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A Entrevista – Miguel Rocha Vieira

A Televisão
8 min leitura

Destaque2 Miguel%2520Rocha%2520Vieira A Entrevista - Miguel Rocha Vieira

Foi com o programa MasterChef Portugal, da TVI, que Miguel Rocha Vieira se tornou conhecido do grande público, mas o seu percurso profissional já conta com uma estrela Michelin. Ele é o chef executivo do restaurante Costes, em Budapeste, que pelo sexto ano consecutivo detém uma estrela. Feliz com o reconhecimento, partilha o triunfo com os elementos da sua equipa, onde está integrado o jovem português Filipe, um dos concorrentes da primeira edição de MasterChef que Miguel decidiu levar para Budapeste.

1 A Entrevista - Miguel Rocha Vieira

A segunda edição do MasterChef acabou de sair do forno. Quais são as expetativas?

As expetativas são sempre as mais elevadas. Temos pela frente um grande programa de televisão. O nível dos concorrentes, como vocês já viram, também está mais elevado. Vêm mais preparados, como é óbvio, porque já viram a primeira temporada.

Não há candidatos que tenham sido escolhidos mais pelo carisma que transmitem em televisão do que propriamente pelo talento?

Pela parte que me toca, não. Os quinze que aqui estão sabem perfeitamente cozinhar e qualquer um deles teria lugar na maior parte dos restaurantes deste país.

Na primeira fase do casting, muitos concorrentes acusaram a produção de haver manipulação. Houve também uma polémica relativamente a um concorrente que comprou um bolo feito e passou à fase seguinte. Como é que vocês reagiram a estas situações?

Não há ninguém no programa que não tenha cozinhado, porque na cozinha de preparação esses cinquenta cozinham à nossa frente. Portanto, aí ninguém nos pode enganar. Tu vais a um casting, podes levar um bolo feito, passas à fase seguinte, mas no programa não entras de certeza absoluta se não souberes cozinhar. Em relação à crítica, os pratos que foram levados até ao Estádio Nacional do Jamor são feitos em casa. 30 chefes convidados provaram e fizeram uma pré-seleção dos 60, e esses 60 nós provámos.

Portanto, nega qualquer tipo de manipulação por parte da produção.

Não faz qualquer sentido. Obviamente, quando há tantas pessoas que concorrem a uma coisa, há pessoas que não entendem porque é que foram eliminadas.

Relativamente à vencedora do ano passado, a Rita Neto, está satisfeito com o percurso dela?

Sim, a Rita ainda está em Madrid, no Cordon Bleu. Está contentíssima. Mudou-lhe a vida, é um facto. Vamos ver como é que ela aproveita esta oportunidade. Tem as ferramentas todas para ter uma carreira de sucesso, só depende dela.

O Filipe Neves foi convidado por si para estagiar no restaurante Costes. Portou-se bem ao longo de todos estes meses?

Oferecemos-lhe um estágio de três meses quando acabou o programa. No final desses três meses, falámos. Eu estava contente com ele, ele estava contente em Budapeste. Fizemos um contrato e faz parte da equipa.

Portanto, o MasterChef é a prova que daqui saem grandes talentos.

Muda a vida das pessoas, inclusive a minha mudou. Só de fazeres parte deste programa e de estares nesses quinze finalistas, muda-te a vida só por si mesmo. E agora depende de cada um, se sabem aproveitar isso ou não. O Filipe aproveitou bem.

No primeiro episódio da segunda temporada, houve um rapaz de 18 anos que não passou, mas o Miguel falou com ele e dispôs-se a ajudá-lo mais tarde.

O Afonso acho que nos tocou a todos. Eu tinha 24 anos e não sabia o que é que queria fazer. Ele desde os oito que sabe que quer ser chefe de cozinha. Se pudemos dar um empurrão, porque não?

É engraçado vermos esse seu lado de estender a mão. Não é só o lado durão.

Sou eu mesmo. Eu cheguei onde cheguei porque trabalhei com pessoas que me ajudaram a progredir. Às vezes podes ter o talento, mas falta-te esse empurrão.

Ao longo do programa foi muitas vezes criticado pela sua postura dura e arrogante. Este ano vai ser diferente?

A minha postura é a de mim próprio. Não há nenhum personagem ali, é o Miguel Rocha Vieira. É assim que eu lido e que eu trabalho com os meus colaboradores.

Essa postura não é o reflexo da importância e do rigor na cozinha?

Claro que sim. Não há ninguém, em nenhuma profissão, que vença ou que vingue sem rigor e sem disciplina.

Sente-se confortável no papel de jurado?

Este ano mais que no ano passado. O ano passado era completamente um mundo novo (e ainda é), mas sinto-me mais à vontade – com os meus colegas, com a equipa… Somos uma pequena família.

E a cumplicidade com os outros membros do júri, vai aumentando?

Sempre tivemos uma empatia desde o princípio. Uma das chaves do sucesso deste programa é justamente essa. Claro que já nos tornámos mais que companheiros de trabalho, somos amigos.

O programa vai continuar a apostar na gastronomia portuguesa?

Sim, e não só, até porque temos alguns concorrentes estrangeiros. Tentamos não só a gastronomia portuguesa, mas também o MasterChef tem que ter noções de gastronomias de outros países e de outras culturas. E o programa este ano engloba mais isso.

A primeira temporada foi um sucesso de audiências. Preocupa-se com as audiências?

O importante é fazer um bom trabalho. A partir do momento em que deixamos de gravar e vamos para casa, já não está nas nossas mãos. Não me preocupo muito. Eu sou cozinheiro, e isto não é a minha profissão. Eu preocupo-me com as pessoas que vão ao meu restaurante, que saiam contentes com o que comeram. Agora aqui fazemos o melhor que podemos. Se as audiências são boas, ótimo.

Se for convidado para uma terceira temporada, aceita?

Ainda é muito cedo. Mas acho que não faz sentido teres um programa vencedor (e este tudo indica que o será) e, bom, em equipa que ganha não se mexe. É uma fórmula vencedora, porquê mudá-la?

Se houver mudanças…

É um risco que tanto a produtora como o canal de televisão têm de saber se querem tomar ou não. Se o convite for feito, falaremos quando chegar a altura.

Brevemente, o Shark Tank vai competir diretamente com o MasterChef. Há receio de ter a liderança abalada?

Nenhum. Eu não sou ninguém para falar de televisão, porque não é a minha praia. Mas quer dizer, começa mais tarde, é noutro canal, uma coisa totalmente diferente. Nem sei se haverá público em Portugal para esse tipo de programas.

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