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A Entrevista – Vera Fischer

Diana Casanova
6 min leitura

Vera Fischer interpreta Haidée em Assédio, a nova minissérie da Globo Portugal. Com uma personagem que começou pequena, mas foi crescendo no decorrer da trama de Maria Camarg, a veterana atriz revela um pouco mais desta história que está a marcar a televisão brasileira.

Leia em seguida, A Entrevista a Vera Fischer.


Qual é o tema retratado na minissérie ‘Assédio’?

É uma minissérie livremente inspirada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”. Retrata a vida de uma pessoa doente, perigosa e muito agressiva.

Como surgiu o convite para interpretar Haidée?

A autora, Maria Camargo, convidou para fazer o papel, dizendo que era um papel pequeno, mas muito importante que acabou crescendo durante as gravações e tornou-se muito importante para trama.

Fale um pouco sobre a sua personagem.

Haidée é uma apresentadora de TV muito popular, que adora a sua plateia, ri muito, usa roupas e joias caras e é extremamente carismática. Muito amiga de Roger (Antonio Calloni), ele sempre era convidado para os programas da apresentadora e ele a convidava para as festas em sua casa.

Como analisa o percurso do médico Roger Sadala na trama? Acredita que as atitudes dele indicam uma doença ou um desvio de comportamento?

No início não. Ele era simpático. Falava bem, alto e tinha boa aparência. Mas depois ele revela quem ele é. É um desvio de comportamento sim, sem dúvidas.

Sentiu necessidade de se preparar emocionalmente para este papel? Qual foi o maior desafio?

A minha personagem não é uma vítima, de modo que não precisei estudar as vítimas. Haidée é amiga de Roger, mas não deixei de sentir aquela angústia ao pensar em todas aquelas mulheres violentadas. Não pude levar isso para o meu papel, mas também não posso deixar de sentir ou de solidarizar com essas personagens que foram vítimas. No atual momento em que vivemos no mundo esse debate é crucial.

Como a parceria com o elenco em cena colaborou para o resultado do trabalho?

Todos levam esse trabalho muito a sério. Os atores, os figurantes e a técnica. Acho que é uma série incrível. É sempre muito gostoso gravar, ainda mais com um time desse e com a direção de mulheres com essa força.

Como é trabalhar com a Amora Mautner, diretora artística dessa série?

A Amora é uma diretora que sabe o que quer, além de ser um amor comigo e com todos. Tenho verdadeira paixão e imensa admiração pelo trabalho dela! Tem pulso firme e dirige todos com muita disciplina. Eu já havia sido dirigida por ela em outra novela, mas faz um certo tempo. A memória afetiva da época é uma verdadeira delícia. Ela é um amor. Me abraça, me diz coisas carinhosas e eu me sinto muito importante. É um momento muito feliz e ela mexe comigo de uma forma boa. Retira o melhor de mim.

Houve alguma cena ou situação nos bastidores que tenha mexido com você ou exigido muita concentração?

Na verdade, não. Enquanto a equipe monta a luz, o carrinho, a grua, e os equipamentos todos, nós ficamos conversando sobre tudo.  Até mesmo tentando entender mais sobre Roger. Pobre mesmo é do Calloni. Que sempre diz que leva chutes, arranhões, mordidas e fica com hematomas por conta das cenas de violação. Diz que está todo roxo. Agora, não dá para ficar imune aos momentos de estupro que foram gravados. Fico angustiada só de pensar, mas preciso concentrar no personagem.

Para você, como atriz, existe muita diferença entre fazer novela e série?

Uma novela é diária, dura cerca de oito meses, e uma série leva dois a quatro meses. Gravar novelas é delicioso. Eu adoro, mas gravar séries também é um desafio que me estimula muito. Adoro sempre.

O texto Maria Camargo ajudou você a construir a personagem, a aproximá-la da história?

Sem dúvida! Maria Camargo é um desses génios, uma escritora muito completa e ousada. Mesmo em um papel que não sofre propriamente assédio físico, acho fundamental para a série e não deixo de me emocionar com as histórias. O público vai ficar arrepiado com as maldades do Roger. É tempo de aproveitar para colocar o assunto na pauta. Temos que continuar a reagir contra essa violência.

O público estava com saudades de ver você na TV. Como avalia esse retorno na série?

Na rua e nas redes sociais sempre ouço e leio as pessoas falando “quando você vai voltar para a TV?”. No Instagram então, nem se fala. Estou contente com essa volta e em fazer um papel tão carismático como a Haidée. Afinal de contas, ela era uma mulher muito amada pelo povo. Logo quero voltar a fazer novelas e filmes também. Gosto de gravar, a minha vida é isso. Me sinto pronta para esse retorno. Foram alguns anos me preparando para isso. Pareço uma adolescente empolgada para que tudo dê certo. Estou mergulhando de cabeça e usando as experiências da vida para repetir os acertos e evitar os erros. Volto para ficar.


Assédio estreou na passada semana e é transmitida de segunda a sexta às 23h20. A não perder na Globo Portugal.

Redatora e cronista