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A Entrevista – José Pedro Vasconcelos | Agora Nós

A Televisão
7 min leitura

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Que balanço fazes destes meses no Agora Nós?

Aprendemos todos os dias um bocadinho e tentamos formatar aqui um programa diferente. Tentamos que as manhãs da RTP sejam diferentes, sejam mais positivas do que a nossa concorrência. E acho que estamos a chegar às pessoas. Obviamente que estamos num mercado de hábitos, o chamado daytime (a televisão durante o dia). As pessoas habitualmente já ligam a sua própria televisão naquele canal e raramente espreitam o que é que a concorrência está a dar. Estamos numa missiva que nós internamente chamamos o «porta-a-porta». Felizmente têm sido várias portas a abrir-se para o Agora Nós e isso deixa-nos, enquanto equipa, muito satisfeitos.

E trabalhar com a Tânia, como é que tem sido?

É outro enorme privilégio e é uma enorme escola, porque a Tânia tem um saber fazer (ou know-how) das manhãs e do daytime que eu não tinha. E portanto, tenho aprendido bastante e ao mesmo tempo é muito fácil porque quando se trabalha com pessoas educadas, bem formadas, grandes profissionais, tudo é muito mais fácil.

A Tânia também é cheia de genica, tal como tu. Como é que canalizam toda essa energia?

Nós temos espaços onde podemos brincar, temos espaços onde até nos é dada liberdade total para fazermos o que queremos (que é o caso da «Flor de Sal»). A nossa energia é controlada pela nossa capacidade de trabalho e pelos profissionais que somos. Sabemos à partida o que é que podemos ou não podemos fazer em determinado momento. Claro que quando acontecem coisas que não estão programadas, às vezes sai uma gargalhada que não estávamos à espera. Televisão, independentemente de tudo o resto, é também entretenimento. Nós também estamos aqui para entreter as pessoas num horário que é sobretudo um horário que as pessoas não estão a ver televisão. Têm a televisão ligada, mas estão a ouvir televisão. Portanto, há aqui quase uma componente radiofónica do nosso trabalho.

Houve um episódio muito engraçado, que por acaso assisti em direto. Uma senhora que ligou e disse «Ai, não é o João Baião. Mas eu preferia o João Baião». O João e a Tânia eram uma dupla muito forte. Achas que não foste bem recebido pelo público?

Nós [eu e o João Baião] temos distintamente dois percursos completamente diferentes. Somos ambos profissionais de televisão há muitos anos, ele com mais anos que eu. Mas também somos os dois atores, também passámos pelos mesmos teatros. Temos dois percursos paralelos que nunca se cruzaram, e cruzámo-nos através da Tânia. Mas não, não há comparação. Não sinto isso, nem esse peso. Somos uma outra dupla. Estas são umas novas manhãs!

O facto de seres ator e humorista dá-te uma maior capacidade de improviso para este tipo de programas?

A minha formação é como ator e claro que ajuda. Mas a capacidade de improviso não significa que o improviso seja bom. Muitas vezes damos tiros nos pés. Mas como fazemos todos os dias, uns dias acertamos, outros dias não acertamos. Como todos os profissionais em todas as áreas, a nossa é mais complicada porque é muito visível quando falhamos. Nós apercebemo-nos, lá em casa também, mas depois temos o crédito de as pessoas gostarem de nós. O direto tem essa grande vantagem, é como a vida: não se volta atrás.

Em 2014 recebemos a notícia de que o 5 Para a Meia-Noite não iria regressar mais, mas isso não aconteceu…

O 5 nunca acabou. Desde a sua formatação, o 5 é um programa como os fungos: aparece, desaparece, aparece quando faz falta, aparece quando é preciso comunicar do ponto de vista estratégico para a RTP (com determinados públicos).

Na TVI fizeste reality shows. Achas que seria possível na RTP um programa desse género?

Olha, adorei ter trabalho com a Júlia Pinheiro. Foi uma pessoa fundamental, que me ensinou e que me incentivou sobre a batuta do José Eduardo Moniz, da Gabriela Sobral, da Endemol… Há um naipe de pessoas que me ajudaram a fazer uma apresentação que eu não sabia fazer.

Foi uma escola, portanto.

Não sei se foi uma escola, mas foi um lançamento em direto para um programa que era visto por milhões de pessoas. Isso é uma enorme responsabilidade e dá-te uma coisa que é «músculo», dá-te uma rapidez de raciocínio. Tens que ser rápido, não te podes enganar. Tens fazer uma coisa que é fundamental em televisão que é tentar não te enganares no teu português. Eu gostei imenso [da Quinta das Celebridades], sobretudo porque era uma coisa dentro de uma quinta, com animais e celebridades. Portanto, os reality shows ainda não tinham chegado onde chegaram hoje. Obviamente que dentro da RTP, enquanto serviço público, não há espaço para reality shows. A antena, as 24h do dia, não nos servem para cumprirmos aquilo que é o serviço público, aquilo que é esperado do serviço público. O dia é curto para tantas obrigações que temos. Logo, não faria sentido nenhum a RTP enveredar por aí. Mas eu trabalho no -2, que é o estúdio; quem manda trabalha lá em cima no quinto piso… e isso é uma pergunta boa para o quinto piso.

eduardo.lopes@atelevisao.com

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