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A Entrevista – Tiago Felizardo: «Não seria como sou sem o devido crédito aos “Morangos”»

A Televisão
7 min leitura

Depois da aventura nos Estados Unidos, Tiago Felizardo regressou a Portugal a convite da TVI para integrar o elenco de Santa Bárbara. Na novela, que já vai na segunda temporada, dá vida a Manuel Neves, um personagem que tem vindo a ganhar novos contornos ao longo da história.

Estiveste quatro anos em Nova Iorque, três anos em Los Angeles e em 2015 regressaste a Portugal. Como descreves a experiência nos Estados Unidos?

Nem sei por onde começar. Acho que seria difícil, senão mesmo impossível pôr em palavras e sumarizar tudo o que aconteceu nos últimos anos. Foi extremamente enriquecedora tanto a nível pessoal como profissional e que fez de mim a pessoa que sou hoje. Nem tudo foi um mar de rosas, pelo contrário até, mas estou grato por cada momento, e espero poder continuar a dizer isto por muitos mais anos.

Sair da zona de conforto é algo que te estimula?

No meu caso, estar fora da zona de conforto é quase «uma fórmula» para ser constantemente estimulado e continuar a evoluir e a aprender. Acho que boas coisas acontecem quando por vezes nos encontramos fora de pé.

O quão difícil é estar longe da família e dos amigos?

Essa é sem dúvida a parte mais difícil. Sou muito ligado à minha família e as saudades são constantes, mas felizmente estou rodeado de pessoas de quem gosto muito e que me conferem uma base emocional bastante estável. À parte disto, o FaceTime e o Skype são um luxo imprescindível no meu dia a dia.

Vieste agora durante um tempo matar as saudades, graças ao convite da TVI para participares na novela Santa Bárbara. O que é que te motivou a regressares a casa e aceitares o convite?

Tudo. Já tinha havido outras oportunidades de regressar mas pelas mais variadas razões não se concretizaram. Passei muito tempo fora, e o meu objetivo sempre foi, e continua a ser, conciliar o trabalho nos Estados Unidos e em Portugal. Resido nos EUA mas quero continuar a trabalhar em Portugal, que é o «meu» país. Desta vez, tudo se alinhou para que tal acontecesse. E não havia como dizer que não com um personagem como este!

Achas que a aventura nos EUA, nos últimos oito anos, te ajudou de uma forma positiva nesta nova novela?

Acho que acima de tudo somos pessoas e não robôs e todas as experiências, todas a vivências por que passamos nos moldam enquanto seres humanos. E só somos atores depois de sermos humanos. E tudo isso se reflecte e se traduz no trabalho, direta ou indiretamente. Conhecimento seja profissional ou pessoal sem dúvida que influencia o modo como trabalhamos, e nesse aspeto, posso dizer que me inspirou a ter uma visão diferente da que talvez teria se não tivesse estudado, trabalhado e vivido fora.

Manuel Neves, professor primário em Santa Bárbara. Fala-me sobre este personagem, sobre este desafio.

No fundo tive o privilégio de interpretar dois personagens completamente opostos. O Manuel Neves, professor primário em Santa Bárbara, nada tem a ver com o Manuel Neves da segunda fase que começou agora a passar na televisão, e esse sim foi o maior desafio. Que em comum apenas têm um profundo desequilíbrio e que acabam por lidar com isso de maneiras bastante diferentes. Na segunda fase, o Manuel, apesar de completamente desajustado, passa para um registo distinto e que deixará as pessoas à sua volta num desespero permanente.

O Manuel da primeira fase era tímido e reservado. Como é o Tiago Felizardo?

Todos trazemos um pouco de nós às personagens que criamos, e apesar de pessoalmente me considerar uma pessoa calma e ponderada não me revejo no Manuel, mas soube certamente onde ir buscar essa timidez e essa barreira emocional que ele impõe. Mas tal como já referi, a timidez e as reservas ficam à porta nesta nova fase que se segue!

Santa Bárbara correspondeu às tuas expetativas?

Não só correspondeu como superou. Foi um luxo estar rodeado de um elenco incrível e uma equipa técnica magnífica. O balanço desta experiência foi bastante positivo e não a trocaria por nada.

Foi nos Morangos com Açúcar que começaste a ganhar visibilidade junto do público. Que impacto é que a série teve na tua vida?

Foi um ponto de viragem na minha vida. Foi nos Morangos que descobri a minha paixão pela arte de representar. Os Morangos foram uma escola e um ponto de partida para uma aventura que me tem dado um enorme gozo percorrer. Foi um processo de aprendizagem intensivo, fiz amizades para a vida e cruzei-me com profissionais de quem gosto muito e que continuam a acreditar no meu trabalho hoje em dia. Sem dúvida que não estaria onde estou, e não seria como sou sem o devido crédito aos Morangos – e por tal, estou bastante grato.

O que se segue agora na tua carreira?

Terminei uma produção no dia 13 de março da peça The Motherfu*ker with the Hat de Stephen Adly Guirgis no Teatro do Bairro com a Matilde Mello Breyner, Salvador Nery, Tiago Fernandes e Ana Baptista; dirigida pelo John Frey e neste momento já me encontro em solo americano. Quanto ao futuro não sei, neste momento estou aqui, mas decerto que em breve tudo se voltará a alinhar e regressarei a Portugal para novos projetos.

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