana já afirmou publicamente que não é nem quer ser apresentadora. Mantém essa ideia?
Não é que não queira apresentar mais coisas, vai depender sempre do formato e da altura da vida em que estou. Eu adoro falar com pessoas, comunicar… Portanto considero isso uma vantagem, nunca seria um sacrifício. No entanto, artisticamente, não há nada que me preencha mais do que representar. Quando estou algum tempo sem o fazer começo a sentir muita falta, seja televisão ou teatro. Portanto depende do momento em que estou.

Antes de o público da SIC descobrir o gosto que tem pela culinária, já o público geral tinha ficado a par deste lado da sua vida através do site e conta no Instagram Mãe, já não tenho sopa. Sempre foi interessada pelo mundo da culinária? Como nasceu a ideia para este projeto?
O meu sítio preferido sempre foram as cozinhas das casas. Até os trabalhos da escola me lembro de fazer na cozinha, enquanto a minha avó fazia a sopa para o jantar. Habituei-me a ver cozinhar e, desde muito miúda, achava que era tão natural que também queria experimentar. Dei por mim a testar coisas logo com 7 anos e nunca mais parei.
O projecto Mãe Já Não Tenho Sopa nasce de uma vontade em passar esta mensagem às pessoas: que a cozinha não é nenhum bicho de sete cabeças, que não nos prende assim tanto tempo e que nos faz ter uma noção completa daquilo que consumimos e comemos. É uma partilha e troca de ideias muito interessante.

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Voltando à ficção: recentemente integrou o elenco de Golpe de Sorte, a série que devolveu à SIC a liderança no horário nobre. Qual acredita terem sido os principais motivos para esta conquista de público por parte da SIC?
Em relação às audiências não posso dar opinião ou tentar adivinhar fórmulas, porque não é de todo a minha especialidade ou função. Nós atores fazemos sempre com o mesmo empenho e profissionalismo as histórias que nos são propostas.
Gostei imenso de fazer o Golpe de Sorte! Era um elenco incrível e com uma história que agarrava o público pela identificação do mesmo com os personagens. As várias faixas etárias dos atores do elenco e o facto de a história, quando arranca o dispositivo, ser um acontecimento feliz (quando a personagem da Maria João Abreu ganha o Euromilhões), acho que prendeu logo os espectadores. Deu muita vontade de acompanhar a vida dos personagens e fez-nos pensar como seria a nossa vida se fosse connosco.

Todos os domingos à noite também é possível ver a Ana na série humorística Desliga a Televisão, na RTP1. Como é que foi a experiência de satirizar um universo do qual faz parte?
Amei fazer esta série. Primeiro porque não é de todo um formato que se faça muitas vezes. O elenco era incrível, trabalhei com muita gente que via na televisão em miúda. Poder fazer isto e brincar com eles foi um sonho. Não me levo nada a sério e acho que a sátira, quando é bem escrita e feita a sério, é muito interessante. Sinto que isso aconteceu em pleno. É humor puro e duro.

A Ana é constantemente notícia, tanto pelos seus projetos, como pelas suas publicações nas redes sociais, e até protagonizou (sem querer) algumas das últimas ‘polémicas’ cor-de-rosa. Acredita que as redes sociais podem ser benéficas numa relação mais próxima entre artistas e fãs?
As redes sociais para mim, hoje em dia, são o meu espaço, o meu canto onde entra quem me segue. É ali que comunico aquilo que quero e até a forma como quero que as pessoas que me seguem me vejam. Posso comunicar o meu trabalho, os meus gostos pessoais, ser eu. Gosto muito que seja uma relação próxima, só assim faz sentido. Acho que sim é, sem dúvida, um benefício. Consigo logo perceber a reacção das pessoas e isso é muito bom. As polémicas a mim não me assustam ou fazem perder muito tempo. Vivemos numa era em que cada um interpreta as coisas como quer ou como lhe dá mais jeito, portanto nunca vou deixar de ser eu nas minhas redes.

“Eu não tenho nem nunca tive contrato com nenhum canal de televisão. Analiso projecto a projecto e decido o meu percurso consoante as propostas que me são feitas”

Uma das vezes em que foi notícia, recentemente, foi devido à sua transferência inesperada da SIC para a TVI. E muitos questionaram o facto de o fazer agora que o terceiro canal havia roubado a liderança à TVI. Tal facto não a assustou? O que motivou a mudança?
Eu não tenho nem nunca tive contrato com nenhum canal de televisão. Analiso projecto a projecto e decido o meu percurso consoante as propostas que me são feitas e o que é melhor ou não para mim naquele momento. Há desafios que nos apetece agarrar ou coisas que naquele momento me fazem sentido fazer. Quando faço e aceito dou o meu melhor e visto sempre a camisola onde quer que esteja. Este sempre foi o meu lema.

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Agora o público pode ver a Ana, de segunda a sexta-feira, ao final da tarde, na TVI no Ver P’ra Crer. Como tem sido esta experiência ao lado de Pedro Fernandes e Rita Salema.
Tenho-me divertido muito. Reencontrar a Rita Salema foi muito bom. Como se costuma dizer: tinha saudades dela e não sabia. Gosto muito de pessoas que não se levam a sério, que são práticas, justas e profissionais. Acordo muito bem disposta e cheia de vontade de ir para estúdio gravar. O Pedro gosto sempre de o reencontrar, é muito divertido.

A Ana também fez dobragens para alguns filmes. Vamos a um desafio para terminar esta entrevista? O trio Diogo-Ana-Bart é um dos mais famosos, tanto da televisão como da internet em Portugal. Já muito se falou sobre o que a Ana e o Diogo acham um do outro e do Bart, mas nunca soubemos o que pensa o Bart do seu casal de donos. Se tivesse de dobrar a voz do Bart para um filme sobre vocês os três, o que diria o vosso cão?
O Bart para quem não sabe fala e tem até uma série no YouTube chamada Eu Tenho um Cão de Estimação, podem espreitar que vale muito a pena. Se ele falasse sobre o seu dia-a-dia não tenho dúvidas nenhumas que diria que era muito feliz. Dizia “sou um puto muito mimado”.